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Cientistas explicam as listras de Encélado, lua congelada de Saturno

Por| 11 de Dezembro de 2019 às 17h30

NASA
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Encélado, a sexta maior lua de Saturno, é também uma das mais interessantes do Sistema Solar por apresentar grandes possibilidades de abrigar vida - o satélite natural tem um vasto oceano de água líquida por baixo por uma camada de gelo. Mas essa não é a única característica que torna esse mundo peculiar: além da água, Encélado apresenta listras em sua superfície, que intrigam os cientistas há muito tempo.

As listras se cruzam por toda a extensão da lua. Os pesquisadores buscaram entender como esse padrão surgiu e, depois de considerar as possibilidades e examinar os dados disponíveis, em especial os coletados pela sonda Cassini, parece que chegaram a uma resposta.

Pelo menos é o que afirma Doug Hemingway, que liderou uma nova pesquisa sobre Encélado. De acordo com o pesquisador, as listras são “espaçadas de maneira uniforme, com cerca de 130 quilômetros de comprimento e 35 quilômetros de distância”. Mas o que realmente torna a história interessante é que elas estão continuamente em erupção, “mesmo enquanto falamos”, afirma Hemingway. “Nenhum outro planeta ou lua congelada tem algo parecido”, completa.

Com seus colegas Max Rudolph, da Universidade da Califórnia, Davis e Michael Manga, da UC Berkeley, Hemingway usou modelos computacionais para simular e investigar as forças físicas que atuam em Encélado, capazes de formar as listras, que são na verdade fissuras no gelo da superfície da lua. A equipe também queria saber por que certas listras estão presentes apenas no polo sul do satélite, e por que são espaçadas de maneira uniforme.

Conceito artístico que mostra como se formam os gêiseres de Encélado (Imagem: NASA)
Conceito artístico que mostra como se formam os gêiseres de Encélado (Imagem: NASA)

De acordo com os cientistas, a resposta para a primeira pergunta é apenas “sorte”. Tais fissuras poderiam ter se formado em ambos os polos, mas aconteceu que o sul se abriu primeiro. Mas por que as rachaduras acontecem? Basicamente por causa da expansão da água quando ela é congelada.

Com base no que se sabe sobre Encélado, o gelo próximo aos polos da lua é mais fino do que em qualquer outro lugar na superfície. Quando a temperatura por lá cai, o oceano abaixo do gelo também congela. Quando a água se solidifica, sua densidade cai cerca de 9% e o seu volume aumenta, mesmo que a massa continue a mesma. Isso causa maior estresse na camada externa de gelo e, eventualmente, isso resulta na rachadura do gelo.

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E por que o gelo nos polos é mais fino? Bem, isso tem a ver com a órbita excêntrica (ou seja, elíptica) de Encélado. Às vezes, a lua está um pouco mais perto de Saturno e, às vezes, um pouco mais longe. Isso faz com que ela seja ligeiramente deformada, esticada, à medida que responde à gravidade do planeta gigante. Esse processo evita que a lua se congele completamente, e também faz com que a camada de gelo fique mais fina sobre os polos.

Assim, quando surgiu a primeira fissura no gelo, a água por baixo não congelou. Em vez disso, ela foi expelida por gêiseres e causou mais três rachaduras paralelas. "Nosso modelo explica o espaçamento regular das rachaduras", disse Rudolph.

Outras fendas se formaram devido ao peso do gelo e da neve se acumulando nas bordas da primeira fissura, chamada Bagdá (as fissuras recebem nomes de lugares que aparecem no livro Mil e Uma Noites), enquanto jatos de água expelidos congelavam e caíam. Esse peso fez ainda mais pressão sobre a fina camada de gelo, e provocou uma rachadura paralela a cerca de 35 quilômetros de distância. Por fim, a própria força gravitacional de Saturno impede que as fendas se fechem novamente.

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Todo esse processo único, que só poderia acontecer nesse mundo em particular, é bastante apreciado pelos astrobiólogos, pois as fissuras permitem estudar o oceano escondido de Encélado e investigar as possibilidades de haver algum tipo de vida por lá. Por isso, a equipe de Hemingway acredita que é “importante entender as forças que formaram e sustentaram” as listras, de acordo com o cientista.

Fonte: Carnegie Science