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Rio-Paris | Documentário do Globoplay causa polêmica ao usar dublagem por IA

Por| Editado por Durval Ramos | 03 de Junho de 2024 às 17h00

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Reprodução/Globoplay
Reprodução/Globoplay

Rio-Paris: A Tragédia do Voo 447 é uma minissérie documental que foi disponibilizada no catálogo do Globoplay no dia 31 de maio. A produção conta a história da queda do avião da Air France em 2009, mas acabou chamando a atenção por outro detalhe. A série optou por utilizar inteligência artificial para dublar os entrevistados, abrindo mão de dubladores profissionais.

A escolha da produção, tocada pela área de jornalismo da Rede Globo, causou polêmica nas redes sociais após o lançamento da minissérie. A decisão de não contratar estúdios de dublagem para cuidar da tradução e gravação das vozes para os episódios foi avisada logo no início de cada um dos quatro episódios.

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O aviso antes dos capítulos da série serviu como gasolina diante de um debate já bastante inflamado. Isso porque o Globoplay se tornou um dos primeiros streamings do mundo a adotar a tecnologia na dublagem, ignorando tanto os apelos da categoria pela valorização da profissão quanto o próprio debate sobre os limites dessa susbtituição da mão de obra humana. E, obviamente, isso foi alvo de muita discussão.

Depreciação de profissionais de dublagem?

A escolha da produção logo foi apontada por espectadores e vem sendo a narrativa em torno do documentário, mais do que o caso retratado nos episódios. Vários espectadores usaram as redes sociais para criticar a equipe da Globo por não ter utilizado dubladores e escolhendo usar a tecnologia que, segundo muitos, tem qualidade inferior à dublagem viva.

O lançamento de Rio-Paris: A Tragédia do Voo 447 reacendeu a discussão em torno do uso de inteligência artificial em detrimento do trabalho de profissionais, algo que é levantado não apenas na área de dublagem, mas de jornalismo, design e artes em geral.

Em janeiro, foi lançado o movimento Dublagem Viva, que reúne profissionais do setor, entre atores e atrizes de voz, diretores, tradutores e mixadores, que pedem a regulamentação do uso dessas tecnologias para garantir o trabalho de milhares de profissionais no Brasil.

O movimento é a versão nacional do abaixo assinado internacional criado pela United Voice Artists, que já reúne mais de 120 mil assinaturas. O Dublagem Viva defende que IA não deve ser usada para reproduzir vozes de atores em outros idiomas para língua portuguesa com a finalidade de substituir os dubladores. Empresas como Crunchyroll, Sony e mais já se comprometeram a incluir cláusulas de proteção de IA em seus contratos.

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O documentário Rio-Paris: A Tragédia do Voo 447 se encaixa em uma brecha desse pedido, vide que ele não utiliza vozes de dubladores internacionais para serem traduzidos por IA, mas sim dos próprios entrevistados do documentário. Procurado pelo Canaltech, o Globoplay confirmou que cumpriu o compromisso firmado com algumas empresas ao não usar as vozes desses profissionais em processos ou treinamento de IA. Confira a nota completa:

A Globo sempre esteve na vanguarda da inovação tecnológica e não tem sido diferente com a adoção da inteligência artificial. Antes mesmo de as ferramentas disponíveis estarem sendo aplicadas pelo mercado, realizamos testes e desenvolvemos soluções internas que estão em experimentação e uso, especialmente em apoio aos talentos, aos processos produtivos e à acessibilidade. Assim como em nossas demais atividades, sempre de forma ética, com transparência, buscando a qualidade e respeitando a questão dos direitos. Foi o que aconteceu, por exemplo, em Rio-Paris: cumprimos o compromisso assumido com algumas empresas de dublagem de não utilizar as vozes de seus dubladores através de processos de IA ou para o treinamento de IA.

Ainda assim, de acordo com o movimento Dublagem Viva, essa brecha é algo que afeta tanto a qualidade do material como o próprio bolso do consumidor. "Mesmo usando as vozes originais como base, temos um produto de baixa qualidade, com a melodia e o ritmo de outro idioma", expõe o grupo em uma postagem nas suas redes sociais. "Além disso, o barateamento dos custos de produção dessa dublagem não são repassados para o assinante, que continua pagando uma mensalidade alta para consumir um produto cada vez pior".

A estimativa do grupo é que, com Rio-Paris, cerca de 50 profissionais ligados à dublagem ficaram sem trabalho de forma direta ou indireta. "Imaginem só se todas as distribuidoras, serviços de streaming e produtoras decidirem fazer isso a partir de agora? ", diz o texto. 

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Sobre o que se trata o documentário Rio-Paris?

Apesar de sua dublagem ter tomado toda a conversa sobre a produção, a minissérie Rio-Paris: A Tragédia do Voo 447 trata sobre o acidente ocorrido em 31 de maio de 2009, que vitimou 228 pessoas.

Com quatro episódios, o documentário traz relatos de familiares das vítimas, técnicos, especialistas em aviação e jornalistas que fizeram parte da cobertura do acidente e mostra as mudanças nos protocolos de segurança de aeronaves que aconteceram após a tragédia.

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Rio-Paris: A Tragédia do Voo 447 está disponível na íntegra no Globoplay.