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Crítica | See mostra o futuro da humanidade sem o sentido da visão

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Divulgação: Apple TV+
Divulgação: Apple TV+

O Apple TV+ finalmente está entre nós. O serviço de streaming da Apple estreou com algumas produções originais, como a série See, com Jason Momoa no protagonismo como o personagem Baba Voss. A estreia aconteceu em três episódios, com aproximadamente uma hora cada.

A trama conta uma história pós-apocalíptica de quando a humanidade foi atingida por um vírus mortal, extinguindo 99% da população e deixando apenas dois milhões de pessoas vivas na Terra. Porém, todas elas ficaram cegas e assim os seres humanos permanecem por séculos.

O retrocesso com a cegueira foi tanto que as pessoas voltaram a viver como medievais: construindo suas próprias armas, suas habitações e caçando para sobreviver. Acredita-se que os humanos se tornaram cegos por obra de Deus, que achou que esta seria a única solução para não tornar a raça extinta, visto que a destruição causada pela humanidade só ia se intensificar.

Cuidado! Este texto contém spoilers da trama de See.

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Com todos virando cegos e se adaptando a essa condição, enxergar virou uma heresia. Não era nem permitido tocar no assunto, caso contrário a pessoa seria considerada uma pecadora e era perseguida até morrer. É quando uma pessoa aparece na história e começa a provocar o caos nesta nova humanidade, acusada de ser um bruxo por propagar o fato de que os humanos que enxergavam existiam e que novos podem começar a nascer enxergando.

Seu nome é Jerlamarel, papel de Joshua Henry, e ele aparece na série após o nascimento dos gêmeos que teve com Maghra (Hera Hilmar) que, na verdade é casada com Baba Voss. O casamento entre os dois só aconteceu porque a jovem apareceu em sua tribo já grávida de três meses e precisava de proteção.

O casamento e a proteção de Maghra não são aceitos pelo restante da tribo, visto que se trata de uma desconhecida grávida de um herege, que vive como um fugitivo por ser uma pessoa que enxerga, fazendo com que todos corram risco de vida. Os conflitos e as regras mostram que, definitivamente, os humanos passam por um retrocesso, com dificuldades de conviver em grupo e raramente pensando no próximo.

O fugitivo Jerlamarel sabia que seus filhos com Maghra nasceriam com visão, e isto de fato aconteceu. É quando começamos a perceber alguns detalhes de como era a vida séculos atrás, que no caso seriam os tempos de hoje. Jerlamarel deixou para os filhos uma região com materiais para a sua construção, agora que passariam a viver em uma nova tribo de fugitivos.

Em meio às florestas, árvores, rios e caças, finalmente vemos coisas que restaram da população antiga: além de pneus deixados para a construção da tribo, Jerlamarel deixou um baú com vários livros dentro dele. Com os livros, que os gêmeos deveriam conferir apenas após 12 verões, eles conseguiram aprender a ler, adquirir novas habilidades e conhecer o seu antepassado. Lembrando que tudo isso é heresia, então até para os membros da própria tribo a informação de que os irmãos enxergam é um segredo.

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Nos poucos momentos que vemos os gêmeos se aventurarem com as coisas novas que aprenderam com a visão, vemos também problemas que, por milênios, atingem os humanos de forma negativa: o poder. Agora quase adultos, Kofun (Archie Madekwe) e Haniwa (Nesta Kooper), começam a se sentirem superiores por enxergarem. Haniwa, por exemplo, aprende a construir um arco e flecha e admite ter sentido prazer em matar um humano, mesmo que ele fosse mau. Ela disse que sabe que pode fazer isso com qualquer um sem que a vítima saiba. Logo, então, eles são reprimidos, o que não significa que esse poder não vá trazer mais coisas negativas no futuro.

A personagem que promete ser a principal pedra no sapato da nova tribo é a rainha Kane (Sylvia Hoeks), que já deu dicas de uma relação passada com Jerlamarel e que adora propagar que a visão é uma heresia. A sua missão, então, é capturar os gêmeos. As notícias correm rápido pelo reino, mesmo sem tecnologia e sem a visão. As informações foram espalhadas por traidores dentro da própria tribo dos gêmeos com mensagens em garrafas e por rivais.

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Pessoas continuam sendo pessoas

A cegueira, no geral, não parece ter tornado a humanidade boa. As guerras e rivalidades continuam, as crenças absurdas seguem firmes provocando ódio e pessoas mortas em fogueiras; os jogos de poder estão mais fortes do que nunca, entre outros detalhes que são pontuados ao longo dos três primeiros episódios.

É um tanto quanto assustador ver como a humanidade se adaptou pelo fato de não terem mais o sentido da visão. Mesmo sem ninguém conseguir ver, eles têm cabelos bem trançados, raspados, barbas bem feitas e modeladas, usam roupas de penas, pele e couro, com poucas peças que parecem ter sido herdadas dos antepassados. Até mesmo unhas perfeitamente lixadas e esmaltadas aparecem na trama. Uma mistura de "não é possível" com "será?" corrói o espectador do início ao fim.

See ainda precisa de muita evolução para chegar aos pés de Game of Thrones, por exemplo, já que estamos falando de referências medievais. Mesmo assim, prepare-se para ver cenas de luta bem coreografadas, ataques bem ensaiados de golpes de facas, principalmente com o personagem de Jason Momoa, que mostra habilidade em um golpe de corte de pescoço que parece ser a sua característica.

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A história, no entanto, é bastante interessante e nos faz refletir sobre o caos inicial que seria a perda da visão por toda a humanidade e também sobre como seria o processo de adaptação. Será mesmo que conseguiríamos escrever com nós em cordas, construir paredes de cordas e pedras, usar o couro de animais para fazer roupas e sapatos sem absolutamente ninguém que possui a visão monitorando? Será que a nossa capacidade de tato e audição, entre outros sentidos que são aprimorados, evoluiria com tanta destreza? Talvez só um cientista possa nos dizer.

Então, para o restante dos episódios, ficam algumas expectativas: os produtores vão aproveitar para mostrar um pouco dessa evolução na comunicação e artes manuais? Vemos alguns códigos em som, assovios e sopros em instrumentos feitos em crânio de algum animal, mas nada além disso. Iremos descobrir como todos esses sentidos foram aprimorados?

Como Jerlamarel nasceu enxergando? Existem outros iguais a ele? Estaria a humanidade, aos poucos, recuperando a visão ou ele foi algum "enviado" para reproduzir e então começar essa mudança? De fato, os primeiros episódios de See deixam vários questionamentos abertos sobre esse novo mundo pós-apocalíptico que vão além do roteiro.

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Assista ao trailer:

See está disponível em três episódios no Apple TV+, e novos irão estrear todas as sextas-feiras. O serviço de streaming estreou no último dia 1º de novembro, com sete dias gratuitos para testes, ficando por R$ 9,90 mensais após o período.