Crítica Nossa História de Amor | Filme no Prime Video é um romance sem novidades
Por Beatriz Vaccari | Editado por Jones Oliveira | 27 de Janeiro de 2022 às 22h00
Quando se trata do Hallmark Channel, o público estrangeiro geralmente tem um pé atrás em questões de qualidade de produção e roteiro. A emissora estadunidense tem diversos títulos (sobretudo de comédia romântica) em seu portfólio, mas, por geralmente garantir uma boa parte do orçamento para design de produção, elementos como roteiro, elenco e até mesmo a direção do projeto acaba contando com nomes mais iniciantes ou até mesmo amadores.
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O Prime Video tem uma espécie de parceria com o canal, o que significa que vários de seus filmes são distribuídos em diversos territórios e alcançando uma audiência além da estadunidense. Nossa História de Amor é um deles, e embora conte com essa pré-concepção de ser um longa do Hallmark, não é equivocado dizer que encontramos aqui um longa-metragem acima da média e com uma história capaz de entreter.
Passando-se numa cidadezinha fictícia chamada Waterford, somos apresentados à jovem Jamie (Maggie Lawson, a eterna detetive Juliet O'Hara na série Psych), apaixonada por histórias de amor e dona de uma livraria e café. Um dia, no entanto, ela e todos os lojistas locais descobrem que um grande empreendimento está prestes a chegar ao local, ameaçando o distrito comercial.
Disposta a fazer de tudo para não fechar as portas, ela só não contava com um pequeno problema: quem comanda esse novo estabelecimento empresarial é ninguém menos que Sawyer (Samuel Page, de The Bold Type), seu ex-namorado.
Comédias românticas e seus famosos clichês
Dito isso, não é ironia do destino, e muito menos uma mera coincidência, que a trama de Nossa História de Amor seja bem similar a do clássico de comédia romântica Mensagem Para Você. Na realidade, o filme de Scott Smith (do independente Rollercoaster, 1999) não oferece muitas novidades em seu enredo.
Com a briga de estabelecimentos comerciais, surge uma espécie de ex-lovers to enemies to lovers, em que mesmo com ambas partes puramente convencidas de que não existem sentimentos sobrando da época do colégio, todo mundo sabe o que vai acontecer meia hora depois.
Em paralelo, ainda há as histórias dos melhores amigos apaixonados um pelo outro e que se recusam a dizer a verdade por medo de a amizade acabar. É o que acontece com Rick (Marco Grazzini) e Lucy (Zibby Allen), dois colegas que trabalham na livraria de Jamie e cuja atração é mútua, mas a história acaba tomando todo o tempo do filme, embora seja tratada de forma coadjuvante.
E, por fim, há também o ciúme repentino por conta da aparição de um ex-namorado de Jamie, adicionado à história para movimentar a dinâmica dos protagonistas. É válido dizer que, embora o Hallmark tenha acertado na escolha do elenco, com dois atores com experiência suficiente na televisão para não entregar algo amador, faltou a simples checagem para verificar se havia química entre eles, o que infelizmente não existe.
O'Hara e Page estão se divertindo em seus papéis, levando a romcom como um belo escapismo para o estresse diário (como funciona para todos nós em frente à televisão), mas, infelizmente, por mais que exista uma amizade atrás das câmeras, nem mesmo esse sentimento conseguiu ressoar em seus personagens.
No fim das contas, é quase natural para o espectador esperar para ver o desdobramento dos acontecimentos comerciais do longa-metragem do que de fato torcer para o casal principal terminar junto.
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Excesso de histórias
O simples embate capitalista que divide uma grande corporação de um lado e o tradicional comércio local de outro já fornece material suficiente para desenrolar uma série de acontecimentos em Uma História de Amor, mas o fraco roteiro de Tracy Andreen e Deborah Jones tem tanta sede de parênteses abertos e arcos ramificando em sua história que facilmente esquece-os abertos e sem explicações.
Além da introdução (bem desnecessária, por sinal) de um ex-namorado aos 40 minutos do filme, a dupla ainda adiciona um casal fundador da livraria de Jamie na trama, em um momento que ela encontra uma espécie de diário com juras de amor e cartas românticas em sua loja.
Fechada para qualquer tipo de romance por traumas anteriores, mas obcecada em tornar sua livraria um ponto de pedidos de casamento e primeiros encontros, o que parece aqui é que o roteiro e a direção não souberam ao certo o que fazer com as altíssimas barreiras que construíram ao redor de sua personagem.
O que restou, então, foi reacender uma chama na protagonista com histórias que nem ao menos são suas. Isso acontece também pela falta de química entre ela e seu parceiro de tela, o que fica evidente quando seus personagens poderiam redescobrir sozinhos o significado de amor apenas revivendo a sua.
O veredito, no entanto, não torna Nossa História de Amor um filme descartável: o Hallmark sabe muito bem investir seu orçamento em paisagens lindas, figurino e um belíssimo cenário para tornar Waterford uma cidade no topo da lista de desejos de qualquer turista romântico.
A duração, com menos de 90 minutos, também ajuda muito nesse aspecto por não alongar tantos clichês a ponto de tornar o filme cansativo. O'Hara se diverte, e por um momento é interessante ver o interesse genuíno da população em salvar o comércio e a tradição local, mas o verdadeiro intuito da história, que é justamente propor um romance, acaba indo por água abaixo.
Nossa História de Amor está disponível no Prime Video.