Oi pode falir em 9 meses, aponta relatório judicial; operadora contesta
Por Léo Müller |

A situação financeira da Oi voltou ao foco depois que um relatório do Observador Judicial, entregue à 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, indicou que a operadora teria recursos de caixa suficientes para manter as operações por, no máximo, nove meses. Ou seja, a empresa aprofunda seu "risco de pré-falência".
- Por que o sinal de celular oscila tanto dentro do metrô?
- Internet discada? Brasil deu adeus há 15 anos, mas EUA só agora vai encerrar
O documento conclui que a companhia depende da venda de ativos e de medidas extraordinárias para seguir em funcionamento, já que a atividade principal não gera fluxo de caixa suficiente.
Segundo o Telesíntese, o relatório mostrou que, entre maio e julho de 2025, a Oi registrou resultado operacional negativo de R$ 313 milhões. No mesmo período, houve queda acentuada no pagamento a credores: de R$ 67 milhões em março para apenas R$ 3 milhões em julho.
O laudo também destacou dívidas de R$ 96,3 milhões com fornecedores essenciais, incluindo a Hispamar Satélites, cujo contrato foi mantido por decisão judicial para evitar interrupção de serviços estratégicos.
Outro ponto levantado foi o portfólio imobiliário da empresa. Dos quase 8 mil imóveis listados, mais de 7,2 mil poderiam ser vendidos, avaliados em cerca de R$ 4,8 bilhões.
No entanto, grande parte deles está vinculada a contratos de comodato com a V.tal (empresa que opera parte da rede de fibra da Oi), o que pode atrasar e encarecer eventuais transações.
Oi contesta Observador judicial
A Oi, por sua vez, contestou formalmente as conclusões do relatório. Em manifestação protocolada no dia 24 de setembro, a empresa argumentou que o documento apresenta apenas uma “fotografia” de curto prazo.
Segundo a operadora, a avaliação de sua viabilidade cabe à Assembleia Geral de Credores, e não ao Judiciário.
De acordo com o Telesíntese, a operadora afirmou que os resultados negativos refletem um período de transição, marcado pela desmobilização de serviços deficitários, como a telefonia fixa em cobre e a antiga operação de TV por assinatura.
Como contrapartida, a empresa citou iniciativas para reduzir custos e aumentar eficiência.
Projetos da Oi para resolver risco
Entre elas está o Projeto Oscar, que prevê o desligamento completo das redes de cobre até dezembro de 2025.
Só no primeiro semestre deste ano, a medida teria reduzido R$ 745 milhões em custos, com expectativa de atingir R$ 2,3 bilhões desde 2023.
Outro destaque é o Projeto Fênix, voltado à modernização de sistemas da Oi Soluções, braço B2B que a empresa considera lucrativo e sustentável.
A operadora também listou ativos estratégicos para reforçar liquidez, incluindo sua fatia de 27,26% na V.tal, avaliada entre R$ 11 bilhões e R$ 13,5 bilhões, além de créditos tributários de R$ 8,3 bilhões e potenciais ganhos de até R$ 65 bilhões em uma arbitragem contra a Anatel.