Ferrari F40 de R$ 14 milhões ficou 10 anos esquecida em estacionamento
Por Eugenio Augusto Brito • Editado por Jones Oliveira |
Você certamente já passou pela situação de esquecer em qual vaga (ou andar) do shopping center esqueceu seu carro, certo? E que tal se esse lapso de memória durar 10 anos? Pior: e se o carro esquecido for uma Ferrari F40, esportivo clássico de 478 cavalos capaz de chegar aos 324 km/h e cotado em R$ 14 milhões?
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Tudo coisa de (tenista) bilionário
Pois foi o que aconteceu com o tenista romeno Ion Tiriac, vencedor de Roland Garros em 1970, mas que depois se deu bem nos negócios. Com fortuna estimada em US$ 2,2 bilhões (mais de R$ 12 bilhões na conversão direta), Tiriac figura na lista de pessoas mais ricas do mundo da Forbes e tem mais de 400 automóveis.
Boa parte dos carros de Tiriac está exposta em um museu de Bucareste, na Romênia. Mas o ex-atleta de 85 anos conta, ao relembrar do início da coleção, o quanto era difícil arranjar um lugar para guardar os primeiros carros.
Foi aí que a Ferrari F40 se perdeu
Após uma tentativa frustrada, Tiriac comprou a Ferrari F40 por US$ 700 mil (cerca de R$ 2,18 milhões na cotação atual), quase o dobro do valor de mercado à época.
Como não tinha uma garagem apropriada para o esportivo, o tenista resolveu deixá-lo em um estacionamento de Munique, na Alemanha.
Até que, 10 anos depois, recebeu uma ligação do gerente do estacionamento, cobrando a retirada da Ferrari F40.
Tiriac foi buscar o cupê, mas diz que resolveu vendê-lo imediatamente.
"[Vendi] Primeiro, porque eu não tinha onde guardá-lo, esqueci dele por 10 anos. E também porque, após 10 anos parado, tive de mandá-lo de volta a Maranello [sede da Ferrari] para refazer todo o motor", contou o ex-tenista hoje bilionário.
Apesar disso, Tiriac teve outros modelos da famosa grife italiana, inclusive uma classuda 400i, que comprou do ex-piloto de Fórmula 1 Jody Scheckter, campeão pela Ferrari em 1979.
Brasil viu só uma Ferrari F40
Lançado em 1987, o cupê F40 foi o último modelo feito pela Ferrari sob a supervisão de Enzo Ferrari. Seu design é icônico, com assinatura do estúdio Pininfarina, trazendo frente baixa e bicuda, cabine recuada e imensa asa traseira quase em ângulo reto, como nos F1 de então.
O carro vem equipado com motor V8 biturbo de 3 litros e câmbio manual de 5 marchas, que gerava 478 cv a 7.000 giros, com torque máximo de 58,8 kgfm a 4.000 rpm. Seu 0-100 km/h levava 4,3 s.
Com apenas 1.311 unidades fabricadas até 1991, teve valores logo inflacionados, como aconteceu com o exemplar comprado por Tiriac. Atualmente, estima-se preço de até US$ 2,5 milhões (R$ 14 milhões) em casas especializadas em modelos clássicos.
Até onde se sabe, apenas uma unidade veio ao Brasil, para ser exposta no Salão do Automóvel de São Paulo de 1990, no estande da Fiat.
Guiada pelo ex-presidente Fernando Collor e por um único jornalista especializado, Bob Sharp, nunca retornou à Itália, uma vez que foi comprada por um colecionador do interior paulista.