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Review Metaverso | O futuro da humanidade pretende imitar a Matrix?

Por| Editado por Léo Müller | 07 de Agosto de 2022 às 12h20

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Review Metaverso | O futuro da humanidade pretende imitar a Matrix?
Review Metaverso | O futuro da humanidade pretende imitar a Matrix?

Imagine um mundo onde é possível fazermos tudo o que já fazemos hoje, mas com ainda mais possibilidades, e sem sairmos de casa. Esta seria a proposta principal do metaverso!

Considerando as possibilidades propostas por Mark Zuckerberg, CEO da Meta, entre outros especialistas em tecnologia em realidade virtual, o metaverso nos traz novas formas de interações interpessoais e também com o mundo físico.

A ideia de metaverso vem sendo propagada como uma evolução da internet, ou seja, a tecnologia deverá servir como a base de um novo padrão de comunicação e comportamento humano. Se já usamos a internet para estudar, trabalhar, criarmos relações afetivas, nos entretermos, nos mantermos informados e também para nos comunicarmos, então, todas essas atividades passarão a ser realizadas no metaverso.

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A dúvida, para muitos, gira em torno dos limites de uso do metaverso: se a tecnologia será acessível a todos, se custará caro ou mesmo se será obrigatória.

Mas, como toda tecnologia que se diz revolucionária, enquanto há especialistas que já conseguem imaginar a humanidade totalmente imersa em novos paradigmas, grande parte das pessoas leigas não fazem ideia do que está por vir.

Eu estive com o Meta Quest 2, o headset VR da Meta, e pude testar como o metaverso está funcionando atualmente, e se vale a pena investir nesta tecnologia.

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O que é o metaverso?

O termo “metaverso” surgiu em 1992, no livro “Snow Crash”, escrito por Neal Stephenson. A obra retrata um mundo paralelo, virtual, no qual as pessoas são representadas por avatares e interagem umas com as outras como se estivessem no mundo real.

A palavra “meta” vem do grego, e tem significado parecido com “além”, de modo que metaverso sugere uma ideia de ambiente que rompe com as barreiras do mundo físico no qual vivemos. Já os avatares são representações visuais dos seres humanos em um mundo construído em realidade virtual ou mesmo na internet, com imagens em 2D ou 3D.

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No dia 28 de outubro de 2021, o Facebook anunciava a criação da Meta, uma holding que passou a controlar todas as marcas da antiga companhia. Naquele dia, o Facebook, co-fundado por Mark Zuckerberg, tornou- se uma das plataformas que integram a Meta.

Durante a apresentação desta mudança, Zuckerberg citou o metaverso como o “futuro da internet”. O nome adotado pela holding não deixou dúvidas de que os negócios do conglomerado serão direcionados à exploração, desenvolvimento e implantação da nova tecnologia.

A Meta, agora, tem como objetivo revolucionar a forma como as pessoas se comunicam e interagem umas com as outras, da mesma forma que o Facebook fez na primeira e segunda década do século XXI.

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O anúncio da criação da Meta foi, até agora, o evento que mais ajudou a difundir o conceito de metaverso. Por isso, grande parte do público tem associado o termo à companhia, como se este novo universo digital fosse um produto proprietário e exclusivo da empresa de Zuckerberg.

Contudo, no mundo da realidade virtual, metaverso se refere apenas a um dos submundos que exploram a tecnologia. Neste sentido, percebemos que a Meta se utilizou de uma grande jogada de marketing, que a coloca como protagonista de um novo padrão de interações interpessoais, tal qual o Facebook fez ao ajudar a popularizar o botão de “like” ou “gostei”, entre outros mecanismos de interatuação.

Vale lembrar que as interações entre as pessoas no metaverso não requer, necessariamente, que elas estejam utilizando óculos de realidade virtual, mas, sim, que seus avatares estejam representando-as nesse ambiente paralelo. Isso pode ser feito por meio do PC ou do celular, por exemplo.

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O que propõe o metaverso?

Quando a Meta anunciou que seus esforços seriam voltados para a expansão do metaverso, Mark Zuckerberg apresentou a tecnologia como o futuro da internet, um ambiente onde as pessoas poderão se reunir para realizarem diversas atividades, incluindo trabalhar, estudar e se divertir de forma colaborativa.

A base do funcionamento do metaverso é a realidade virtual, mas vai além disso. Para que o metaverso exista plenamente, são necessários três pilares:

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Imersão

O usuário precisa experimentar um nível de imersão, ou seja, um nível de realismo na interação com o ambiente virtual que o faça acreditar que aquilo está acontecendo de verdade;

Coletividade

Não há metaverso quando pessoas interagem sozinhas com o ambiente virtual. A ideia da nova tecnologia é totalmente baseada na interação entre pessoas;

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Persistência

Quando falamos de metaverso, falamos em um ambiente que funciona como uma nova realidade em tempo integral. Isso significa que usuários poderão entrar e sair do metaverso, mas não poderão desligá-lo ou colocá-lo em modo de pausa, pois outras pessoas estarão interagindo em tempo real e de maneira independente.

Quais são as possibilidades do metaverso?

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A ideia do metaverso baseada na realidade mista (realidade virtual em conjunto com a realidade aumentada) e em avatares do tipo “bonecos animados” ainda é uma abordagem muito primitiva. Atualmente, a tecnologia salta aos olhos como uma evolução da interação que surgiu nos jogos eletrônicos. A diferença é que ela vai bem além do entretenimento.

Entre as possibilidades de interação proporcionadas pelo metaverso, Mark Zuckerberg citou que as pessoas poderão frequentar seus ambientes de trabalho ou se reunir para assistirem a um show ao vivo, tudo dentro do ambiente virtual. Dessa forma, as pessoas estarão sempre juntas, porém sem sair de suas casas.

Adicionalmente, podemos imaginar que será possível frequentarmos salas de aula, consultórios médicos, lojas, pontos turísticos e todo tipo de ambiente construído ou reconstruído do mundo virtual. Hoje, os vídeos em 360º já nos permitem ter a sensação de estarmos em qualquer lugar filmado para proporcionar esta experiência, mas sem interação com outras pessoas ou com o ambiente.

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Para dar-lhes uma ideia do realismo ao estar em um ambiente filmado em 360º, eu posso citar minha experiência usando o Meta Quest 2. A sensação é muito parecida com o que observamos no mundo real: sentimos medo de animais ferozes e situações de perigo em geral, como lugares altos ou o fundo do mar; ficamos tontos ao olharmos para arranha-céus, sentimos sensação de frio ou calor em determinados ambientes que reproduzem esses climas, entre várias situações que já estamos acostumados no mundo físico.

O que está sendo feito hoje?

Embora a Meta queira propagar a ideia de apenas um metaverso, que seria o desenvolvido por ela própria, já há dezenas de metaversos criados por outras empresas. Alguns deles são mais antigos até mesmo que o Horizon Worlds, da companhia de Zuckerberg, que, por enquanto, só está disponível nos EUA e Canadá.

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Partindo para outros metaversos já disponíveis para usuários brasileiros, vou citar alguns dos quais pude testar.

Gather Town

O Gather Town permite que usuários criem escritórios virtuais, salas de reunião ou eventos sociais. Os ambientes são criados por meio do site oficial do serviço, e roda online, diretamente do navegador.

Embora o Gather Town tenha interface em 2D, o funcionamento é bastante semelhante ao mundo real. Os membros de uma equipe de trabalho ficam todos conectados, com webcams e microfones abertos, e com a possibilidade de compartilhar a tela de seus computadores.

Caso um dos colegas mova seu avatar para fora da mesa, o resto da equipe fica sem acesso ao seu microfone e câmera. Um dos membros da equipe também pode direcionar seu avatar a uma sala de reuniões e enviar convites para colegas específicos, para compartilhar informações com mais privacidade.

Workrooms (Meta Horizon)

O Workrooms é um aplicativo voltado para ambientes de trabalho do Meta Horizon. Ele permite as mesmas interações que o Gather, porém a interface é fornecida em realidade mista, via Meta Quest 2. Sendo assim, tem-se uma experiência muito mais imersiva, já que é possível mapear sua mesa e computador do mundo real, para que sejam usados no mundo virtual, cujo visual imita um escritório.

Dentro do Workrooms, o usuário pode usar os controles do Meta Quest 2 para desenhar ou escrever em pranchetas, e tudo poderá ser compartilhado com outros usuários que estejam na mesma sala virtual. Esta sala também pode ser acessada por usuários sem um headset VR.

Arkio

O Arkio é uma plataforma de design espacial colaborativo, onde é possível criar modelos em 3D de objetos, imóveis, interiores, espaços virtuais, ambientes de jogos, entre outros.

O serviço funciona em VR, no PC e em dispositivos móveis e pode ser usado para trabalho, criação individual e também como ambiente de aprendizagem.

O interessante é que a plataforma tem compatibilidade com outras ferramentas de modelagem em 3D e também pode ser usada para mapear objetos reais, permitindo a utilização da realidade mista. Outro recurso legal é que é possível simular a incidência da luz solar no ambiente, em determinado horário do dia.

BigScreen

O BigScreen permite que usuários criem salas para a exibição de conteúdo via streaming. Estas salas imitam o visual de uma sala de cinema, com um telão e fileiras de cadeiras.

É possível criar salas privadas, com acesso por meio de convites, ou salas públicas, abertas a todos os usuários. Uma vez dentro da sala, os usuários podem visualizar os avatares de outros usuários e conversarem entre si. O aplicativo é muito usado para a exibição de filmes, shows, eventos esportivos e também para atividades colaborativas, como trabalho e jogos online.

Spatial

O Spatial é um metaverso voltado para experiências culturais. Há dezenas de espaços com arquitetura sofisticada para a exibição de eventos, exibição de galerias de arte, etc., onde a comunidade troca informações e vivências.

Villa

O Villa é uma plataforma de metaverso que usa um marketing bastante curioso: lá os visitantes podem ser uma espécie de super-herói que pode voar.

O ambiente padrão para contas convidadas possui uma mansão flutuante, alguns castelos, planetas, criaturas estranhas e até um T-Rex. Utilizando os controles do headset VR, você pode ir voando de um edifício para outro, experimentando uma incrível sensação de liberdade.

Mesmo com essa premissa de ser um jogo, a plataforma oferece experiências baseadas em eventos sociais, parcerias colaborativas, exibição e comércio de NFTs, entre outras.

Menções honrosas

Há ainda outros metaversos bastante populares que eu não cheguei a testar, como o jogo VRChat e o Decentraland, que usa a criptomoeda Mana como moeda padrão para todas as transações financeiras dentro da plataforma.

Resumidamente, estas são as atividades que podem ser realizadas atualmente no metaverso:

  • Trabalho e diversão colaborativos - Usuários podem trabalhar juntos, observando as modificações em projetos acontecendo em tempo real, e tendo a possibilidade de interagir com eles. Da mesma forma, jogadores podem se encontrar no ambiente virtual para jogar suas partidas de jogos prediletas como se estivessem juntos no mesmo ambiente, porém, estando fisicamente há quilômetros de distância;
  • Acompanhamento de eventos - No metaverso, grupos de pessoas podem se reunir para acompanharem juntos a uma partida de futebol ou maratonar sua série favorita. Mais que isso, a plataforma já permite a realização de shows ao vivo, permitindo que milhares de pessoas de centenas de cidades diferentes possam estar no mesmo ambiente virtual, curtindo o mesmo artista;
  • Troca de experiências e compartilhamento de cultura - Dentro do metaverso, os usuários estão aproveitando os recursos extras para trocar experiências e conhecimentos sobre diversos temas. Você pode encontrar grupos de pessoas discutindo sobre música, cinema, etc., ou querendo aprender uma nova habilidade;
  • Acesso à cultura - Uma das atividades mais populares no metaverso é a exibição de galerias de arte. Outra possibilidade é a exploração de lugares remotos com o objetivo de aprender sobre fatos históricos;
  • Comércio - O metaverso também é muito conhecido pelas possibilidades de negócios. Na plataforma, já é muito comum a comercialização de terrenos virtuais e construções, além da realização de leilões de NTFs, recursos digitais (nomes, títulos, customizações para avatares) e outros produtos;
  • Estudo - É perfeitamente viável que pessoas acessem uma sala de aula virtual no metaverso, ou encontrem professores para realizarem aulas particulares;
  • Aumento da produtividade - Nos ambientes virtuais, você pode utilizar seu computador com inúmeras áreas de trabalho (telas), sem precisar adquirir novo hardware.

Qual é o futuro do metaverso?

Uma grande dúvida do grande público é sobre o que irá suceder esta abordagem inicial do metaverso. No momento, há somente um apanhado geral de opiniões, suposições e desejos provenientes de especialistas, especuladores e empresários do segmento.

Contudo, observando o metaverso como uma evolução da internet, não é muito difícil concluir que ele pode vir a se tornar o novo ambiente padrão para todo tipo de experiência humana.

Há décadas, uma das maiores preocupações da humanidade gira em torno da preservação do meio ambiente, tanto no sentido de poupar a extinção de outras espécies quanto no sentido de melhorar nossa qualidade de vida, com o foco na redução da poluição do ar e da água.

A partir do momento em que temos um novo ambiente virtual que simula nosso mundo real, e nos permite estar em diversos ambientes (trabalho, escola, hospital, áreas de lazer, museus, expedições culturais, etc.) ao alcance de um clique, começa-se a questionar a necessidade de se investir em meios de transportes mais rápidos. De fato, nenhum carro voador seria mais eficaz que um teletransporte virtual.

Com a popularização (e migração) das atividades no (para o) metaverso, supõe-se que os meios de acesso ao novo ambiente se tornem mais democráticos. Para termos uma ideia de como isso seria viável, basta observarmos que, atualmente, praticamente todo brasileiro possui um smartphone, ou, também, como o e-mail substituiu a carta.

Viveremos na Matrix?

No metaverso já é possível experimentarmos uma sensação muito próxima da realidade. Se tivermos espaço físico suficiente, podemos nos deslocar no mundo virtual percorrendo exatamente a mesma distância do mundo real.

Os headsets VR estão evoluindo para oferecer resoluções cada vez mais altas, com imagens digitais que podem ser confundidas com a realidade. O som é tão imersivo, que fica baixo quando nos afastamos da fonte, e aumenta quando voltamos a nos aproximar. Há também uma tridimensionalidade espacial, onde a direção do som obedece a posição da fonte sonora.

Os próximos passos para melhorar ainda mais a imersão dentro do ambiente virtual já estão em andamento. Já há protótipos de dispositivos que podem fornecer feedback tátil. Dessa forma, poderemos sentir o formato e textura dos objetos manipulados virtualmente.

Também é possível que os fabricantes de headsets VR criem soluções para simular o cheiro do que é visto dentro do ambiente virtual, assim como nas salas de cinema 4DX.

Também não é descartada a possibilidade de, em um futuro mais distante, governos permitam a implementação uma espécie de implante cerebral que dê acesso ao metaverso sem a necessidade de dispositivos extras. Neste caso, a tecnologia poderia simular não apenas o tato e o olfato, mas também o paladar.

Neste nível de imersão, as pessoas poderiam fazer suas refeições no metaverso, quase da mesma forma como fazemos no mundo real, sentido o gosto, textura e cheiro dos alimentos. A diferença é que teríamos que alimentar nossos corpos físicos com as vitaminas e nutrientes necessários para que eles continuem vivos no mundo real (vide Matrix).

No início, seria algo como entrar no metaverso somente quando necessário, para trabalhar, estudar, encontrar pessoas, etc. Porém, com o passar do tempo, as atividades humanas seriam totalmente migradas para o mundo virtual, por uma questão de comodidade e praticidade, até que não seja necessário voltar ao mundo real nem mesmo para descansarmos, pois todos vão estar lá (vide a briga Orkut vs. Facebook).

Eu acredito que, no futuro, viveremos em um sistema muito parecido com o que é mostrado na franquia Matrix. Uma era em que máquinas vão projetar nossos avatares com base em nossa genética e como se estivéssemos tratando nossos corpos da maneira ideal. Nesta época, olharemos para o passado e sentiremos vergonha dos avatares do tipo bonequinhos animados.

Devo ressaltar, ainda, que o metaverso poderá, não apenas recriar o mundo como o conhecemos, como também apresentar novos mundos, novos planetas, países, pontos turísticos virtuais, e até mesmo várias versões do planeta Terra em diferentes eras, com clima e formas de vida distintos. Que tal trabalhar em uma megalópole e viver na era dos dinossauros, e ainda alternar entre esses dois mundos em questão de segundos?

Vale a pena investir no metaverso?

Como vimos, para termos uma experiência de metaverso, não é necessário utilizarmos óculos de realidade virtual, embora a imersão do ambiente virtual seja a mais adequada.

Quem já possui um headset VR, pode experimentar diversas formas de interação, seja para trabalhar ou se divertir em parceria com colegas, parentes e amigos, estejam eles no mesmo ambiente físico ou não.

Outra grande vantagem do metaverso é podermos conhecer pessoas novas e conversarmos com elas quase como se estivéssemos fisicamente presentes. São muitas novas possibilidades. E, embora a tecnologia ainda esteja longe de se tornar um padrão, já há diversas empresas e pessoas tentando descobrir novas chances de investir dentro do metaverso.

Por hora, o conceito ainda é muito novo, o que não deve mudar tão cedo. Headsets VR ainda são dispositivos muito caros, sendo que alguns deles dependem de um computador de alto desempenho para funcionar em sua plenitude.

De resto, caso a pessoa tenha condições financeiras e curiosidade por novas experiências, somente a realidade virtual já seria um bom motivo para se investir em um headset VR.