Novo telescópio na América do Sul vai monitorar pequenos asteroides perigosos
Por Wyllian Torres | Editado por Patricia Gnipper | 27 de Abril de 2021 às 12h50
O segundo Telescópio Test-Bed Telescope 2 (TBT2), da Agência Espacial Europeia (ESA), foi instalado com sucesso no Observatório La Silla, do Observatório Europeu do Sul (ESO), localizado no Chile. Este é o segundo telescópio deste tipo e faz parte do projeto Flyeye, da ESA, que pretende monitorar objetos que se aproximem da Terra e possam se tornar uma ameaça. O TBT2 já capturou suas primeiras luzes do céu noturno em primeiros testes.
- Observatório SKAO é inaugurado com as maiores redes de radiotelescópios
- Asteroides se aproximam da Terra o tempo todo, mas não estamos em risco!
- Qual a diferença entre meteoro, meteorito, meteoroide, asteroide e cometa?
O projeto colaborativo entre ESA e ESO pretende monitorar o céu em busca de pequenos objetos próximos à Terra — trabalho este que a NASA já realiza, mas quando se trata de prevenção, todo cuidado adicional é bem-vindo. Para isso, foram construídos dois telescópios com cerca de 56 cm de diâmetro. O primeiro está localizado na estação terrestre da ESA, em Cebreros, na Espanha. Por enquanto, o trabalho segue em fase de testes para avaliar os recursos necessários para uma detecção e observação de objetos próximos de maneira mais eficiente possível.
O chefe da Seção de Tecnologias Ópticas da ESA, e líder do projeto, Clemes Hesse, explica que, embora os telescópios sejam de um modelo bem padrão e comum, os testes permitem que novos algoritmos sejam desenvolvidos de maneira remota, além das operações e técnicas de processamento de dados que a futura rede de telescópios Flyeye usará para observar o céu de maneira automática. A pandemia de COVID-19 tornou o processo de instalação e primeira captura de luz do telescópio em um grande desafio, o qual foi superado pela equipe envolvida no trabalho — claro, dentro de todos os protocolos de segurança.
Estima-se que, hoje, existam cerca de 900 mil asteroides em nosso Sistema Solar e, desse total, aproximadamente 25 mil são considerados como próximos à Terra — e mil deles estão na lista de risco da ESA. Os objetos grandes são relativamente mais “fáceis” de localizar; o problema são os de médio e pequeno porte, que são os tamanhos mais comuns pela vizinha do planeta, mas nem sempre nossos aparelhos conseguem observar esses corpos com antecedência.
Não há como calcular o risco em potencial que algum desses objetos pode apresentar sem saber informações quanto à sua localização, por exemplo. “Para poder calcular o risco representado por objetos potencialmente perigosos no Sistema Solar, primeiro precisamos de um censo desses objetos”, explica Ivo Saviane, gerente local do Observatório La Silla, do ESO.
Atualmente, a busca por objetos no Sistema Solar é um processo lento, porque os telescópios usados são tradicionais e possuem um campo de visão bem pequeno — isso sem contar com a perturbação que a luz do espaço sofre ao penetrar a atmosfera terrestre. O projeto Flyeye é um esforço colaborativo para que esse problema seja resolvido, contando com equipamentos que possuem um campo de visão maior e cobrem uma região mais ampla do céu.
Todos os dados coletados serão enviados para o Minor Planet Center, da União Astronômica Internacional (IAU), somando mais informações para o monitoramento e compreensão da órbita desses objetos próximos. A equipe planeja ter o TBT2 funcionando até o fim deste ano.