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Brasileiros testam plantio de café naturalmente descafeinado

Por| Editado por Luciana Zaramela | 19 de Junho de 2023 às 14h32

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Nuchylee/Envato
Nuchylee/Envato

A produção de café descafeinado pode ser completamente revolucionada nos próximos anos e, se tudo der certo, a origem da revolução será brasileira. No momento, pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) testam o plantio dos primeiros pés de café naturalmente sem cafeína.

"Os resultados que tivemos até agora parecem promissores", afirma Julio Cesar Mistro, cientista do IAC e um dos responsáveis pelo projeto do pé de café descafeinado, para a agência de notícias Reuters. "Estamos otimistas", acrescenta sobre a possibilidade de simplificar a produção do café sem cafeína em todo o mundo.

Segundo o Governo de São Paulo, que financia o IAC, os resultados sobre a pesquisa devem ser compartilhados nos próximos dois ou três anos, quando as plantas começarem a produzir os primeiros grãos descafeinados, direto da terra. Nesse momento da primeira safra, "os cientistas do IAC passarão a avaliar se o café naturalmente descafeinado poderá ser produzido em escala comercial", pontua a nota.

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Como é feito o café descafeinado?

O consumo de café descafeinado já é estabelecido em alguns mercados, como nos Estados Unidos e em alguns países da Europa. Nesta versão, a bebida tem o mesmo sabor e consistência, mas não provoca o efeito estimulante associado à cafeína. Com isso, as alterações fisiológicas comuns para quem toma muitas xícaras da versão tradicional da bebida, como ansiedade, nervosismo, insônia, ansiedade e até palpitações cardíacas, simplesmente não ocorrem.

No entanto, o processo de extração da cafeína — feito antes da torra dos grãos — tem um custo alto, que é repassado para o mercado. Por exemplo, 500 g de café tradicional embalado a vácuo custa em média 20 a 22 reais nos mercados da cidade de São Paulo. Considerando a mesma marca, a versão sem cafeína também custa cerca de 20 reais, mas em uma embalagem menor, contendo apenas 250 g.

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Para além dos custos da remoção industrial da cafeína, um recente estudo revela o impacto dos produtos usados nesse processo de extração na camada de ozônio. Segundo os autores, as substâncias são bastante nocivas para o meio-ambiente.

Plantio de café naturalmente descafeinado

Para chegar aos pés de café descafeinado em fase de testes, os pesquisadores brasileiros estudaram a questão por anos. Nesse processo, eles cruzaram diferentes qualidades de café arábica com baixíssimos teores de cafeína, obtidas no próprio banco de sementes (germoplasma) do instituto. Este é basicamente um repositório que preserva o material genético de inúmeras espécies, mesmo daquelas culturas em desuso.

Segundo os responsáveis pela pesquisa, os pés de café potencialmente sem cafeína já são plantados em diferentes regiões do Brasil. Só que, por enquanto, o cultivo é um grande experimento para que, no futuro, essa cultura possa ser desenvolvida em larga escala, levando ao mercado um produto único para os amantes de café.

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Fonte: Governo de SP e Reuters