Quanto tempo vive o mosquito da dengue? Tudo sobre o Aedes
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •
Conhecido popularmente como mosquito da dengue, o Aedes aegypti é uma espécie de inseto que mede menos de um centímetro na fase adulta, mas é capaz de transmitir muitas doenças. Pode ser facilmente reconhecido pelas listras brancas no dorso e nas patas, bem diferente dos pernilongos.
- Quais as diferenças entre dengue, zika e chikungunya?
- Mosquitos da dengue com bactéria podem resolver surtos no mundo todo
No Brasil e em muitos países do globo, a espécie de mosquito listrado é associada com a proliferação de doenças, especialmente dengue, chikungunya, zika e febre amarela urbana, o que o torna uma ameça à saúde pública.
A seguir, vamos conhecer mais sobre os seus hábitos, comportamentos e origem:
Quanto tempo vive o Aedes aegypti?
Diferente dos humanos que vivem por volta de 75 anos, o Aedes aegypti não tem uma expectativa de vida tão pré-definida, porque o seu ciclo de vida depende da temperatura ambiente e de condições favoráveis.
Em condições ideais, o ciclo de vida do mosquito — ovo, larva, pupa e adulto — pode ser completado entre 7 a 10 dias. No entanto, os ovos podem ficar inertes por até 1 ano, esperando a formação de uma poça de água, de preferência limpa, para eclodirem. Já o mosquito adulto vive de 30 a 45 dias.
Como o mosquito da dengue se reproduz
Após o acasalamento, que ocorre apenas na fase adulta, a fêmea vai precisar de sangue, o que garante o desenvolvimento completo dos ovos e a maturação dos ovários. Em média, são 3 dias de uma dieta hematófaga para a postura dos ovos.
Por vez, a fêmea do mosquito Aedes aegypti pões de 100 a 200 ovos. Ao longo da vida, ela coloca 1,5 mil ovinhos. Se a fêmea estiver infectada por algum vírus neste momento, ela pode transmitir o agente infeccioso para os ovos, e estes já vão nascer contaminados.
Como é a picada do mosquito da dengue
A fêmea somente se alimenta de sangue durante a reprodução, quando pode picar humanos, transmitindo o vírus da dengue e outros patógenos. O risco de picada é maior durante o dia. Fora isso, ela mantém a mesma alimentação do macho: substâncias ricas em açúcar, como néctar e seiva.
Muita gente se pergunta como fica a picada do mosquito da dengue na pele. A verdade é que o inseto não deixa sinais: a pele não fica vermelha no local, não incha e não coça, sendo difícil identificar quando ocorreu a picada.
Focos do mosquito
Está completamente enganado quem pensa que o Aedes aegypti se esconde nas matas. Na verdade, esta é uma espécie de mosquito doméstico e costuma viver dentro ou nos arredores de casas e construções, colocando seus ovos onde existe poças de água parada.
Cabe mencionar que o risco de surtos é alto justamente em áreas urbanas, especialmente quando há ocupação desordenada. Afinal, materiais de construção expostos ao tempo, lixo não coletado e caixas d’água são pontos ideias para a fêmea deixar os ovos, além de vasos de plantas, garrafas vazias e pneus. Então, uma das melhores estratégias de controle é eliminar os criadouros, além do repelente e da vacina contra a dengue.
Mosquito diurno
O mosquito da dengue tem hábitos diurnos. Por isso, é mais comum observá-los no começo do dia e ao entardecer. No entanto, esta é uma espécie oportunista e, dependendo das circunstâncias, o mosquito pode picar à noite. O risco aumenta se a pessoa se aproxima de seu esconderijo, embaixo de móveis ou em paredes internas de casas.
Aedes aegypti voa baixo
De modo geral, o Aedes aegypti voa em alturas mais baixas, próximo ao solo. Devido a esse comportamento, os humanos que não querem ser picados devem sempre proteger os pés, tornozelos e canelas, com sapatos fechados, meias e repelentes.
Mosquito da dengue e calor
Os surtos das doenças transmitidas por este vetor costumam ocorrer no verão ou nos meses próximos a essa estação. Isso porque a elevação das temperaturas e as chuvas aceleram o seu processo de reprodução. Com uma população maior de mosquitos, os casos de dengue costumam aumentar, por exemplo.
Efeito aquecimento global
Em resposta ao aquecimento global, provocado pela ação humana, a tendência é que, cada vez mais, doenças transmitidas por mosquitos se intensifiquem, segundo especialistas. Por exemplo, casos de dengue estão aumentando em toda a Europa, como na França, onde a infecção era rara.
No caso brasileiro,“o aumento da temperatura mundial e o aumento da chuva, causado pelo [fenômeno] El Niño, criam um ambiente mais propício para o mosquito Aedes aegypti”, acrescenta Gustavo B. Propst, biólogo e professor do Colégio Marista Santa Maria.
Origem do mosquito da dengue
Muita gente se pergunta qual o nome do mosquito da dengue. E ele tem tudo a ver com sua origem. Segundo o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), a espécie se originou no Egito, daí o nome: Aedes aegypti. A primeira descrição científica foi feita em 1762.
Aliás, vale informar que, embora o inseto tenha se adaptado tão bem ao Brasil, a espécie é invasora. Existem muitas teorias que explicam a chegada do Aedes aegypti no país. Entre elas, uma das mais aceitas é que o mosquito teria chegado junto aos navios negreiros durante o tráfico internacional de escravos. Desde então, ele tem se proliferado, apesar da histórica erradicação dos anos 1950 e a posterior reintrodução da espécie.
Fonte: IOC, SES-RS e Ministério da Saúde