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Campus Party | Horas trabalhadas caíram 14% em todo mundo, aponta OIT

Por| 09 de Julho de 2020 às 18h30

Campus Party | Horas trabalhadas caíram 14% em todo mundo, aponta OIT
Campus Party | Horas trabalhadas caíram 14% em todo mundo, aponta OIT
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Em outubro de 2019, Michael Watt presidia um painel da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre a globalização da economia e os impactos disso para diferentes classes de trabalhadores em todo mundo. O que Watt não poderia imaginar é que exatamente a globalização é que faria a COVID-19 se espalhar de forma tão rápida por todo planeta.

Watt é o representante técnico da organização. Em suma, ele a pessoa que organiza dados sobre trabalho no mundo. Watt está bem ocupado em 2020. Nesta quinta-feira (9), ele se apresentou na Campus Party Digital Edition, a versão online do evento que reúne campuseiros no Brasil e no mundo.

O executivo foi convidado a falar sobre os impactos da COVID-19 e o futuro do trabalho em todo mundo. Pela fala de Watt, é possível perceber que a própria OIT sabe muito mais sobre presente e futuro.

Segundo dados da OIT, a COVID-19 reduziu a carga de horas trabalhadas em 14% em todo mundo, em comparação ao final de 2019. Pela organização, isso significam 400 milhões de postos de trabalho (para uma carga de 48 horas semanais).

Campus Party | Horas trabalhadas caíram 14% em todo mundo, aponta OIT
Dados sobre redução do trabalho em 2020 (Arte e dados: OIT - Reprodução/Campus Party)

“A gente relatou ainda que, no primeiro trimestre, houve redução maior no continente asiático. Depois isso migrou para o continente americano”, disse o executivo na sua apresentação.

Watt também aponta quatro grandes setores mais impactados com a pandemia. O primeiro é da manufatura, junto a lojas de departamento, com mais de 460 milhões de empregos afetados em todo mundo. Nisso, pequenas e médias empresas são que estão com maior risco econômico, exatamente por não poderem se segurar neste momento.

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O executivo levanta que os trabalhadores informais também estão no topo do risco. “Esta classe especialmente está em risco porque não há a mínima possibilidade de recorrer à ajuda fiscal ou apoio do governo”, comenta Watt.

Ele também alerta para o problema dos jovens, a quem apelidou de “geração lockdown”, termo inglês relativo ao isolamento semelhante à quarentena. “Um em cada seis jovens em todo mundo deixou de trabalhar por conta da pandemia”, relata. Watt argumenta que esta geração passa por um duplo risco: o de não ter emprego, nem estudo, já que aulas estão suspensas, ou acontecendo remotamente, por conta do isolamento.

O último setor de risco, para a OIT, são as mulheres. O estudo da organização aponta que elas correspondem a 70% dos trabalhadores do setor de saúde. O principal problema aqui está na manutenção dos filhos em casa (cujo cuidado ainda é responsabilizado a elas), tendo que dividir tarefas domésticas com o emprego. Ainda há o risco maior de violência doméstica durante o isolamento, com menos oportunidades de busca de ajuda.

E o futuro?

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Segundo Watt, o Banco Mundial estima que a economia mundial deva reduzir em 5,2% em 2020 por conta da COVID-19. Entretanto, este número deve voltar no ano que vem com crescimento previsto para 4,2% em 2021.

A OIT aponta que é preciso direcionar esforços para que a retomada seja maior nestes setores apontados como mais necessitados. Contudo, Watt não apresentou ações concretas sobre como a OIT pretende colaborar para isso.

Segundo ele, a organização vai se focar em quatro pilares principais. O primeiro é de estimular a economia com políticas fiscais ativas em determinados setores; apoiar empresas e criação de trabalho; proteger trabalhadores, principalmente para evitar descriminação; e fomentar diálogos sociais sobre emprego.

A palestra de Watt está disponível no canal da Campus Party no Youtube.