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Crítica | The Good Place termina com sensação de missão cumprida

Por| 03 de Fevereiro de 2020 às 13h33

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Divulgação: Netflix
Divulgação: Netflix
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Quatro temporadas depois, The Good Place chegou ao fim no último dia 31 de janeiro, com um episódio que dá encerramento a todo o esforço feito pelos personagens desde que descobriram a verdade sobre o Lugar Bom e o Lugar Ruim. A série, que mostra de forma humorística o que acontece na vida após a morte, nunca foi apenas entretenimento, mas sim uma reflexão sobre o mundo, o ser humano e o destino, com a essência de cada um dos protagonistas tendo uma grande parte nisso tudo.

Ou seja, em vez de apenas usar a morte e o que acontece depois dela para entreter, o intuito da produção sempre foi analisar e tentar entender quais são os aspectos que levam as pessoas boas ao destino que elas merecem, e o que seria, então, ser uma pessoa boa.

Atenção: a partir daqui esta crítica contém spoilers de The Good Place!

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Demorou um pouco para descobrirmos que ser uma pessoa 100% correta (pelo menos o que muitos acham ser) nem sempre é garantia de que iremos para o Lugar Bom, o famoso Paraíso. The Good Place conta com reviravoltas do começo ao fim, mas talvez esta tenha sido a mais significativa da trama e que levou aos acontecimentos do final da quarta e última temporada.

Essa descoberta fez com que os quatro humanos protagonistas da trama — Eleanor Shellstrop (Kristen Bell), Chidi Anagonye (William Jackson Harper), Tahani Al-Jamil (Jameela Jamil) e Jason Mendoza (Manny Jacinto) — se tornassem as pessoas que mudariam todo o sistema de classificação do que é bom e do que é ruim.

Unidos desde o começo para o experimento de Michael (Ted Danson), a junção dessas quatro personalidades, que foram selecionadas a dedo pelo demônio e ex-arquiteto do Lugar Ruim, ou seja, o inferno, foi crucial para essa mudança. Esse processo de descobertas e de nunca deixar as coisas serem como são fez com que a série se tornasse levemente desgastante, mesmo que sejam episódios curtos e com muitas cenas engraçadas.

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Mas tudo isso foi essencial para passar a mensagem final, segundo os criadores da série, que já haviam anunciado que quatro temporadas eram mais do que suficientes para contar a história da forma desejada desde o começo. Então, qual foi a mensagem final de The Good Place?

A facilidade na qual a série consegue colocar temas para serem refletidos é, de fato, seu maior sucesso. No último episódio, mesmo que as pessoas que estão no Lugar Bom estejam completamente satisfeitas com suas vida, elas pedem por ajuda por estarem há anos entediadas e sem ver sentido nas coisas que antes lhes davam mais prazer. É quando Michael tem a ideia genial de dar um fim a tudo isso.

Assim como a nossa vida na Terra é feita de incertezas, obstáculos, momentos ruins e momentos bons, o Lugar Bom teria que ter assim também para criar um propósito para a vida e, quando a pessoa sentir que já estava completa, poder ir embora sem saber o que vai acontecer. A nova regência do Paraíso, então, criou um portal que, basicamente, desintegraria os humanos que passassem por ele e os transformariam em pó no universo.

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Para passar por esse portal, o que significaria abrir mão da eternidade para se tornar sabe-se lá o quê, cada humano teria de decidir por si próprio quando seria a hora. Na verdade, sentir. Aos poucos, assistimos aos personagens que criamos afeto se despedindo, sentindo que a missão de salvar a humanidade estava cumprida e era chegada a hora de ir embora. Tahani, no entanto, foi a única que não quis dar adeus, mas sim continuar trabalhando na arquitetura daquele lugar aplicando tudo o que aprendeu, disposta a passar tudo o que sentiu para as próximas pessoas que chegariam.

Jason, por exemplo, sentiu que chegou a hora dizendo que, repentinamente, teve um sentimento de calmaria. "Como se o ar dentro dos meus pulmões fosse o mesmo ar que está fora do meu corpo", disse o personagem, que sempre foi o mais inocente da série. Ele chegou ao seu momento quando realizou o seu desejo de apostar uma corrida de kart com macacos. No Lugar Bom, tudo era possível, até mesmo para o cérebro quase que infantil do personagem.

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Michael, que nunca foi humano, mas sim uma lula gigante e gosmenta, decidiu ir à Terra para viver como uma pessoa real e, então, quando morrer, ter o seu destino decidido entre o Lugar Bom e o Lugar Ruim, tudo dependendo de como ele escolherá viver aqui embaixo. É quando a série tem a sua cena final, mostrando Michael sentindo um prazer da vida humana que parece simples e insignificante, mas que o deixou radiante: um cartão de descontos e recompensas de uma loja.

Então, fica o questionamento: precisamos de muito para nos sentirmos completos? Conseguiremos, um dia, nos sentir completos aqui na Terra? O que é se sentir completo? Depois que isso acontece — se acontecer — qual é o propósito da vida? É o mesmo sentimento de quando falamos, quando conquistamos algo que queríamos muito, que "zeramos a vida"? Realmente, The Good Place deixou novas questões em aberto, mas se alguém quiser a resposta, terá de pensar por si próprio ou aguardar uma série derivada, o que não é muito provável que aconteça.