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Apple, Google e outras teriam usado ouro ilegal de terras indígenas brasileiras

Por| Editado por Wallace Moté | 25 de Julho de 2022 às 13h36

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Reprodução/iFixit
Reprodução/iFixit

Uma reportagem especial publicada pela Repórter Brasil esta segunda-feira (25) revela que Apple, Google, Microsoft e Amazon usaram ouro ilegal extraído de garimpos clandestinos em terras indígenas da Amazônia. A investigação mostra que eletrônicos de quatro das maiores empresas de tecnologia do mundo foram destino final da refinadora italiana Chimet e da brasileira Marsam, ambas investigadas pela Polícia Federal e Ministério Público Federal.

A matéria assinada por Daniel Camargos aponta que as quatro empresas citadas (Apple, Google, Microsoft e Amazon) compraram metal da refinadora italiana Chimet, investigada pela PF por extração ilegal de ouro na Terra Indígena Kayapó, e da refinadora brasileira Marsam, cuja fornecedora FD'Gold é acusada pelo MPF de causar danos ambientais por extração ilegal de ouro.

Embora seja apontado por órgãos brasileiros que a Chimet e a Marsam tenham comprado ouro extraído ilegalmente de territórios indígenas demarcados, as refinadoras "são certificadas e consideradas 'aptas' a vender nos Estados Unidos e na Europa — regiões que exigem maior transparência dos fornecedores de minérios", afirma a reportagem.

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Apple, Google, Microsoft e Amazon são obrigadas por lei a listar seus fornecedores de metal (incluindo ouro, estanho, tungstênio e tântalo) à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (Securities and Exchange Commission, ou SEC, em inglês), e tais documentos obtidos pela Repórter Brasil confirmam que as gigantes da tecnologia realizaram transações com Chimet e Marsam em 2020 e 2021.

“O Brasil não dispõe de mecanismos confiáveis de rastreabilidade do ouro, por isso há um risco grande de se certificar metal contaminado por violações de direitos humanos em terras indígenas da Amazônia”, afirma Rodrigo Oliveira, assessor jurídico do ISA (Instituto Socioambiental), destacando um estudo que mostrou que 28% do ouro extraído no Brasil tem origem comprovadamente ilegal. “Neste cenário, o papel da SEC é fundamental, uma vez que sociedade e investidores confiam na transparência e veracidade das informações por ela publicadas”.
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A Repórter Brasil afirma que, das quatro empresas de tecnologia procuradas, a Apple foi a única a responder.

Procurada em maio, a fabricante afirmou que seus "padrões de fornecimento responsável são os melhores do setor e proíbem estritamente o uso de minerais extraídos ilegalmente” e que “se uma fundição ou refinadora não conseguir ou não quiser atender aos nossos padrões rígidos, nós o removeremos de nossa cadeia de fornecimento."

Um segundo contato feito pela Repórter Brasil em julho revelou que a empresa removeu a brasileira Marsam da lista de fornecedores. Entretanto a italiana Chimet, investigada por extração ilegal de ouro na Terra Indígena Kayapó, permanece como fornecedora.

"Google, Microsoft e Amazon disseram que não comentariam, mas não negaram terem comprado da Chimet e da Marsam", revela a Repórter Brasil, afirmando que "os emails enviados pela reportagem detalhavam os diversos danos socioambientais provocados pelo garimpo ilegal na Amazônia, bem como a investigação da Polícia Federal e dos procuradores da República."

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Atualização (27/07/2022 às 09h42)

O Google entrou em contato com o Canaltech um dia após a publicação desta matéria com um posicionamento oficial. Leia a nota na íntegra:

“O Google requer que fornecedores sigam nosso Código de Conduta do Fornecedor e busquem minérios apenas de empresas certificadas e livres de conflito, como as auditadas pelo Processo de Garantia de Minerais Responsáveis (RMAP, na sigla em inglês) da Iniciativa Minerais Responsáveis (RMI – antes conhecida como Iniciativa de Fornecimento Livre de Conflitos), ou outro programa de avaliação de terceiros.

Visite nossa página de Fornecimento Responsável de Minerais de Conflito para mais informações."

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Fonte: Repórter Brasil