Ômicron no avião: quais são os riscos?
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 13 de Janeiro de 2022 às 10h40
A Ômicron chegou ao Brasil através de um brasileiro com passagem pelo continente africano que testou positivo para covid-19 ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Tal como no início da pandemia, a população agora teme as viagens de avião. Mas e os riscos, são realmente altos?
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De acordo com a Bloomberg, os passageiros de aeronaves têm duas ou até três vezes mais chances de pegar covid-19 durante um voo, desde o surgimento da variante. A informação vem do norte-americano David Powell, consultor médico da Associação Internacional de Transporte Aéreo.
O especialista reforça que a classe executiva pode ser mais segura do que a classe econômica, que costuma ser bem mais lotada. A recomendação é que os passageiros devem evitar o contato cara a cara e as superfícies que são tocadas com frequência. Além disso, as pessoas sentadas próximas umas das outras devem evitar tirar a máscara ao mesmo tempo durante as refeições. Para um voo de duas horas, é necessário manter a máscara o tempo inteiro.
Riscos de Ômicron no avião
Na visão do consultor médico da Associação Internacional de Transporte Aéreo, o risco que se tem com a Ômicron é duas vezes maior em comparação com a Delta. Mas um avião não é mais perigoso que outros lugares fechados, como um bar, por exemplo. A verdadeira questão está nos aeroportos, que são bem menos controlados.
"Em comparação com restaurantes, ônibus, metrôs, boates ou academias, a probabilidade de transmissão para outra pessoa é menor em um avião. A maioria dos casos documentados de propagação em voo são de março de 2020", pondera o consultor. Outra informação pertinente é que não houve muita transmissão de passageiro para tripulação. O caso inverso é ainda mais raro. Normalmente, a transmissão acontece de passageiro para passageiro ou tripulação para tripulação.
Em entrevista ao UOL, a médica infectologista e consultora em biossegurança da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) Sylvia Lemos Hinrichsen reforça o ponto de vista levantado pelo norte-americano: a variante Ômicron é considerada mais transmissível em qualquer local, e não apenas no avião, e o problema principal está no pré-voo: o aeroporto, o lanche, as filas do check-in e do embarque e o despacho da mala.
"No momento, a minha sugestão é que, se as viagens puderem ser evitadas ou adiadas, vale a pena. Principalmente para quem é de grupo de risco e que possa ter alguma comorbidade", diz a infectologista. Na ocasião, ainda afirma que a chance de contaminação em um cruzeiro é maior que em um avião, uma vez que a pessoa fica mais dias em ambientes fechados, geralmente com restrições para abrir janelas e arejar o local.