Bolhas gigantes no manto terrestre se movem e mudam de forma com o tempo
Por Daniele Cavalcante • Editado por Patricia Gnipper |
Duas grandes bolhas do manto terrestre, ligadas ao movimento das placas tectônicas do planeta, já mudaram de forma e localização muito mais do que os cientistas imaginavam. Embora ainda não se saiba do que elas são feitas, um novo estudo descobriu que elas já se desintegraram e voltaram a se formar da mesma forma que os continentes na superfície.
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Já faz algum tempo que o comportamento e a própria origem das duas bolhas são tema de debate entre os cientistas. Elas estão no manto, a camada que fica entre a crosta e o núcleo da Terra, e podem ser detectadas pelos dados sísmicos. Prova de sua existência é o fato que elas desaceleram as ondas causadas por terremotos.
Uma das bolhas está abaixo da África, enquanto a outra fica sob o Oceano Pacífico. Elas têm suas “raízes” 2.900 km abaixo da superfície, quase a meio caminho em direção ao núcleo da Terra. Cogita-se que sejam o local de nascimento de plumas ascendentes de rochas quentes que atingem a superfície da Terra, gerando erupções vulcânicas gigantes.
Uma nova pesquisa modelou um bilhão de anos de história geológica para investigar como elas se comportam em passagens de tempo em longa escala, e descobriu que as bolhas se juntam e se separam como continentes e supercontinentes.
Isso contraria a ideia de que as bolhas agiram como âncoras, travadas no lugar por centenas de milhões de anos. Um dos argumentos usados para defender essa hipótese é o padrão de erupções vulcânicas e kimberlito (um grupo mineral composto por voláteis e diversos tipos de rocha, e podem conter diamantes) registradas na superfície da Terra.
Os modelos do novo estudo são baseados na reconstrução dos movimentos das placas tectônicas. As placas se empurram e criam o processo de subducção, no qual a rocha fria no fundo do oceano afunda cada vez mais no manto e, uma vez que atinge uma profundidade de cerca de 2.000 km, empurra as bolhas para o lado.
A nova descoberta revela que, assim como os continentes, as bolhas podem se juntar para formar superbolhas, como é atualmente observado na configuração atual. Além disso, elas podem se desfazer ao longo do tempo. Apesar disso, se encaixam no padrão de erupções vulcânicas e kimberlito — aquele usado como argumento para a tese das bolhas fixas como âncoras.
Pesquisas sobre as duas estruturas ajudam a esclarecer parte da história da evolução da Terra, já que as bolhas podem ser mais densas do que o restante do manto. Em outras palavras, elas podem ser feitas de um material separado do restante nos dias inicias do nosso planeta. Isso explicaria porque a composição mineral da Terra não corresponde aos modelos de formação planetária baseados na composição de meteoritos.
Fonte: The Conversation