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Paulo Amaral/Canaltech
Único carro elétrico do mercado brasileiro a custar menos de R$ 100 mil em 2025, o Renault Kwid E-Tech pode ser uma opção bastante interessante para quem sonha entrar no mundo dos veículos “verdes”, mas não tem um orçamento muito grande em mãos.
Dotado de um motor de 65 cv de potência e 11,52 kgf/m de torque, o compacto da marca francesa não impressiona pela aceleração, que é de longos 14,6 segundos no tradicional 0 a 100 km/h.
A marca francesa, porém, deu um “tapa no visual” do hatch elétrico na versão 2026, agora em sintonia com o Dacia Spring europeu, e encorpou a lista de equipamentos em relação ao que era oferecido quando chegou por aqui.
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A reportagem do CT Auto foi convidada a passar um mês em posse do Kwid E-Tech e, ao final desse período, elencar os principais pontos positivos e, claro, o que pode ser melhorado nas próximas atualizações do hatch elétrico. Confira, então, como foi nosso mês a bordo do Renault E-Kwid, o carro elétrico mais barato do Brasil.
Prós
Design
Tecnologia embarcada
Praticidade para o dia-a-dia
Contras
Autonomia
Estabilidade em rodovias
Kwid E-Tech não serve para estrada?
A experiência de um mês a bordo do Renault Kwid E-Tech foi majoritariamente em perímetro urbano, mas contou com pelo menos dois deslocamentos em rodovias, feitos no percurso entre São Paulo e Jundiai, em ambos os sentidos.
Esses trajetos, em especial, serviram para jogar por terra uma crítica que algumas pessoas fazem aos carros elétricos de entrada, como o JAC E-JS1, o BYD Dolphin Mini e, claro, ao Kwid E-Tech: a de que eles “não servem” para pegar a estrada.
Embora tenha pontos a serem melhorados, como a autonomia declarada, que é de apenas 180 quilômetros por ciclo, por conta da bateria de 26,8 kWh, o desempenho do E-Kwid, como é chamado pela Renault, surpreendeu.
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A reportagem do CT Auto retirou o carro na região da Vila Madalena, em São Paulo, com a bateria completa, e chegou ao destino final, em Jundiaí, com o mostrador digital apontando 74% de carga restante.
Isso significa que, entre cidade e estrada, em um percurso de exatamente 64,3 quilômetros, foram gastos 26% de bateria. Em uma conta simples, usando regra de três, a autonomia do Kwid E-Tech, com base nesses números, seria de 247,3 quilômetros por ciclo, superior à declarada pelo Inmetro.
Como anda o Renault Kwid E-Tech?
O segundo ponto a ser analisado após a experiência de um mês do CT Auto ao volante do carro elétrico mais barato do Brasil diz respeito à dirigibilidade em si para decretar, enfim, como anda o Renault Kwid E-Tech.
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Nesse quesito em particular, duas vertentes principais estiveram sob a ótica do Canaltech: o desempenho em si, oferecido pelo motor elétrico de 65 cv de potência, e o comportamento dinâmico, que envolve a estrutura do carro francês, os ajustes de suspensão e a “tocada” como um todo.
Em relação ao conjunto mecânico, embora não seja de tirar o fôlego, característica comum aos carros elétricos de categorias superiores, ele não faz feio. O Kwid E-Tech conta com força suficiente para ser ágil em ultrapassagens e rodar sem maiores transtornos em rodovias. Na cidade, faz valer a vantagem a aceleração imediata e “ganha” pontos até em relação a carros mais badalados.
O pequeno senão da experiência ficou por conta da estabilidade. Como é um carro bastante leve (pesa apenas 969 kg), o Renault Kwid E-Tech acabou “balançando demais” em velocidades mais altas na estrada e, para os motoristas menos experientes, pode passar uma certa sensação de insegurança.
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Vale pontuar, porém, que o E-Kwid foi projetado para priorizar o uso urbano e, no trânsito intenso das grandes cidades, ele se saiu maravilhosamente bem, especialmente se comparado com os modelos equivalentes a combustão — como o próprio Renault Kwid com motor flex.
Isso significa que, embora deixe a desejar no quesito estabilidade, o Kwid E-Tech pode, sim, encarar uma estrada sem maiores problemas, principalmente se a viagem for curta, já que a autonomia, embora tenha sido suficiente para cobrir o trajeto entre São Paulo e Jundiaí sem sustos, é pequena e pode causar a famosa “ansiedade de recarga” em muita gente.
Embora tenha alguns pontos a melhorar, Kwid E-Tech mostrou que pode, sim, ser uma boa porta de entrada para o mundo elétrico.
— Paulo Amaral
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Pacote tecnológico agrada
O Kwid E-Tech é o carro elétrico mais barato do Brasil, mas, nem por isso, a Renault deixou de fazer jus ao “sobrenome Tech”. Os recursos de segurança, assistência ao motorista e conforto são dignos de modelos mais caros e mostraram, no uso cotidiano, que facilitam realmente a vida de quem está ao volante.
Funções como alerta de colisão frontal, assistente de manutenção em faixa e, principalmente, reconhecimento de placas de trânsito, dão ao motorista total segurança para conduzir o carro sem se preocupar em ultrapassar a velocidade máxima permitida na via e, assim, correr o risco de levar uma multa.
O limitador de velocidade com controle de cruzeiro também ajuda a se manter “dentro da lei” e é bem fácil de ajustar. O único recurso que, embora útil, tenha se mostrado “intrusivo demais” durante os testes, foi o sensor de fadiga, que insistia em emitir alertas mesmo com as duas mãos corretamente posicionadas no volante. Nada que uma calibração melhor não resolva.
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O E-Kwid conta ainda com frenagem regenerativa, função ECO, câmera de ré, controle eletrônico de estabilidade, monitoramento da pressão dos pneus, abertura elétrica do porta-malas, espelhamento da tela do celular e muitos outros recursos que alguns concorrentes mais caros não entregam. Ponto para a Renault.
Quanto custa por mês carregar o Kwid E-Tech?
Como pontuamos no início deste review, a experiência de ser “dono” do carro elétrico mais barato do Brasil por um mês contou também com a parte “chata”: arcar com os custos de recarga da bateria de 26,8 kWh, que dá autonomía de 180 km por ciclo, segundo o Inmetro.
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Rodamos quase 1.000 quilômetros a bordo do E-Kwid (864, para ser exato), incluindo uma ida e volta entre São Paulo e Jundiaí. Durante esses 30 dias, foram necessárias apenas três cargas completas e uma parcial para rodar sem sustos a bordo do hatch elétrico da Renault.
Como o kWh em Jundiaí, local onde foram feitas as recargas, custa R$ 1,40, o gasto total com energia elétrica para três recargas completas e uma parcial (50%) ficou em torno de R$ 131,32.
O valor é inferior ao que seria gasto para completar o tanque de um Kwid a combustão, com capacidade para 38 litros, se considerarmos o valor da gasolina a R$ 6,50, pois seriam necessários R$ 247. Além disso, o Kwid roda cerca de 581 quilômetros por tanque com gasolina; ou seja, necessitaria de pelo menos mais meio tanque (ou mais R$ 123,50) para completar os mais de 800 km rodados com a versão elétrica.
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Se colocarmos na ponta do lápis os custos com energia/gasolina e o que cada versão do Kwid oferece, o E-Tech leva muita vantagem sobre o "irmão" a combustão.
— Paulo Amaral
Renault Kwid E-Tech: vale a pena ou não comprar?
Após passar um mês rodando com o Renault Kwid E-Tech, com direito a duas viagens curtas, a conclusão é simples: vale muito a pena investir pouco mais de R$ 99 mil para contar com o hatch elétrico francês na garagem.
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Embora ainda tenha alguns pontos a serem melhorados, especialmente na dirigibilidade em rodovias e, também, na autonomia, o E-Kwid parece a escolha lógica, principalmente no comparativo com o “irmão” a combustão, mesmo em sua versão mais completa.
O Kwid Outsider custa, hoje, em torno de R$ 85,2 mil, mas não entrega a “experiência elétrica” que tem cativado cada vez mais clientes dentro e fora do Brasil. Os quase R$ 15 mil cobrados a mais no preço do E-Kwid certamente valerão à pena se o consumidor fã do hatch francês colocar ambos na balança.
*A unidade do Kwid E-Tech utilizada nesse review foi gentilmente cedida ao Canaltech pela Renault do Brasil.