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Antiga vida marinha na Terra teria tornado os diamantes mais leves; entenda

Por| Editado por Rafael Rigues | 12 de Abril de 2022 às 21h40

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Mesa Shumacher/Santa Fe Institute
Mesa Shumacher/Santa Fe Institute

Parece que a vida na Terra alterou a composição dos diamantes e outros minerais formados no manto do planeta, abaixo dos 150 km de profundidade. Isso foi o que uma equipe de cientistas descobriu ao analisar kimberlitos trazidos à superfície de 69 lugares diferentes do globo terrestre.

As 161 amostras de kimberlitos usadas na pesquisa têm idades que variam de 12 milhões a 2 bilhões de anos, e foram encontradas em áreas acima das plumas do manto. Essas plumas são parte dos mecanismos que transportam para cima o magma que surge cerca de 3.000 quilômetros abaixo da superfície.

Nesses processos, as rochas ígneas como o kimberlito são trazidas para mais perto da superfície, inclusive por meio de erupções vulcânicas. O Kimberlito é, na verdade, um composto de minerais e é a fonte mais comum de diamantes, criados quando o carbono no interior do manto é espremido e aquecido.

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Existem dois principais tipos de isótopos de carbono envolvidos nesse processo: o C12, com seis prótons mais seis nêutrons, e o C13, com um nêutron a mais. Em geral, na Terra, o C13 compõe apenas cerca de 1% de todo o carbono, mas o mais importante para essa pesquisa é que os organismos vivos dão muito mais preferência ao C12, por ser mais leve.

O padrão encontrado pelos cientistas aponta que os kimberlitos com mais de 250 milhões de anos têm uma proporção maior de C13, em relação às amostras mais jovens. Isso sugere que algum tipo de mudança nos isótopos de carbono ocorreu no passado, provavelmente na superfície.

Sempre reciclado pela Terra, o carbono é trazido do interior e depois levado de volta por subducção quando uma placa continental desliza sob outra e entra em contato com o manto. Mas são necessários cerca de 300 milhões de anos para ir à fronteira entre o manto e o núcleo e voltar para a crosta.

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Em outras palavras, se algo mudou a proporção de isótopos de carbono na superfície da Terra, isso aconteceu cerca de 550 milhões de anos atrás — e isso coincide com a época da Explosão Cambriana, quando a vida no mar proliferou e produziu imensas quantidades de carbono. Lembre-se, a vida prefere o isótopo C12.

Claro que existem outros processos que, talvez, expliquem o aumento da proporção de C12 nos kimberlitos mais jovens, mas as coincidências das datas são muito evidentes para serem ignoradas. Ainda não é possível comprovar, mas os cientistas estão confiantes de que essa é a hipótese mais provável.

Resumindo, a vida se tornou mais abundante na Terra no período Cambriano, cerca de 550 milhões de anos atrás, aumentando a quantidade de C12 no mar. Quando os organismos morreram, levaram para o fundo dos oceanos esse carbono mais leve e, com os movimentos tectônicos, o C12 caiu no manto para fazer parte da produção de kimberlitos.

Se a ideia estiver correta, significa que qualquer kimberlito “fabricado” antes do Cambriano terá maior proporção de C13, enquanto os kimberlitos feitos após esse período terão maior quantidade de C12. Será mais uma evidência de que os seres vivos antigos mudaram a geoquímica do planeta inteiro, apenas por terem existido.

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Fonte: ScienceAdvances; via: Bad Astronomy