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Casos de sífilis voltam a crescer no Brasil; conheça os riscos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 07 de Outubro de 2021 às 13h40

CDC/ Skip Van Orden
CDC/ Skip Van Orden
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Entre janeiro a junho de 2020, foram registradas 49 mil ocorrências de sífilis adquirida, segundo dados do Ministério da Saúde. Este número aponta uma queda de mais de 35% quando se compara com os dados do ano anterior — no ano todo de 2019, foram confirmados 152,9 mil casos. No entanto, os números positivos não refletem a realidade, segundo especialistas.

Isso porque a pandemia da covid-19 dificultou o acesso a exames e, consequentemente, ao diagnóstico da doença causada pela bactéria Treponema pallidum e transmitida sexualmente. “Muita gente não tem conseguido fazer uma consulta ou exames em caso de suspeita da doença. Também não são poucos os que têm receio de ir a um posto de saúde ou hospital por medo de maior exposição ao vírus da covid-19", explicou o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Heitor de Sá Gonçalves, para a Agência Brasil.

"Temos, no mínimo, cerca de 30% de abstenção de notificação: o que era 100 passou a ser notificado só 70 (sic). Como resultado, as pessoas continuam doentes, não iniciam o tratamento e continuam transmitindo”, afirma Gonçalves. Este cenário poderá resultar, no futuro, em um descontrole da sífilis, com grande aumento dos índices de transmissão.

Em detalhes, uma amostra de tecido cutâneo infectado pela bactéria da sífilis (Imagem: Reprodução/CDC/Dr. Yobs)
Em detalhes, uma amostra de tecido cutâneo infectado pela bactéria da sífilis (Imagem: Reprodução/CDC/Dr. Yobs)

De 2010 a 2020, o Brasil registrou 783 mil casos de sífilis adquirida, com crescimento significativo da doença, segundo levantamento da SBD. Atualmente, a doença bacteriana afeta principalmente a população masculina no país. Do total de casos registrados nos últimos 10 anos, 59,8% eram de homens e 40,2%, de mulheres. A doença também é um risco para recém-nascidos.

Aumento global nos casos de sífilis

Para além do Brasil, é observada uma tendência de aumento de casos da infecção sexualmente transmissível em países desenvolvidos, como os Estados Unidos. Na última década, a sífilis se consolidou como um problema de saúde pública norte-americana. Depois de uma baixa histórica entre os anos de 2000 e 2001, a taxa de sífilis passou a aumentar, de forma gradual, todos os anos. Por exemplo, a variação de crescimento foi de 11% entre 2018 e 2019, de acordo com a SBD.

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“É uma tendência internacional, e o Brasil faz parte do grupo de nações com números alarmantes. Por ser uma doença com evolução grave, até mesmo fatal, se não tratada adequada e precocemente. É fundamental que médicos e autoridades públicas permaneçam em alerta, atuando em ações educativas de prevenção e apoiando as fases de diagnóstico e tratamento”, afirma o médico.

Afinal, o que é sífilis?

Na maioria dos casos, a Sífilis pode causar manifestações na pele, como feridas de diferentes graus (Imagem: Reprodução/ sífilis congênita)
Na maioria dos casos, a Sífilis pode causar manifestações na pele, como feridas de diferentes graus (Imagem: Reprodução/ sífilis congênita)

Vale explicar que a sífilis é uma das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). A pessoa infectada pela bactéria Treponema pallidum deve, muito provavelmente, apresentar manifestações dermatológicas, como pequenos machucados vermelhos e, dependendo do grau da doença, feridas espalhadas por todo o corpo. A vantagem é que a doença tem um tratamento simples e eficaz, através do uso de penicilina benzatina, mas é questão é o estágio da sífilis quando é diagnosticada.

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A doença pode ser classificada como sífilis primária, secundária, latente ou terciária. No estágio primário, geralmente, a infecção se apresenta como uma pequena ferida, no local de entrada da bactéria, que pode ser o pênis, a vagina, o colo uterino, o ânus ou a boca. De modo geral, a ferida aparece alguns dias após o contágio, é normalmente indolor e desaparece sozinha.

Agora, quando a infecção não é tratada, a doença evolui para os estágios de sífilis secundária. Nesse momento, podem ocorrer manchas, pápulas e outras lesões no corpo, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés, além de febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas. Este é apenas mais um exemplo das suas possíveis manifestações.

Para evitar a infecção, a forma mais segura de prevenção contra a sífilis é o uso do preservativo masculino ou feminino durante a relação sexual. Inclusive, todo paciente que mantém atividades sexuais de risco ou se expõe a relações desprotegidas deve fazer regularmente exames para ISTs, que são gratuitos na rede pública.

Sífilis é também um risco para recém-nascidos

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Em recém-nascidos, sífilis congênita pode causar inúmeras sequelas, como surdez (Imagem: Reprodução/Aditya Romansa/Unsplash)
Em recém-nascidos, sífilis congênita pode causar inúmeras sequelas, como surdez (Imagem: Reprodução/Aditya Romansa/Unsplash)

Além da sífilis adquirida, é possível que ocorra a sífilis congênita. Esta é transmitida por via placentária da mãe para o filho. Com isso, o recém-nascido pode apresentar sintomas que incluem baixo peso ao nascer ou dificuldade de ganhar peso, sequelas neurológicas, inflamação articular, dores nos ossos, perda visual e audição reduzida ou surdez. Em paralelo, a doença pode ser responsável por abortos espontâneos, prematuridade e óbito neonatal.

Por isso, Gonçalves reforça que todas as gestantes e parceiros sexuais devem ser investigados para a IST durante o pré-natal e no momento do parto, especialmente para o HIV, sífilis e hepatites virais B e C. Além disso, estas devem ser informadas sobre o risco de transmissão das doenças para o bebê.

Sífilis em números

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Somente no primeiro semestre de 2020, o Brasil teve 8,9 mil diagnósticos da doença em recém-nascidos, ou seja, 1,5 mil pacientes a cada mês. Onze anos antes, em 2010, a média girava em torno de 579 registros mensais.

No período de 2010 a 2019, os casos tiveram expansão de 6.946 para 24.130 diagnósticos por ano, segundo os dados da SBD. Novamente, o diagnóstico precoce é a melhor alternativa para a segurança dos bebês.

Fonte: Agência Brasil