Botânicos identificam origem genética dos "espinhos" em rosas e outras plantas
Por Fidel Forato |

Equipe internacional de botânicos, incluindo membros do Laboratório Cold Spring Harbor (EUA) e do Museu de História Natural de Londres (Inglaterra), rastreou quais mutações genéticas estão ligadas ao surgimento dos “espinhos” em diferentes espécies de plantas, como rosas e alguns tipos de berinjela. Com ferramentas de edição genética, foi possível suprimir essas estruturas.
A origem genética dos “espinhos” está associada a uma família de genes conhecida como LOG em muitas espécies de plantas, com ou sem flores, como aponta o estudo publicado na revista Science. Entre os vegetais, essas estruturas de proteção surgiram há milhões de anos, evoluíram de forma convergente e ainda se mantêm fundamentais em muitos grupos vegetais.
Antes de entender melhor a descoberta, vale mencionar que, apesar do senso popular, as rosas não possuem espinhos verdadeiros, como cactos e arbustos. Na verdade, as suas estruturas são conhecidas cientificamente como acúleos. Estes se formam a partir da derme, de forma semelhante aos fios de cabelo.
Origem genética dos “espinhos”
A pesquisa internacional sobre a origem dos “espinhos” em plantas começou com a comparação entre os genes e as mutações presentes em dois tipos de berinjela: Solanum melongena e Solanum insanum. A primeira é a versão “domesticada” e consumida por humanos, enquanto que a outra é versão “selvagem” e com “espinhos”.
Segundo os autores, a perda das estruturas pontiagudas na versão domesticada da berinjela foi causada por uma mutação em um gene LOG, que sintetiza o hormônio citocinina.
Em seguida, os botânicos buscaram entender se bloquear essa origem genética poderia impedir o nascimento de “espinhos” em outras espécies de plantas, o que foi possível com a ferramenta de edição CRISPR-Cas9 — a mesma técnica é usada na edição de genes em testes de laboratório com células humanas e em algumas terapias genéticas com uso ainda limitado.
Mais de 10 espécies foram afetadas, incluindo as rosas e tipos selvagens de tomates, pela edição. “Esses resultados abrem caminho para a remoção de espinhos em espécies de alimentos e culturas ornamentais, como a rosa, usando a edição de genoma", afirmam os autores, no artigo.