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Funcionários da Apple estariam revoltados com sistema de rastreamento da empresa

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 13 de Agosto de 2021 às 09h34

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Divulgação/Apple
Divulgação/Apple
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Há uma semana, a Apple anunciou novos mecanismos de monitoramento para coibir a prática de abuso sexual infantil. Embarcadas com uma poderosa capacidade de vigilância, funcionando de forma local e utilizando a comparação de hashes para encontrar fotos e vídeos com o tipo de material ilegal, as ferramentas colocam a fabricante sempre de olho nos usuários — e isso foi alvo de críticas de especialistas em segurança, entre eles Edward Snowden, que ficou famoso ao revelar um imenso esquema de espionagem global por parte do governo dos Estados Unidos.

Contudo, parece que não foram apenas críticos de fora da companhia que ficaram preocupados com o poder da novidade. Segundo uma reportagem da Reuters, o anúncio das ferramentas de combate a posse e compartilhamento de conteúdo relacionado a abuso sexual infantil (CSAM, na sigla em inglês) causou um burburinho também internamente.

Apenas nos grupos de trabalho da Apple no mensageiro corporativo Slack, foram cerca de 800 mensagens focadas no tema. O grupo se preocupa com o fim que o mecanismo pode levar, com a possibilidade dele ser utilizado por governos autoritários — para aplicação de censura e caça aos opositores, por exemplo.

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A discussão teria durado horas, o que costuma não acontecer com frequência, afirmam os funcionários da Maçã que conversaram com a Reuters sob a condição de anonimato. Ainda de acordo com eles, especialistas em segurança da casa com cargos de liderança não deram seus palpites, mas integrantes da equipe acreditam que a implementação das ferramentas é uma “resposta razoável” para reduzir a circulação de material ilegal.

Uma mancha na reputação

Para uma empresa que sempre se glorificou por construir um sistema seguro e privativo, a implementação das medidas como esta para combate à circulação de CSAM segue o caminho contrário. A Apple diz que o mecanismo é livre de falhas e não violaria a privacidade alheia, já que funciona de forma local, mas essa é somente uma forma positiva de ver as coisas.

Em resposta, nesta semana a companhia tentou esclarecer alguns pontos: ela se comprometeu a não aceitar pedidos de governos para ampliar as categorias de monitoramento; informou que o recurso funciona somente em fotos enviadas ao iCloud; e garantiu existir mecanismos de segurança que protegeriam a função de intervenção até da própria Apple.

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Precedentes não mentem

Dificultando a situação, a Apple não tem um bom histórico quanto a intervenções governamentais. A companhia frequentemente atende a pedidos de autoridades locais para implementar ou tirar funções do iPhone — a App Store disponível na China é um belíssimo exemplo.

O cenário incerto de fato levanta a questão: que caminho a novidade pode levar? Vale lembrar que a própria Apple já se mostrou contrária à implementação de medidas de monitoramento para combate ao terrorismo, após um pedido feito pelo FBI, em 2016. Então, o que mudou de lá para cá? E por que o CSAM seria motivo o suficiente para repensar essa postura?

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Provavelmente, perguntas como essas jamais serão respondidas pela companhia, considerando que ela não costuma dar detalhes sobre as próprias decisões estratégicas. Ainda assim, resta um fio de esperança para que ela ao menos reflita sobre as novas funções, já que até seus próprios funcionários se mostram descontentes.

Fonte: Reuters