Starlink é lenta demais para robôs de guerra na Ucrânia; país busca soluções
Por Vinícius Moschen • Editado por Léo Müller | •

Soldados ucranianos estão percebendo que a internet por satélite da Starlink não oferece a velocidade necessária de conexão em algumas situações. A qualidade é essencial para o funcionamento correto de equipamentos em combate, incluindo robôs e drones.
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Dependendo das condições, é preciso lidar com velocidades de apenas 10 Mbps. Esta restrição resulta na baixa qualidade da transmissão de vídeo dos robôs para o controle remoto usado para guiá-los.
De acordo com o Vadym Burukin, tecnólogo e CEO da startup de drones Huless, é preciso que esse vídeo chegue a taxas de pelo menos 30 quadros por segundo:
"Se você tem apenas dez quadros por segundo e está se movendo rápido, há uma grande chance de acabar em um campo minado ou em uma árvore", disse ele.
Portanto, o impacto na velocidade desses veículos é significativo: os robôs se movem a 10 km/h, cerca de metade do necessário. Por isso, levam até 2 horas para atravessar uma zona de fronteira de 20 km que está sob risco constante de ataques.
Além da velocidade, outros problemas já foram relatados em campos de batalha, o que é resultado do fato de a Starlink não ter tecnologia desenvolvida originalmente para usos militares.
A interferência é descrita como uma dificuldade recorrente, e a vibração dos veículos em terreno irregular é outro fator capaz de causar interrupções. Chuvas, nuvens e cobertura vegetal também são “inimigos” do sinal da Starlink.
Robôs e drones na guerra
A internet via satélite da SpaceX Starlink é considerada crucial para a Ucrânia desde o início da guerra.
Os robôs que usam esse serviço de internet geralmente são empregados para entregar suprimentos, evacuar feridos e atacar tropas russas sem colocar soldados em risco.
No momento, o equipamento não pode substituir completamente os soldados, mas reduz os riscos humanos em áreas particularmente perigosas.
Para melhorar o sinal, são utilizados drones com repetidores de sinal, capazes de aumentar o alcance da comunicação para até mais de 40 km. O equipamento é conectado ao solo por cabo, e levantado a 150 m de altura.
Isto permite a realização de missões profundas em território controlado por russos, com distâncias de até 80 km entre o drone e o controlador.
Como uma maneira de superar problemas de conectividade, engenheiros procuram criar sistemas de navegação autônoma com inteligência artificial. A expectativa é que essa tecnologia predomine nas batalhas em poucos anos.
Entre as melhorias esperadas dentro destes sistemas está a redução da dependência do controle humano, além da mitigação dos problemas de interferência ou bloqueio de sinal. O objetivo futuro é a automação de grande parte das operações na linha de frente.