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Justiça determina suspensão do Telegram no Brasil

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 26 de Abril de 2023 às 14h55

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Alveni Lisboa/Canaltech
Alveni Lisboa/Canaltech
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A Justiça determinou que as operadoras de telefonia e lojas de apps suspendam acesso e distribuição do Telegram nesta quarta-feira (26) por não fornecer à Polícia Federal (PF) dados completos sobre grupos neonazistas presentes na plataforma suspeitos de planejarem e participarem de ataques em escolas. A medida deve ser cumprida imediatamente.

Na quinta-feira (20), a Justiça Federal ordenou que os Telegram repassasse os dados sobre suspeitos de planejar ataques a escolas. O aplicativo tinha até 24 horas para entregar as informações à PF "por motivo de segurança" e até chegou a fornecer parte dos dados solicitados na sexta (21), mas ainda não havia revelado os números de telefone dos participantes.

De acordo com a Diretoria de Inteligência da PF, as operadoras Vivo, Oi e Tim receberão o ofício sobre a suspensão da plataforma. O Google e a Apple, proprietárias da Play Store e da App Store, respectivamente, também serão notificados ainda nesta tarde.

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Neonazistas e ataques a escolas

A investigação da Polícia Federal sobre o ataque a uma escola em Aracruz (ES), em novembro de 2022, descobriu que o responsável pela ação tinha envolvimento com grupos antissemitas no mensageiro. Diante da identificação de grupos neonazistas no app, a Justiça determinou que o mensageiro colaborasse e fornecesse dados de suspeitos à PF, o que não aconteceu de maneira integral e resultou na ordem de suspensão do Telegram no Brasil.

Decisão preocupante, diz advogado

Para o advogado Luis Fernando Prado, sócio do escritório Prado Vidigal Advogados, a medida é preocupante, mesmo que o argumento por trás delas seja compreensível, por torna a internet menos livre no Brasil.

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"Decisões de bloqueio de aplicações sempre ensejam preocupações, pois impactam milhões de usuários de internet no Brasil, fazendo com que tenhamos por aqui uma internet mais limitada e menos livre em relação ao restante do mundo", comenta Prado. "Por mais que se argumente que bloqueios como o presente são consequências do desrespeito das empresas a determinações oficiais brasileiras para fornecimento de dados, é necessário averiguar se, de fato, a ordem de fornecimento de dados seria de cumprimento possível", prossegue.

Ainda de acordo com o profissional, nem sempre é possível fornecer os dados porque prazos legais para armazenamento podem ter expirado ou por questões técnicas e jurídicas que a companhia está sujeita em outros países, por exemplo. 

"Muitas vezes, a questão não envolve apenas a 'boa vontade' da empresa em cooperar com autoridades brasileiras, mas verdadeiras limitações que impedem o atendimento a certas decisões. Portanto, decisões de bloqueio preocupam e devem ser sempre muito bem pensadas. Inclusive, no passado, o próprio STF já revogou ordens de bloqueio, justamente por entender que não seriam proporcionais ou razoáveis", finaliza o advogado.

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Telegram suspenso e multado no Brasil

A multa por não entregar os dados também aumentou de R$ 100 mil para R$ 1 milhão por dia. Até agora, o Telegram não se manifestou sobre o assunto. O Canaltech entrou em contato com o mensageiro em busca de um posicionamento e esta publicação será atualizada assim que houver um retorno.