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Análise | Pokémon Quest é uma experiência honesta para o modelo free-to-play

Por| 05 de Junho de 2018 às 13h48

Análise | Pokémon Quest é uma experiência honesta para o modelo free-to-play
Análise | Pokémon Quest é uma experiência honesta para o modelo free-to-play
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Pokémon Quest é o primeiro spin-off da série desenvolvido pela própria Game Freak e também o primeiro título gratuito dos monstrinhos de bolso que a empresa faz. A série já até chegou a ter games em versão free-to-play outras vezes, como em Pokémon Rumble World, desenvolvido pela Ambrela; e Pokémon Shuffle, pela Genius Sonority. Entretanto, esta é a primeira vez que a criadora original da franquia pisa fora do universo canônico.

Antes de entender Quest, é preciso ressaltar que, assim como qualquer jogo, ele não existe no vácuo. Então, é importante contextualizar onde este game aparece na fila do pão. Nintendo e Pokémon Company têm uma estratégia para os monstrinhos muito clara. Ambas anunciaram três títulos para os próximos anos.

Em 2019, chega aquele Pokémon em formato RPG com todas as características clássicas que a Nintendo prometeu em sua conferência na E3 2017. Este promete ser o título voltado ao jogador mais fiel e hardcore da série.

Ainda este ano, há também o lançamento de Pokémon Let's Go Pikachu/Eevee, uma produção integrada com a ex-febre Pokémon Go, da Niantic. A ideia é pegar a turma que se interessou pela brincadeira e puxar para o console. Ou seja, o público alvo aqui é o entusiasta recente dos monstrinhos. Um hardcore em potencial.

O terceiro título é o Quest, este jogo free-to-play com cara de mobile lançado sem grandes alardes. Colocar este game em seu contexto é importante para entender o objetivo: dar um gostinho mais casual do que é Pokémon.

Pokémon Quest é um experiência leve, simples e divertida. A começar pelo design dos personagens. Todos monstrinhos têm formato cúbico, com pouca definição em uma arte de certa forma voxelizada, isto é, equivalente ao pixel art, mas em 3D.

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Jogo traz uma versão "volumétrica" dos mosntrinhos (Foto: Wagner Alves/Canaltech)

A escolha do estilo é bastante óbvia: conseguir tempo hábil e qualidade para animar todos os Pokémon da primeira geração. Ao criar mais de um milhar de monstrinhos, a Game Freak se afunda em um processo de desenvolvimento cada vez mais complexo, já que criar um game atualizado requer refazer toda animação de golpes, redesenhar cada arte.

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Dessa forma, limitar aos 150 (e um) iniciais e organizá-los em um formato o mais simples possível, mas mesmo assim carismático, foi uma decisão acertada para um jogo que não se propõe ambicioso. Os desenho fofo também faz com que se fique na expectativa de como eles se propuseram a fazer até os personagens mais complexos, como Ninetales ou Butterfree. Nesta linha de raciocínio, também não vale esperar por animações complexas de golpes ou mesmo para as evoluções.

Mobile no console

Não é só da mecânica free-to-play que Pokémon Quest bebe dos jogos para smartphones e tablets. O título foi feito para se jogar com o touch. Aqui vale uma ressalva metalinguística: esta análise foi feita com metade da gameplay jogada com Switch no dock e metade com o console na mão. Comecemos, portanto, pela primeira experiência.

Com o jogo na TV, a jogabilidade funciona com uma seta que se move tal qual fosse um mouse, mas responde ao joystick do joy-con esquerdo. A princípio isso não é um problema, já que todos os menus são acessados facilmente sem grande esforço na movimentação.

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Entretanto, na medida em que o jogo avança, não só a lenta movimentação do mouse se torna tediosa, como também ineficaz para momentos que exigem destreza nos estágios de batalha. O sistema de luta funciona da seguinte forma: os três Pokémon da sua equipe se movimentam sozinhos pelo mapa atacando o inimigo mais próximo (ou o que estiver atacando de volta). Entretanto, o jogador pode (e deve) ativar alguns golpes apertando um botão na barra inferior. Assim, o Pokémon dá seu golpe específico, que pode ser direcionado para frente, para os lados ou dano em área. Isso quer dizer que o timing é um fator importante na estratégia de luta, o que fica totalmente comprometido com a utilização dos joysticks. A velocidade do mouse não é alta nem precisa o suficiente para gerar um conforto nesses momentos. Em suma, a recomendação é usar o aparelho como se fosse um tablet.

O que nos leva à segunda experiência de jogo. Com o Switch na mão e tocando na tela, o game flui muito melhor. A jogabilidade é visivelmente orientada para o mobile, o que fica evidente em botões geralmente muito maiores do que o design comum de jogos para console. Toda mecânica de arraste de itens para equipar os personagens mostra que o game bebeu da experiência mobile.

Por mais que o hábito possa forçar a pensar que esta cara de “jogo de tablet” seja uma crítica, a maestria com que isso é feito no Switch expõe que a Nintendo e a Game Freak entenderam bem como funciona um touch. Vale lembrar, este é um jogo free-to-play, voltado a um público de entrada e deve ser encarado como tal.

Temos que... Cozinhar?

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Uma das características curiosas de Pokémon Quest é a forma como se “capturam” os monstrinhos. As aspas se devem ao fato de que, diferente dos outros títulos da série, eles não ficam aqui confinados em pokébolas. Aliás, o conceito de “treinador” não passa nem perto deste título.

Aqui, os Pokémon andam livremente e eles que tomam a iniciativa de andar e atacar. Sem a figura do treinador, a desculpa do game para fazer você ter um personagem no seu time é que o cheiro dos alimentos atraem os animais fictícios. Dessa forma, é por uma mecânica cozinhar que jogador consegue atrair novos Pokémon para seu time.

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Tempo de cozimento varia de acordo com rodadas. No caso, falta uma rodada (3/4) para aparecerem novos Pokémon (Foto: Wagner Alves/Canltech)

Para isso, é preciso colocar vários ingredientes numa grande panela, cuja ordem pode atrair um monstrinho mais voltado ao elemento fogo, água, gelo, elétrico e por aí vai.

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Aqui, Quest empresta novamente uma mecânica típica dos mobile. Quando você colocar um prato para cozinhar, é preciso esperar um número determinado de rodadas para que fique pronto. Entretanto, pode-se usar moedas do jogo para adiantar o processo.

Pouco papo, muita ação

Como a maioria dos jogos de Pokémon, este título não é focado essencialmente na narrativa. A história gira em torno de uma ilha que é explorada por um robô autônomo. A ideia é que, assim que os monstrinhos vão abrindo caminho pelos ambientes, o veículo consegue identificar mais daquele local. Este é só um pano de fundo para justificar um caminho de batalha injustificável que é Pokémon. E tudo bem, é para isso que estamos aqui.

Embora tenha pouca narrativa, o game compensa em ações. Entretanto, veja bem, não estamos falando em movimentação na tela; a referência aqui diz mais respeito à quantidade de coisas que o jogador precisa fazer a cada instante.

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O título funciona em um sistema de rodadas com alguns passos quase que sempre definidos. A ação começa com a coleta de itens, passa por equipar os personagens e só depois vai para o cenário de batalha em si.

Aqui, mais uma vez, o jogo toma emprestadas características do mobile. A cadência é determinada por pontos de ação. Cada vez que o jogador entra no cenário de luta, gasta um de um total de cinco pontos. Essa pontuação, em contrapartida, é recuperada em uma unidade a cada 30 minutos, ou usando moeda do jogo.

Como título free-to-play, este é o modelo de negócio: criar situações de espera para que o jogador se sinta motivado a investir em formas de acelerar a partida. O que também não é um problema se bem cadenciado na gameplay.

Para testar essa cadência, para esta análise jogamos de duas formas. A primeira foi com o foco nas batalhas. Como são elas que gastam os pontos de ação, ir correndo com as lutas vai fazer com que você fique travando e tenha que investir moedas do jogo ou esperar para continuar.

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Pokémon fica mais forte com utilização de itens de força e vida (Foto: Wagner Alves/Canaltech)

Já a segunda foi aproveitando todas possibilidades que o jogo oferece, estudando melhores estratégias para cada terreno, equipando bem os itens, escolhendo os Pokémon. Isso faz com que os momentos de espera fossem realmente raros.

Importante salientar que Pokémon Quest é um típico jogo de intervalos. Ou seja, um título para ser explorado em parcelas e não em maratonas de oito horas de jogatinas seguidas (até porque, parte dela será em espera).

Por fim, o jogo oferece um sistema bastante simples, mas muito prazeroso de estratégia que facilita em muito enfrentamento dos inimigos. Ele também pede constantemente que você volte ao estágio anterior para ganhar mais itens e passar de level antes de enfrentar a próxima fase.

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Aliás, existe um sistema de treinamento que consiste em sacrificar outros Pokémon para a melhoria de um que está sendo usado em batalha. Decisão difícil em perder um bichinho da sua lista, mas que ajuda bastante a acelerar o processo de ganho de nível na jogatina.

Afinal, vale a pena?

Se você tem um Switch, não há motivos para não baixar e dar uma chance a Pokémon Quest, até porque ele é gratuito. Para o que ele se propõe a fazer, que é levar uma experiência casual para um jogo simples no console, faz muito bem. Entretanto, não é um jogo espetacular, nem adiciona grandes coisas ao gênero.

As características do free-to-play, tais quais o ambiente de espera que transforma tempo e ansiedade em modelo de negócio, podem não combinar muito com um console como o Switch, nem com uma franquia como Pokémon. Contudo, não são feitas de forma exagerada e se justificam pela gratuidade. Vale lembrar que ele também foi anunciado para smartphones, com lançamento ainda em junho. Divertido e carismático, vale aquelas horas cativas na cama antes de dormir.

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Pokémon Quest foi lançado em 29 de maio para Nintendo Switch.