Zuckerberg x Trump: o que a visita do CEO do Facebook pode indicar?
Por Felipe Ribeiro | 23 de Setembro de 2019 às 10h53
O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, esteve na Casa Branca para uma reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na última quinta-feira (19). O encontro, que teve caráter ultraparticular, não teve muitos desdobramentos quando pensamos em repercussão, já que nada foi declarado por ambas as partes. Porém, tendo em vista o cerco fechado do governo em cima da rede social, é possível especular que Zuckerberg pode ter enfrentado um novo nível de escrutínio.
Em coluna na última semana, Casey Newton, do The Verge, fez uma abordagem bem interessante sobre o tema. O jornalista ressaltou que diversos países já convidaram o cofundador do Facebook para prestar esclarecimentos, mas ele quase nunca se fez presente. Aceitar o convite de Trump, segundo Newton, mostra o quão nebulosa pode ficar a situação da rede social.
Neste mês, procuradores-gerais de oito estados e o Distrito de Columbia anunciaram uma investigação antitruste contra a empresa. A Comissão Federal de Comércio também está conduzindo uma investigação antitruste, assim como o Departamento de Justiça e o Comitê Judiciário da Câmara. Enquanto isso, o Comitê Bancário do Senado está examinando os planos do Facebook de lançar a Libra, a futura criptomoeda da empresa.
Também existe o fato de o presidente atacar regularmente o Facebook. Mesmo que essas postagens do mandatário soem "folclóricas", quando ele chama alguém para o Salão Oval é porque a coisa está realmente séria.
De acordo com o Washington Post, Zuckerberg também teve encontros com parlamentares no Capitólio. Ele teria ouvido sobre a necessidade de sua empresa proteger melhor os dados coletados e se proteger contra interferências políticas nas eleições de 2020, algo que mais tarde foi confirmado por membros do Congresso. Democratas e republicanos também demonstraram preocupação com a concorrência do Facebook e seu império, que também inclui WhatsApp e Instagram, em um momento em que os reguladores estaduais e federais estão em meio a investigações antitruste.
A maioria das conversas de Zuckerberg na quinta-feira foi privada e não saberemos se elas tiveram algum impacto prático — nele ou nas autoridades — por algum tempo. De acordo com o senador Josh Hawley, que também falou com o executivo em uma das reuniões, foi "pedido" a ele que vendesse o WhatsApp e o Instagram, algo que, segundo ele, não é apoiado por Zuckerberg.
Resta-nos aguardar se teremos desdobramentos dessa ida de Zuckerberg à capital, mas, a tendência é que o cerco se feche ainda mais sobre o Facebook, com ainda mais investigações e averiguações. Desta vez, ao que parece, com Trump de olho.
Fonte: The Verge