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The Marvelous Mrs. Maisel | Por que a série merece as 20 indicações ao Emmy?

Por| 19 de Setembro de 2019 às 13h54

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Divulgação: Amazon Prime Video
Divulgação: Amazon Prime Video

Imagine ser uma mulher nos anos 1950, que desde pequena foi educada para casar, mas de repente se divorcia e entra na carreira humorística. É exatamente essa a premissa de The Marvelous Mrs. Maisel, série do Amazon Prime Video indicada a nada menos que 20 categorias no Emmy 2019.

Com nota 8,8 no IMDB e 92% de aprovação no Rotten Tomatoes, a série vem chamando a atenção das premiações desde o ano passado, quando foi indicada pela primeira vez. Agora, em 2019, prestes a estrear sua terceira temporada, The Marvelous Mrs. Maisel segue como uma das grandes apostas para a 71ª edição do Emmy Awards, que acontece no próximo domingo, dia 22 de setembro, às 22h.

Se você ainda não assistiu à série e não sabe muito bem do que ela trata, deve estar se perguntando o motivo de ela ter se tornado tão popular entre a crítica, não é mesmo? Para parâmetros de comparação, The Marvelous Mrs. Maisel é a segunda série com mais indicações à premiação, ficando atrás apenas de Game of Thrones. Como a atração medieval da HBO chegou ao fim neste ano, há grandes chances de que a popularidade siga firme e a leve ao topo no ano que vem.

Para você entender melhor o conceito de The Marvelous Mrs. Maisel, vamos contar qual é a receita de sucesso da série.

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Atenção, a partir daqui, o texto pode conter spoilers das duas primeiras temporadas de The Marvelous Mrs. Maisel.

O machismo e os bons costumes

Logo nos primeiros episódios vemos, na prática, que a vida não é nada fácil para as mulheres, o que não é novidade. Desde pequenas, elas eram ensinadas a agradar aos homens, arranjar um bom marido e estar sempre bela e educada para ele, sem correr o risco de deixá-lo ir embora. Com a protagonista, Miriam "Midge" Maisel (Rachel Brosnahan), não foi diferente.

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Vamos chamá-la de Midge, seu apelido. Midge cresceu em uma família de quatro pessoas em Manhattan, Nova Iorque, ao lado do seu irmão, pai e mãe, e até chegou a cursar faculdade. Foi lá, inclusive, que ela conheceu o seu marido, Joel Maisel (Michael Zegen). Porém, a jovem acabou se casando muito cedo, para a alegria dos pais, teve dois filhos, Ethan e Esther — este ainda um bebê —, e se tornou dona de casa.

A vida de Midge parecia ser mil maravilhas ao lado do marido. Eles tiveram uma paixão rápida e intensa. A jovem amava tanto o companheiro que sempre fazia questão de que ele não a visse nos seus momentos, digamos, naturais. Estar sem maquiagem, com o cabelo desarrumado e com o rosto amassado após longas horas de sono parecia um horror que não deveria ser visto pelo marido, pois ele podia achar ela feia e ir atrás de outra mulher.

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Por isso, Midge dormia de maquiagem e com o cabelo perfeito, sem o marido nem desconfiar. Quando ele finalmente caía no sono, ela levantava, tirava a maquiagem, passava máscara facial, colocava os clássicos "bobs" no cabelo e então iria dormir. Só que a esposa acordava antes para se arrumar e, voltando à cama, fingia que passava a noite daquela forma. Ele nem desconfiava.

Acompanhar essa situação em pleno 2019 parece um absurdo, mas se você conversar com seus pais ou avós, alguma história parecida eles terão para contar daquela época e que retrata esses costumes. As "regras" estabelecidas para as mulheres também são escancaradas quando a vida de Midge começa a desmoronar.

Joel assume que tem um caso com a sua secretária, Penny Pan (Holly Curran), e pede a separação. Com dois filhos no colo, ela acaba voltando para a casa dos pais, que, em vez de entender a situação, ficam indignados por ela ter deixado isso acontecer. Na visão da família, ser traída não era tão vergonhoso quanto ser uma mulher divorciada, então para eles a culpa de tudo foi de Midge, que não segurou Joel, não implorou para que ele não a deixasse e não perdoou a traição.

Extremamente decepcionados com a situação, Abe Weissman, interpretado brilhantemente por Tony Shalhoub, e Rose Weissman (Marin Hinkle), os pais de Midge, interpretam diálogos e dramas hilários no decorrer dos episódios, mesmo que a história seja revoltante. Mas, não custa lembrar, tudo se passava nos anos 1950.

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Abe não consegue esconder o seu mau-humor diário, nem mesmo na universidade em que trabalha como professor. Tudo o que ele quer é que Midge volte para Joel, para manter a reputação da família. Rose, então, nem se fala. A mãe tem até vergonha de contar para as amigas e o restante da família sobre o que aconteceu. A personagem ganha destaque quando, cansada de lidar com a rabugem do marido e com a desobediência da filha, se muda para Paris para viver a vida que nunca teve, simplesmente ignorando todos os seus problemas.

Quem assistiu sabe que todo esse drama "piora" quando Midge entra na carreira humorística, quando finalmente entramos no tema que é a característica principal da série.

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Humor e stand-up

A carreira de Midge no humor começa por acaso. Joel, seu então marido, começa a se aventurar na carreira de stand-up com a ajuda da esposa, que sempre fazia anotações em um caderno para auxiliar nos shows. Mas havia um problema: ele não era nada engraçado. Inclusive, o rapaz até roubava as piadas de outros humoristas para os seus shows.

Quando Midge foi abandonada por Joel, ela resolveu se arriscar no improviso e subir ao palco do bar Gaslight para apresentar seu show de comédia. Na época, mulheres tinham de ser recatadas, caso contrário eram mal vistas, mas Midge não se privou de falar sobre os assuntos que queria e chegou até a ser presa pelas suas declarações "polêmicas". Até falar sobre gravidez era considerado obsceno antigamente.

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Os stand-ups de Midge chamaram a atenção de Susie Myerson (Alex Borstein), gerente do Gaslight, que então se oferece para ser a sua agente. Susie tem um humor ácido, não pensa antes de falar e, provavelmente, é uma das pessoas mais honestas de toda a série. Mesmo sempre fazendo comentários sarcásticos sobre Midge e seu estilo de vida, as duas criam uma relação de amizade além do agenciamento, e é quando a carreira da comediante começa a decolar.

Midge tem um talento nato para a comédia. Vemos um flashback do seu casamento com Joel, quando ela fez um brinde hilário durante a celebração. Sua capacidade de improvisar é, definitivamente, acima da média, então não foi preciso roubar as piadas de ninguém, apenas contar fatos do seu dia a dia e transformá-los em humor, mesmo que sejam trágicos.

The Marvelous Mrs. Maisel traz muitos momentos incríveis com as performances de Midge, que nunca perde a oportunidade de se manifestar em qualquer brecha que aparece, seja no trabalho, em festas ou com as amigas. Sem nem perceber, a comediante estreante começa a ocupar um espaço naquilo que era quase que completamente dominado por homens.

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No decorrer dos episódios, vamos conhecendo outros comediantes de stand-up, como Lenny Bruce (Luke Kirby), que também era constantemente preso por suas declarações; e Sophie Lennon (Jane Lynch), mostrando ao espectador um pouco de como era o mundo da comédia nos Estados Unidos naquela época.

Figurino e cenário

Pense em todos os tons de cores pastéis que você pode imaginar. Eles estão presentes em The Marvelous Mrs. Maisel. Com uma fotografia suave e colorida que agrada aos olhos, a série consegue transparecer todos os elementos do fim dos anos 1950 e início dos anos 1960, seja no figurino ou nos móveis da casa.

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Ao contrário do que se tem de registro daquela época, presente em muitas imagens em preto e branco e chuviscadas, Amy e Dan Palladino, criadores da série, queriam trazer vida à história, nem que fosse preciso modernizar a imagem.

Para trazer todo o conceito da época para a série, a Amazon contou com Donna Zakowska, figurinista-chefe da trama, que, ao lado de Jerry DeCarlo e Patricia Regan (cabelo e maquiagem), criou o design da série. Houveram pesquisas em revistas da década, fotos de família e catálogos para levar à tela o máximo de realidade possível.

A marca dos anos 1950 também estava presente nos móveis, eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos clássicos como rádios, vitrolas e televisores, além de, claro, os telefones e discos.

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Personagens de destaque

Mrs. Maisel, a Midge, é interpretada por Rachel Brosnahan, atriz de 29 anos também conhecida por seu papel em Blacklist, como Jolene Parker, e House of Cards, como Rachel Posner. A atriz, que já perdeu papéis por não ser "engraçada o suficiente", venceu o Emmy no ano passado como Melhor Atriz de Comédia.

A premiação foi justa, visto que Brosnahan domina o humor de Midge com perfeição, principalmente quando está ao lado de Susie, personagem de Alex Borstein, também outro destaque da série.

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É difícil desatar Susie da atriz, assim como acontece com Midge, pois o diálogo das personagens, principalmente quando ocorre somente entre elas, flui com muita naturalidade. Juntas, elas protagonizam momentos cômicos, mostrando que, apesar de terem vidas e passados extremamente diferentes, são muito parecidas na personalidade, se completando.

A atriz de 48 anos já tem um longo currículo na comédia, tendo participado de Family Guy, Mad TV, Ted, entre muitos outros filmes e séries.

Também é impossível falar de The Marvelous Mrs. Maisel sem falar de Tony Shalhoub, que interpreta o pai de Midge, Abe Weissman. O seu mau-humor, irritação constante e personalidade fechada trazem mais momentos cômicos para a série. Extremamente metódico e rígido, sente por não conseguir controlar a filha, que mesmo com medo das atitudes do pai não deixa de fazer o que quer.

Você deve se lembrar de Tony na série Monk, em que era o protagonista, mas o ator também participou de filmes como Homens de Preto, Tartarugas Ninja e Carros.

A série foi criada por Amy Sherman-Palladino, também responsável por Gilmore Girls, e se baseou na história de vida de seu pai, Don Sherman, um comediante de stand-up. Mas muito de Midge foi inspirado em Joan Rivers, que também foi pioneira da comédia feita por mulheres nos Estados Unidos.

A terceira temporada de The Marvelous Mrs. Maisel estreia no dia 6 de dezembro, no Amazon Prime, e o Emmy Awards 2019 acontece no próximo domingo, dia 22, às 22h, horário de Brasília, com transmissão pela TNT.