WhatsApp prefere abandonar Reino Unido se tiver que desabilitar criptografia

O WhatsApp prefere ser banido do Reino Unido a desabilitar a criptografia de ponta a ponta. A afirmação veio do Chefe do WhatsApp, Will Cathcart, durante uma visita à Londres para debater um projeto de lei de segurança online com o governo e legisladores britânicos.

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Segundo o jornal The Guardian, a legislação em análise estabelece punições para empresas acusadas de ajudar na disseminação de conteúdo relacionado à exploração sexual e abuso infantil. Aplicativos e redes sociais ficariam encarregados de monitorar e remover tais conteúdos, sob pena até de banimento do território.

No caso do WhatsApp, o projeto de lei obrigaria a aplicação de moderação de conteúdo, como ocorre em redes sociais, o que não seria possível com a existência da criptografia de ponta a ponta. Esse mecanismo de segurança impede que pessoas não autorizadas acessem o conteúdo das conversas, porque embaralha todas as informações; desta forma, nem a empresa, nem autoridades podem saber o que circula pelos servidores.

Como nem mesmo o WhatsApp pode ler as mensagens enviadas na plataforma, seria impossível atender a pedidos de monitoramento e interceptação de mensagens. A política do mensageiro não é flexibilizada para nenhum tipo de crime, nem mesmo de pedofilia, conspiração ou terrorismo.

O que pode acontecer com o WhatsApp no Reino Unido?

Cathcart deve se recusar a cumprir a exigência do governo do Reino Unido e isso pode trazer consequências para o futuro do app. As multas poderiam impactar até 4% do faturamento anual da Meta. Se não pagar as cifras bilionárias, o programa poderia dar adeus ao mercado britânico, um duro golpe para os usuários.

O governo do Reino Unido já consegue exigir a remoção da criptografia graças à lei de poderes de investigação de 2016, mas o WhatsApp nunca recebeu uma demanda legal para fazê-lo. O projeto de lei de segurança online seria uma "expansão preocupante desse poder", na avaliação de Cathcart, porque cria uma "área cinzenta".

"A realidade é que nossos usuários querem segurança. Noventa e oito por cento dos nossos usuários estão fora do Reino Unido. Eles não querem que diminuamos a segurança do produto e, apenas como uma questão direta, seria uma escolha estranha para nós optarmos por diminuir a segurança do produto de uma maneira que afetaria esses 98% dos usuários", justificou Cathcart.

A boa notícia é que os parlamentares parecem estar abertos ao diálogo, então o WhatsApp poderá mostrar seu ponto de vista. O projeto de lei deve passar por uma fase de análise e retornar à votação somente a partir do meio do ano.

Recentemente, o WhatsApp decidiu ajustar sua política de privacidade na União Europeia após dois anos. A rede social precisou ajustar vários pontos para tornar tudo mais claro e benéfico para o usuário, conforme exigência das autoridades europeias.

Fonte: The Guardian