Consumo de álcool causou mais de 700 mil casos de câncer em 2020
Por Natalie Rosa | Editado por Luciana Zaramela | 15 de Julho de 2021 às 08h20
O consumo de álcool é comum no mundo todo, principalmente de forma social. Há quem exagere, no entanto, e acabe sofrendo as consequências não só sociais, como físicas, apresentando problemas graves de saúde. E de acordo com um novo estudo, a ingestão de álcool é a causa de mais de 740 mil casos de câncer em todo o mundo somente em 2020 — independente da quantidade.
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A pesquisa diz que o hábito pode colaborar com a formação de diversos tipos de câncer, como de mama, fígado, reto, cólon, orofaringe, laringe e esôfago, e que no ano passado 741.300 casos globais de câncer foram relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas.
Não há, no entanto, a conscientização em relação a este tipo de problema, com os cientistas sugerindo que as fabricantes coloquem essa advertência nos rótulos. Além disso, eles acreditam que a comercialização de álcool deve ser reduzida, assim como mais impostos devem ser aplicados na compra dessas bebidas.
O álcool e o câncer
Harriet Rumgay, co-autora do estudo, conta que os dados são mostrados até mesmo na ingestão de níveis baixos de álcool. "O impacto do álcool no câncer é comumente desconhecido ou negligenciado, então precisamos aumentar a conscientização pública e políticas para reduzir o consumo geral de álcool, prevenindo a carga do câncer e outras doenças atribuídas ao álcool", diz.
Ainda de acordo com o estudo, do total de casos do ano passado, 568.700 aconteceram em homens e 172.600 em mulheres, e a maioria dos tipos de câncer são de esôfago, fígado e mama. Analisando cada tipo de câncer de forma separada, a proporção dos cânceres provocados pelo álcool é maior no esôfago, faringe, lábios e cavidade oral.
Mesmo que grande parte dos casos de câncer estejam relacionados ao consumo excessivo de álcool, a pesquisa também estima que até o consumo mais baixo trouxe riscos. Segundo os dados, a ingestão de até 10 g de álcool por dia, o equivalente a uma taça pequena de vinho, contribuiu para uma média de 35.400 a 145.800 casos no mundo todo.
Na separação por região, os casos de câncer relacionados ao álcool foram menores no norte da África e no oeste da Ásia, e maiores no leste da Ásia e na Europa oriental e central. Os dados, segundo o estudo, ainda são subestimados, e ainda será preciso muito trabalho para prevenir esses cânceres diretamente ligados com o consumo de bebidas alcoólicas.
"Há fortes evidências de que beber álcool pode causar sete tipos de câncer, e quanto mais alguém bebe, maior é o risco. Não existe um nível seguro de bebida, mas qualquer que seja o seu hábito, a redução pode prevenir os riscos de câncer", pontua Michelle Mitchell, presidente executiva da Agência de Pesquisa do câncer do Reino Unido, responsável pelo estudo.
A pesquisa completa está disponível na revista científica The Lancet Oncology.
Fonte: The Guardian