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Cientistas criam fita implantada na pele que resfria os nervos e bloqueia a dor

Por| Editado por Luciana Zaramela | 01 de Julho de 2022 às 17h55

iLexx/envato
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Cientistas criam implante que pode resfriar nervos internamente no corpo, reduzindo a dor diretamente no local e dispensando o uso de alguns remédios. O aparelho em questão consegue diminuir a temperatura das fibras nervosas até chegarem a 10 °C, segundo testes em ratos. Ele também é biodegradável, sendo absorvido pelo corpo à medida que as dores vão passando.

Atualmente, tratamentos contra a dor são geralmente baseados em opioides, que podem viciar. Embora gelo ou adesivos de resfriamento possam ajudar, eles também podem ser desconfortáveis e machucam a pele caso sejam utilizados por muito tempo. Foi pensando nisso que cientistas da Northwestern University, nos EUA, decidiram lidar diretamente com os nervos responsáveis pela dor.

Novo tratamento procura agir diretamente no nervo sob a pele, resfriando-o para que não leve o sinal de dor até o cérebro (Imagem: Colin Behrens/Pixabay)
Novo tratamento procura agir diretamente no nervo sob a pele, resfriando-o para que não leve o sinal de dor até o cérebro (Imagem: Colin Behrens/Pixabay)

Cortando o mal pela raiz

Os pesquisadores, então, desenvolveram uma fita fina e flexível com pequenos canais por onde elementos químicos podem fluir. Uma de suas extremidades é amarrada em torno da fibra nervosa, como uma algema: a outra emerge da pele e é conectada a uma pequena bomba. Nitrogênio gasoso é bombeado por um dos canais da fita, enquanto o outro recebe perfluoropentano (PFP).

Quando os dois elementos se juntam, o PFP evapora, o que gera um efeito refrescante — os dois, então, retornam por um terceiro canal, onde são separados e o PFP retorna ao estado líquido, reiniciando o ciclo. O dispositivo também conta com um sensor de temperatura, e assim o efeito pode ser monitorado e ajustado caso necessário.

Para os testes, a fita foi implantada ao redor do nervo ciático das pernas de três ratos de laboratório. Suas patas foram machucadas, para aumentar a sensibilidade. Após três semanas, quando cada pata era pressionada utilizando um aparelho medidor sensível, foi necessário 7 vezes mais força para fazer os animais retraírem as pernas quando a fita resfriante estava funcionando. Segundo os cientistas, é um bom sinal de que as pernas estavam amortecidas.

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O tratamento de dores crônicas pode melhorar com o aparelho, dispensando o uso de opioides que podem viciar e criar tolerância ao longo do tempo (Imagem: Stevanovicigor/Envato Elements)
O tratamento de dores crônicas pode melhorar com o aparelho, dispensando o uso de opioides que podem viciar e criar tolerância ao longo do tempo (Imagem: Stevanovicigor/Envato Elements)

Após seis meses, o dispositivo foi absorvido pelo corpo e nenhum dano nervoso foi detectado. Agora, mais testes estão sendo feitos para determinar o quanto os nervos podem ser resfriados e por quanto tempo, isto é, sem causar danos. Apesar de muitas medidas de alívio da dor aplicadas em ratos não funcionarem em humanos, o princípio desta é simples o suficiente para que sirva para nós, também.

Um dos objetivos é usar o dispositivo em pessoas com dores severas e persistentes, já que é mais difícil tratá-las com opioides sem chegar a níveis perigosos de tolerância às substâncias. Uma versão permanente do aparelho pode ser fabricada se necessário, utilizando materiais não biodegradáveis. O uso mais natural da versão absorvida é em cirurgias inevitáveis, segundo os cientistas.

O artigo detalhando a novidade foi publicado na revista científica Science.

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Fonte: Science