Menos de um terço das empresas trata dados corretamente no Brasil, diz estudo
Por Márcio Padrão • Editado por Claudio Yuge |
A Dell apresentou nesta quarta-feira (25) os resultados de um estudo encomendado pela empresa sobre o uso de dados nas empresas de vários países, incluindo o Brasil. Segundo o levantamento, realizado pela consultoria Forrester, cerca de 73% das empresas no nosso país dizem ter negócios data driven (orientados por dados), mas só 28% consideram o tratamento de dados uma prioridade.
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O que isso quer dizer? Que menos de um terço das empresas ouvidas conseguem de fato transformar os dados que possuem em insights, isto é, informações relevantes para o negócio. Globalmente, esses percentuais são de 66% de empresas que se dizem orientadas por dados, e 21% que realmente priorizam isso — ou seja, estamos um pouco melhor que a média mundial. A Forrester entrevistou 4.036 executivos responsáveis por estratégias e gastos com dados em 45 países.
Outras conclusões sobre a realidade brasileira preocupam porque mostram ainda uma certa imaturidade dos negócios sobre o poder dos dados:
- Em uma escala de menos para mais orientada por dados, a maioria (47%) ainda se encontra na fase de "novatas", 18% se posicionam como "entusiastas" e 12% como "técnicas";
- Só 23% das empresas entrevistadas foram classificadas como "campeãs de dados", ou seja, tem as melhores práticas na análise e tratamento das informações. Mas o número brasileiro é quase o dobro da média mundial, de 12%;
- 80% das empresas ainda estão lidando com alguma barreira para capturar, usar e analisar os dados;
- Só 20% migrou a maioria de suas aplicações e infraestrutura para um modelo como serviço, isto é, terceiriza o trabalho de tratamento de dados com outra empresa, responsável por tudo (programa, servidores, nuvem etc.) e pagando pelo período de uso;
- 47% delas diz que ainda não concluiu seu próprio plano de transformação digital;
- Seis de cada dez empresas dizem que não conseuem tirar insights por falta de conhecimento de ciência de dados dentro da companhia;
- Só uma em cada quatro delas está ativamente recrutando cientistas de dados e desenvolvedores de software;
- 58% afirmam que armazenam uma quantidade significativa de dados em servidores próprios e vão na contramão da tendência atual, que é processar os dados na borda, isto é, nos terminais de cada usuário;
- A maioria das companhias (71%) ressalta que a diretoria da organização não apoia de forma ostensiva o uso estratégico da análise de dados.
A Dell interpretou os resultados como um paradoxo na atual gestão de dados no Brasil, pois ao mesmo tempo que 76% das empresas no Brasil dizem que estão coletando dados em uma velocidade mais rápida do que conseguem analisá-los e usá-los, 74% dizem que precisam ainda de mais dados do que já têm.
Isso acontece por uma série de motivos: falta de conhecimento dos líderes, ferramentas adequadas, dificuldade de integração entre diferentes plataformas e riscos associados à privacidade e segurança.
Diego Puerta, gerente geral da Dell no Brasil, diz que a pandemia mostrou que o uso correto dos dados se mostrou uma questão de sobrevivenvcia das empresas. "A demanda aumentou de forma exponencial, mas o discurso vem sendo diferente da prática. Pelo menos a consciência [sobre a importância dos dados] está lá, de que é necessário mudar", diz.
Para tanto, ele aponta que as empresas precisam de bons serviços que funcionem de ponta a ponta, isto é, que cumpram com todas as necessidades das empresas; processos para identificar anomalias dos dados; e mudar a cultura da empresa para entender a importância de trabalhar com informações em tempo real. Mas Puerta também admitiu, ao mostrar o estudo para a imprensa nesta quarta-feira, que o alto câmbio do dólar tem impedido muitas empresas de comprar ou contratar soluções do tipo.
Veja na íntegra o estudo da Forrester para a Dell, ou neste site.