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Os carros de antigamente eram mais resistentes a batidas?

Por| Editado por Jones Oliveira | 18 de Fevereiro de 2023 às 08h00

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Grigory_bruev/Envato/CC
Grigory_bruev/Envato/CC

Você provavelmente já conversou com alguém mais velho que, ao se deparar com um acidente e ver o estrago causado nos veículos envolvidos, soltou a seguinte frase: “Antigamente os carros eram mais resistentes. Agora os carros parecem feitos de plástico”.

A verdade é que os carros antigos realmente amassavam menos nas batidas, mas, nem por isso, eram mais seguros. Não entendeu? Sem problemas. Vamos explicar o porquê de os carros atuais, apesar de praticamente “desmancharem” quando se envolvem em acidentes mais fortes, são muito menos perigosos para o bem-estar dos ocupantes.

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A explicação para esse “fenômeno” é simples e tem como alicerce dois pontos fundamentais: a evolução da tecnologia envolvida na fabricação dos carros e em seus itens de segurança e a mudança de prioridade dos engenheiros no processo de produção.

Carros eram a preocupação antigamente

De uma maneira bem objetiva, dá para afirmar que a principal razão pela qual os carros de antigamente eram mais resistentes a batidas do que os atuais é porque a preocupação principal dos engenheiros das montadoras era com os carros e não com as pessoas que estavam dentro deles.

Pode parecer estranho, mas é exatamente isso. Os carros de antigamente eram construídos com materiais muito mais resistentes, com chapas de aço mais espessas e para-choques de metal.

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O capô, por exemplo, era tão rígido que, em determinadas situações, saia voando inteiro, como uma guilhotina. E isso chegou a causar acidentes gravíssimos, nos quais ocorreu até mesmo a decapitação do motorista.

Ocupantes são prioridade hoje

Atualmente, a preocupação é focada no motorista e demais ocupantes do veículo. Por conta disso, os carros foram, efetivamente, “projetados para amassar”. Paulo Morassi, gerente da área de Segurança Veicular da Volkswagen, conversou com a reportagem do Canaltech logo depois de realizar um crash test com um Taos.

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O executivo esclareceu que o luxuoso SUV não ficou completamente destruído à toa, ou porque “é feito de plástico”. A explicação é puramente científica: “O carro é feito para deformar todo na frente, para que não haja danos no habitáculo e os ocupantes não tenham que absorver o impacto”.

Para ajudar a preservar a saúde e a vida dos ocupantes, foram criadas camadas dentro do carro, definidas pelos engenheiros como zonas de deformação programada e zonas de proteção.

A ideia é que o capô e os para-lamas, por exemplo, sofram uma maior deformação para absorver o impacto. As travessas que sustentam o motor também não podem ser rígidas e têm de absorver energia para, desta forma, impedir que os efeitos cheguem aos ocupantes.

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O aço utilizado na construção das colunas (A, B e C), por sua vez, pode e deve ser mais resistente para executar um papel de proteção caso o carro sofra uma batida na lateral ou acabe envolvido em capotamentos. Desta forma, garantirá que os ocupantes da cabine recebam pouco ou nenhum impacto externo.

No crash test realizado pela Volkswagen e assistido ao vivo pela reportagem do Canaltech, os ocupantes, que no caso foram os dummies (bonecos), “saíram sem lesões” após a pancada, como esclareceu o executivo da marca.

“Tudo funcionou conforme projetado. O motorista está com o tórax laranja, o que é aceitável. As crianças estão com os pontos de impacto todos verdes, o que é um nível muito bom”, comentou, mostrando o resultado dos sensores computadorizados.

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Teste nos EUA comparou resultados das batidas

O IIHS (Insurance Institute for Highway Safety) realizou, em 2016 um teste comparativo entre um carro de antigamente e um modelo mais novo, já projetado e desenvolvido com as novas tecnologias e voltado para a segurança dos ocupantes em caso de batidas. E a conclusão foi óbvia.

Ao colocar um Malibu 2009 e um Bel Air 1959, ambos da Chevrolet, em rota de colisão, e fazê-los acelerar ao mesmo tempo a uma velocidade de 40 km/h até o impacto, o resultado foi o esperado: o Bel Air 1959 não ofereceu nenhuma proteção aos ocupantes, e até mesmo uma roda chegou a invadir a cabine, enquanto a carroceria do Malibu ficou mais deformada, absorvendo os efeitos da batida.

O teste realizado pela IIHS esclareceu, de uma vez por todas, que os carros de antigamente eram, sim, mais resistentes às batidas por conta dos materiais utilizados em sua fabricação, mas que os de hoje são muito mais seguros e preparados para dar conta da função que realmente importa: proteger a vida de quem está dentro do carro.

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