China bloqueia acesso ao ChatGPT no país
Por Alveni Lisboa | Editado por Douglas Ciriaco | 24 de Fevereiro de 2023 às 15h25
Empresas de tecnologia de inteligência artificial da China sofreram fortes quedas no mercado de ações na quinta-feira (23). A causa teria sido uma recomendação do governo chinês para as Big Techs restringirem o acesso dos usuários ao popular chatbot de IA ChatGPT.
Segundo o jornal Nikkei Asia, a Tencent e a Alibaba, duas empresas que oferecem acesso à internet no país, deveriam impedir o acesso ao ChatGPT em suas plataformas. Essa censura deveria ser exercida diretamente ou por meio de terceiros para impedir que chineses possam fazer perguntas ao serviço da OpenAI.
Nos últimos dias, empresas do setor haviam tido valorização meteórica no mercado após investidores apostarem suas fichas em soluções locais de IA. Com a restrição de Pequim, criou-se um clima de incerteza sobre a aceitação deste tipo de serviço no mercado chinês, considerado um dos mais relevantes do planeta.
Ações da Beijing Haitian Ruisheng Science Technology, que lida com dados de inteligência artificial, recuaram 8,4% em Xangai após triplicarem seu valor em 2023. Já a Hanwang Technology, que desenvolve softwares para reconhecimento, teve queda de 10% em apenas um dia.
Chineses querem IA de conversa própria
Companhias chinesas como a Alibaba e a Baidu correm contra o tempo para lançarem suas soluções domésticas. É provável que essas IAs sejam alinhadas aos ideais das autoridades do país, evitando temas espinhosos que contrariem os interesses do Partido Comunista da China.
A Baidu planeja lançar seu chatbot em março, enquanto a Alibaba não forneceu um prazo para distribuição do serviço. Espera-se que tais tecnologias vão além da conversação e ajudem usuários criando conteúdos ou no auxílio durante as compras online.
Não está claro porque o governo da China é contra o uso do ChatGPT no país, mas é possível presumir potenciais riscos à delicada política chinesa. Como o produto é criado por uma empresa dos Estados Unidos, a OpenAI, é difícil para os órgãos regulares controlarem as respostas exibidas.
Além disso, a plataforma conta com o financiamento da Microsoft, com o bilionário Elon Musk listado como um dos cofundadores. O ChatGPT causa muito burburinho em diversos setores econômicos: educação, saúde, finanças, programação e economia criativa.
O criador da tecnologia, inclusive, pediu a regulamentação do setor para evitar uma IA "assustadora". De qualquer forma, o ChatGPT deve começar a apresentar respostas "mais humanas" e personalizadas conforme o gosto do usuário.