Carros elétricos: desafios de uma nova era
Por Colaborador externo • Editado por Renato Santino |

Por Flávio Passos*
Depois que voltei de um dos maiores eventos do mundo do segmento automotivo, o NADA Show, que esse ano aconteceu em Las Vegas, comecei a refletir sobre o mundo equipado com carros elétricos. Em 2022, serão 34 lançamentos e uma perspectiva de vendas de 500 mil exemplares de veículos desse tipo nos Estados Unidos. Para 2030, a previsão é que, só no mercado americano, sejam consumidos quatro milhões de carros elétricos — um volume gigantesco! Mas será que estamos preparados para isso?
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Antes, a mecânica e as questões técnicas eram o centro das preocupações, mas hoje a indústria já percebeu que os desafios permeiam outras questões. A primeira delas é se comunicar com os novos consumidores: a Geração Z, pessoas sem memória de um mundo analógico.
Precisamos começar a atuar na fidelização desses clientes e, para isso, usar a digitalização a nosso favor é extremamente importante. Por meio de novas ferramentas de marketing, mídias sociais e apelo adequado, a indústria espera que aconteça um caminho similar ao dos smartphones, à medida que o poder de compra do jovem aumenta, a configuração de seu aparelho se torna mais robusta e moderna.
É fundamental entender que, ao se conectar com esse público, as empresas geram novas oportunidades de negócio e, falando em negócios, não é apenas a forma como nos comunicamos que deve mudar. Esse novo perfil de consumidor impacta toda a cadeia, incluindo onde esses carros serão expostos. Alguns revendedores já optam por expor seus carros elétricos não em showrooms tradicionais, mas em espaços criados em shoppings, por exemplo.
Outro gargalo, é o receio dos fornecedores com a perda de receita com serviços, como revisão por quilometragem, manutenção convencional ou, até mesmo, uma simples troca de óleo. Por isso, as empresas já estão pensando em como atuar na expansão de seus negócios e criar, junto com o governo, infraestrutura e estações de recarga.
Hoje, os veículos vendidos nos Estados Unidos alcançam, em média, 800 km por reabastecimento, e os elétricos mal chegam aos 400 km. Então, comunicar essa nova maneira de lidar com o automóvel é o desafio e a meta dos revendedores.
No entanto, para que carros elétricos deixem de ser uma utopia, as empresas precisam de fato aliar essas práticas a valores como inclusão social e diversidade. Quando trabalhados de forma efetiva, esses pilares dão a segurança que os clientes precisam e a feliz consequência é a sonhada fidelização.
*Flávio Passos é vice-Presidente de Autos e Comercial da OLX no Brasil