Uma rede mais aberta, inclusiva e flexível sem perder seu orgulho histórico
Por Percival Jatobá | 23 de Novembro de 2021 às 10h00
Estamos passando por uma revolução silenciosa dentro da indústria financeira e, em especial, dentro da Visa. Você já deve ter ouvido falar em nossa nova campanha e a expressão “Rede das redes” para definir o novo posicionamento da marca. Ela é bem mais do que uma simples frase de efeito. Trata-se de um princípio que norteia o nosso processo de evolução e inovação. Significa dizer que estamos mais abertos, flexíveis, de olho nas profundas mudanças dos últimos tempos, nas oportunidades de mercado e nos anseios da sociedade.
Deixamos de ser uma empresa com foco nos meios de pagamento para ampliar nossa visão e campo de atuação, nos envolvendo com todas as novas formas de movimentar dinheiro no mundo — e queremos ser protagonista desse movimento. Temos a responsabilidade de criar condições (construir pontes, como me referi em um artigo anterior) para viabilizar a movimentação de dinheiro em qualquer lugar do mundo para todos, contribuindo para que compradores e vendedores – sejam pessoas físicas, pequenos estabelecimentos comerciais, grandes empresas ou governos — tenham sempre o que há de mais eficiente e seguro para realizar transações.
Embarcamos nessa jornada de olho na acelerada digitalização dos últimos anos e na necessidade de expandir o alcance de nossa rede. Adicionamos novos recursos, valores e desenvolvemos novas soluções – é assim que evoluímos de forma aberta. Sempre com a responsabilidade de fazer parceria com players que estão trazendo inovação para o setor.
E existe uma razão importante por trás disso: ainda há uma enorme oportunidade local e global de movimentar dinheiro e de oferecer às sociedades os benefícios dos pagamentos digitais, como conveniência, segurança e agilidade. Mas para que possamos efetivamente colocar isso de pé, precisamos evoluir nossa abordagem. O modelo tradicional, baseado em cartões físicos e transações que funcionam apenas em uma única rede, não será um movimento monetário à prova de futuro em um cenário de comércio cada vez mais digital e global, com oportunidade de mais de US$ 185 trilhões de dólares em fluxos de pagamento. Nosso papel é definir padrões interoperáveis para facilitar essas movimentações.
Hoje, podemos notar o efeito exponencial que a “Rede das Redes” tem de agregar e multiplicar novas plataformas e novos clientes – sem comentar os efeitos multiplicadores que temos observado em novos ecossistemas, como transporte público, cripto economia, movimentações transfronteiriças, agronegócio, saúde e pedágio, entre outros.
Imagine que, com o conceito de “Rede das redes” em ação, uma transação pode começar em uma rede e terminar em outra. Por exemplo, alguém pode iniciar um pagamento com seu cartão Visa, mas enviar o dinheiro para uma pequena empresa que não aceita o cartão e precisa receber o valor em sua conta bancária. A ideia é usar todas as redes disponíveis para otimizar a velocidade e o custo.
Nascimento de uma nova era
Vamos fazer um recuo no tempo para entender onde tudo isso começou. Se você se interessa pela indústria de pagamentos e sua evolução, recomendo fortemente o livro “Nascimento da Era Caórdica”, escrito por Dee Hock, fundador e CEO emérito da Visa. Ali, ele descreve com a paixão e a cumplicidade de um genuíno inovador a criação de uma das maiores redes de pagamento globais.
Em poucas notas musicais, tomo a liberdade de narrar da minha maneira alguns trechos. Em setembro de 1958, o Bank of America lançou oficialmente seu programa de cartão de crédito BankAmericard em Fresno, na Califórnia. Nas semanas que antecederam esse lançamento, o banco enviou como oferta aos cidadãos de Fresno um lote inicial de mais de 65 mil cartões de crédito.
Na época, a maioria dos norte-americanos de classe média já possuía um cartão de crédito rotativo emitido por vários comerciantes, o que era claramente ineficiente e inconveniente devido à necessidade de carregar cartões e se organizar para pagar tantas contas separadas a cada mês. A necessidade de um instrumento financeiro unificado já era evidente para a indústria americana de serviços financeiros, mas ninguém conseguia descobrir como efetivamente fazê-lo.
Ao longo dos anos 1960, o Bank of America licenciou o programa BankAmericard para bancos em outros países, que começaram a emitir cartões com marcas localizadas. E, na década seguinte, a Visa desenvolveu uma das maiores redes de processamento que o mundo já conheceu: a VisaNet, que hoje processa mais de 72 mil transações por segundo.
Com o passar do tempo, tomamos decisões icônicas, como abrir a VisaNet para que os desenvolvedores do mundo todo pudessem, através de APIs, se conectar ao ecossistema de pagamentos da Visa, que antes era destinado apenas a clientes. Foi uma clara demonstração que começávamos a abraçar os princípios da inovação aberta.
Assim trilhamos um caminho cheio de conexões. Como disse no início, não estamos falando de um produto ou tentando materializar uma ideia. Estamos abertos a novos olhares de parceiros em áreas onde não necessariamente estamos presentes ou somos dominantes. Acredito que, com nossa rede e nossos valores — a confiança, a escala e a segurança que oferecemos são mais valiosas do que nunca — podemos somar e contribuir para o futuro das comunidades globais.