Siri completa 10 anos: conheça a história e a evolução da assistente da Apple
Por Alveni Lisboa • Editado por Douglas Ciriaco | •

Ferramenta de assistente virtual da Apple, a Siri completa 10 anos de vida nesta segunda-feira (4). Criada para ser chamada no feminino, ela adotou tons de voz masculinos nos últimos meses e passou a ter os dois gêneros: o Siri ou a Siri, como você preferir chamar. O fato é que este importante aliado dos usuários do iOS celebra aniversário hoje e o Canaltech preparou um especial com a história e algumas curiosidades sobre ele.
- Como usar a Siri para digitar na Apple TV
- Como programar a Siri para ler notificações em voz alta
- 40 perguntas que você pode fazer à Siri em inglês
Primeira coisa a saber: não, a tecnologia não foi criada do zero pela Apple. A Siri é um projeto desenvolvido originalmente pela SRI International Artificial Intelligence Center, organização fundada em 1966 pela DARPA, nos EUA, e considerada a pioneira no desenvolvimento de "recursos de computador para comportamento inteligente em situações complexas". O app foi pensado para se adaptar à utilização do usuário e entregar respostas baseadas nas suas preferências, hábitos e atitudes recorrentes.
Na época, o Google e a Blackberry estavam em busca de recursos capazes de usar IA para transformar comandos de voz e ações nos celulares, mas negociações não chegaram a evoluir. Além de proporcionar facilidade para o usuário regular, a adição possibilitaria o uso por pessoas com deficiência visual e para quem tinha dificuldade em lidar com telas de toque, por exemplo.
O mecanismo de reconhecimento de fala foi desenvolvido pela Nuance Communications, com apoio de tecnologias de redes neurais e memória de curto e longo prazo (LSTM). Lá por 2005, quando a tecnologia estava em fase de desenvolvimento, foram contratados dubladores estadunidenses, britânicos e australianos para emprestar suas vozes ao software, mas os profissionais não tinham ideia de qual seria o propósito do trabalho.
De aplicativo ao "coração" do iOS
Foram cerca de cinco anos de ajustes e aprimoramentos para que a aplicação fosse disponibilizada ao público no iOS, o que ocorreu em fevereiro de 2010. A receptividade foi tão positiva que a Apple decidiu adquirir o programa dois meses depois por valores nunca revelados — especula-se algo entre US$ 100 e 200 milhões. Em vez de manter como um aplicativo a parte, a gigante decidiu dar um propósito mais grandioso à simpática ajudante.
Após a compra, a Siri Inc., uma subsidiária da SRI International, tornou-se parte da Maçã. Adam Cheyer, cofundador da antiga companhia, virou diretor de engenharia da divisão com a missão de conduzir esse processo inicial de integração entre o antigo projeto e o ambicioso futuro projetado.
O desembarque no iPhone 4S ocorreu em 4 outubro de 2011 e marcou também o início da nova vida da Siri: a assistente oficial dos telefones. Desde então, ela passou a ser uma parte fundamental do iOS e presente no iPadOS, macOS, watchOS e tvOS, cada qual compatível respectivamente como os dispositivos iPad, Mac/iMac/Macbook, Apple Watch e Apple TV.
No iOS 5 era possível realizar algumas ações bastante limitadas, como configurar lembretes e calendários, redigir uma mensagem de texto ou e-mail, tocar músicas e realizar chamadas. Com alguns toques de aprimoramento, foi possível também interagir com aplicações externas, como Google Maps, MovieTickers e TaxiMagic, algo que abriu as portas para outras companhias fazerem integrações similares.
Evolução até hoje
É bastante notável analisar a evolução da Siri do lançamento até os dias atuais. No início, o reconhecimento era bastante complexo e exigia uma pronúncia muito correta para o funcionamento. Antes de ter uma versão em português, o que só ocorreu em fevereiro de 2015, a única forma de tirar proveito das vantagens do assistente era conversar em inglês, uma missão quase impossível dado o nível limitado de compreensão. Tem até um episódio da série The Big Bang Theory em que o trio de protagonistas, falantes nativos da língua inglesa, não conseguiam fazer a Siri compreender seus comandos:
No iOS 6, a Siri ganhou melhorias notáveis, como suporte a mais três idiomas (italiano, espanhol e mandarim), além de maior nível de integração com o Maps da Apple, o que permitia localizar restaurantes, resultados das equipes de beisebol e futebol, além de ações envolvendo as principais redes sociais da época, como Facebook e Twitter.
Mas foi a partir do iOS 8 que uma das funcionalidades mais bacanas surgiu: a resposta ao comando de voz "Ei, Siri!" e uma nova era de acionamento sem a necessidade de pressionar botões no dispositivo. Foi nesta nova versão também que ela ganhou integração ao app de reconhecimento de músicas Shazam para identificar canções apenas com a gravação de um trecho e a possibilidade de realizar compras no iTunes usando somente a voz.
De lá para cá, novos comandos foram adicionados e a fala robotizada do assistente transformou-se em algo mais natural. Hoje, a Siri fala de forma muito similar a uma pessoa, sem aquelas travadas e frases batidas, com a possibilidade de o próprio usuário criar atalhos em forma de frases ditas.
Curiosidades e polêmicas
- A dubladora Regina Bittar foi a primeira voz da Siri no Brasil. Ela também atuou como dubladora do Google, razão pela qual a voz de ambas se parecem;
- Muitos dos dubladores originais só descobriram que suas vozes foram usadas no Siri quando houve o lançamento para o público;
- A remoção do app da Siri pode ter sido para evitar que outros desenvolvedores fizessem engenharia reversa e usassem a tecnologia para outras finalidades. Prova disso foi quando o desenvolvedor Steven Troughton-Smith conseguiu portá-lo para o iPhone 4, embora sem a capacidade de se comunicar com os servidores da Apple;
- A empresa de capital Mangrove Capital Partners previu que a Apple lançaria o SiriOS em sua conferência de desenvolvedores em 2020 para aumentar o ecossistema. A ideia seria rivalizar com a plataforma Alexa Skills, da Amazon, o que tornaria o assistente mais amigável à integração com apps de terceiros. Embora isso não tenha ocorrido, a Apple oferece o SiriKit para permitir essa integração;
- Uma das coisas mais divertidas de usar o Siri são respostas divertidas para questões mais complicadas, tal qual "Qual é o sentido da vida?" ou "Quer se casar comigo?". No primeiro caso, por exemplo, ela pode dizer que "comer chocolate" é o verdadeiro sentido da vida, enquanto ela se esquiva do pedido de casamento com base no Contrato de Licença de Usuário Final, que não a permitiria se casar;
- A dubladora Regina Bittar foi a primeira voz da Siri no Brasil. Ela também atuou como dubladora do Google, razão pela qual a voz de ambas se parecem;
- Além de respostas engraçadas, ela também pode contar piadas e até fazer beatbox: experimente dizer "Siri, faça um beatbox" e veja como ela manda bem;
- Embora tenha sido apontada como revolucionária, a crítica especializada teve reações bastante medianas para o sistema. Isso era esperado devido à limitada compreensão de fala e aos poucos recursos básicos, o que mudou com o passar do tempo;
- De tempos em tempos, surgem rumores e acusações sobre o uso das gravações do assistente de forma indevida por usuários da Apple. Até hoje, isso nunca foi comprovado.
Será que o saldo da Siri é positivo nesta primeira década de integração ao ecossistema da Apple e ela se sai melhor frente às rivais Alexa e Google Assistente?