Quer cuidar melhor da bateria do seu celular? Veja estas dicas de especialistas
Por Rubens Eishima • Editado por Bruno Salutes | •
A conveniência de ter um mundo de informações e serviços na palma da mão tem um preço, e ele vai muito além do valor pago pelo celular. Quanto mais conectados ficamos, mais dependemos dos smartphones e, para isso, deles estarem com carga. O Canaltech conversou com dois especialistas para conhecer dicas de como cuidar da bateria do celular e quais cuidados são importantes na hora de recarregar o aparelho.
Apesar de não estarem mais sujeitas ao antigo “efeito memória”, as baterias ainda são componentes que pedem alguns cuidados para durarem o esperado. Parte das recomendações podem ser encontradas nos manuais dos aparelhos, enquanto outras acabaram se revelando com o tempo, especialmente para novas tecnologias como recarga rápida ou sem fio.
Entrevistamos o fundador da assistência especializada TechGuru, Phelipe Hamoui, e Carlos Fernando Teodósio, coordenador do curso de Engenharia Eletrônica e de Computação da Escola Politécnica da UFRJ, para falar sobre os cuidados recomendados na hora de recarregar o celular, além de esclarecer alguns mitos sobre o processo.
Desconecte antes dos 100%
As antigas baterias de níquel-cádmio (NiCd) apresentavam uma capacidade reduzida quando submetidas a recargas constantes, o chamado “efeito memória", mas a vasta maioria das baterias atuais, porém, usa outra composição, com íon de lítio. De acordo com Teodósio, o recomendado é desconectar a bateria do carregador pouco antes de atingir os 100% de carga. A sugestão se aplica, por exemplo, ao deixar o aparelho carregando durante a noite, o que os dois especialistas aconselham evitar.
Alguns dispositivos e carregadores até contam com sistemas que cortam o fornecimento de carga quando o celular alcança a capacidade máxima, mas nos aparelhos que não contam com o recurso, mantê-los ligados à tomada pode expor o componente a altas temperaturas, acima dos 40 graus, o que tende a reduzir a sua vida útil, segundo as fontes consultadas pelo Canaltech.
Plugue com 20%, desplugue com 80%
Tanto Teodósio quanto Phelipe Hamoui citaram a recomendação de alguns fabricantes para iniciar a recarga quando a bateria está próxima dos 20% de capacidade, mas destacaram que ela não é uma regra. O principal cuidado citado pelos especialistas é não deixar a carga chegar a zero, ao contrário da dica dada às antigas baterias de NiCd. Um ponto destacado por Teodósio é interromper a recarga por volta dos 80%:
“O carregador irá submetê-la às mais altas tensões durante os últimos 20% de carga. Portanto, para não submeter a bateria ao stress de tensão, o ideal seria interromper o carregamento a partir dos 80% de carga.”
O motivo nesse caso é que quanto mais próxima da carga completa, mais “difícil” é recarregar o componente. Isso pode ser verificado no tempo de recarga até 50% e o quanto leva para completar a capacidade — pelo mesmo motivo muitos fabricantes enfatizam o tempo de recarga para um valor intermediário nos materiais de divulgação de seus aparelhos, proporcionalmente menor do que o tempo total.
Na mesma linha, Hamoui lembra que colocar o dispositivo para recarregar o tempo todo por curtos períodos pode ter efeitos negativos na bateria:
"Hábitos como ficar plugando o celular durante o dia, seja no carro ou no computador, com o intuito de ter um pouco mais de bateria também podem prejudicar a vida útil do mesmo."
Não deixe chegar a 0%
Vale repetir: descarregar completamente a bateria apresenta riscos ao componente e reduz a sua vida útil. Teodósio afirma que a prática por causar danos à estrutura interna da bateria, comprometendo a sua eficiência.
O coordenador da Escola Politécnica da UFRJ lembra ainda que a ideia de descarregar o componente por completo é herança das antigas baterias, que acabavam ficando “viciadas”, o que não acontece com as baterias de íon de lítio.
Cuidados ao deixar o aparelho desligado por muito tempo
Caso seja necessário deixar o aparelho guardado por um longo período, o fundador da TechGuru dá duas dicas: armazená-lo com cerca de 50% de carga e em um ambiente fresco e sem umidade.
"Se ele for guardado descarregado, a bateria poderá entrar em modo de descarga, a ponto de ser impossível de carregá-la novamente. Mas, se ele for guardado cheio por muito tempo, a bateria perderá parte da capacidade, reduzindo a vida útil."
Outra recomendação dada por Hamoui é desligar o aparelho, para minimizar a perda de carga. Ao usá-lo novamente, recarregue o dispositivo, se possível com o acessório de fábrica.
Cuidados com a temperatura
A temperatura ambiente não é importante apenas ao armazenar o celular. Os especialistas destacam que deixar o aparelho recarregando em um local quente pode prejudicar a bateria. O componente tem a vida útil reduzida quando submetida a mais de 40ºC, lembra Teodósio.
Como o próprio processo de recarga costuma gerar um aumento de temperatura no aparelho, é recomendado procurar um ambiente mais fresco e arejado ao ligar o celular à tomada.
O professor da UFRJ deu uma dica pouco lembrada na hora de “abastecer” o eletrônico. Deixar o aparelho desligado durante a recarga não apenas diminui o tempo necessário, como também expõe a bateria a uma temperatura menor, o que pode prolongar a vida útil do componente.
Carregadores rápidos e sem fio
Cada vez mais comuns entre os aparelhos — e destacados cada vez mais pelos fabricantes —, as opções de recarga rápida e sem fio ainda levantam algumas dúvidas sobre seu uso.
“Os carregadores rápidos normalmente trabalham com correntes elétricas mais elevadas, para fornecer uma grande quantidade de carga em pouco tempo. Essas elevadas correntes podem submeter a bateria a temperaturas mais altas que os carregadores comuns, diminuindo seu tempo de vida útil.”, destacou o professor Teodósio.
O coordenador da Politécnica da UFRJ citou ainda um estudo publicado pela Universidade de Warwick que identificou que carregadores sem fio podem expor o celular a temperaturas acima do ideal, o que pode reduzir a vida útil do aparelho.
Independentemente do carregador usado, vale seguir o conselho do fundador do TechGuru e usar apenas acessórios homologados para não correr riscos. Na dúvida, consulte o manual e a lista de compatibilidade do fabricante do seu celular ou tablet.
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