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Crítica | Piloto de The Mandalorian mostra que todo o hype criado não foi em vão

Por| 15 de Novembro de 2019 às 18h30

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Crítica | Piloto de The Mandalorian mostra que todo o hype criado não foi em vão
Crítica | Piloto de The Mandalorian mostra que todo o hype criado não foi em vão

ATENÇÃO: o texto contém spoilers sobre o primeiro episódio de The Mandalorian, então leia por sua conta e risco.

É oficial: The Mandalorian finalmente está entre nós e a série já chega justificando todo o hype criado em torno dela.

A nova série do Disney+, o serviço de streaming da Disney que foi lançado oficialmente na última terça-feira (12) nos Estados Unidos, é a primeira série em live-action canônica do universo de Star Wars, e por isso a expectativa dos fãs da saga estava nas alturas. E, pelo que pudemos ver no primeiro episódio, todo o hype é justificado.

The Mandalorian tem uma vibe que, de certa forma, lembra um pouco o filme Rogue One, em que aquela dualidade bem definida sobre quem são os “mocinhos” e quem são os “vilões” não existe. Em vez disso, somos introduzidos a um mundo onde as coisas não são assim tão bem definíveis. Ao mesmo tempo, porém, a série não quebra o “padrão Star Wars” e, apesar de apresentar uma parte do universo bem mais “ousada” do que aquela que estamos acostumados a ver nos filmes principais, ainda segue a mesma fórmula de ser algo para toda a família, então não espere encontrar violência explícita (como sangue jorrando ou ossos à mostra) ou cenas de sexo por aqui.

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O protagonista da série é o personagem chamado por todos como O Mandaloriano, um caçador de recompensas sem nome que ganha a vida procurando fugitivos da lei. Ainda que não falte trabalho, a queda do Império (a série se passa cinco anos depois de O Retorno de Jedi, quando Luke Skywalker mata Darth Vader e Darth Sidious, o que torna o Império muito mais fraco) causou um colapso na economia e já não se paga tão bem pela captura de fugitivos. Isso obriga o Mandaloriano a aceitar um trabalho “por baixo dos panos”: matar um alvo desconhecido a mando de um grupo misterioso ligado ao Império. Como o trabalho paga bem, o Mandaloriano aceita a missão, mas ao encontrar o alvo ele se depara com um “bebê Yoda” e é então que fica clara qual deverá ser a trama da série: o assassino de aluguel que irá quebrar um contrato para proteger o bebê de um misterioso sindicato criminoso.

Esteticamente, a série é uma verdadeira ode aos filmes de western. O primeiro episódio de The Mandalorian é o mais próximo que já vimos de um faroeste no mundo de Star Wars, apresentando não apenas o mesmo ritmo cadenciado de narrativa dos filmes do gênero, mas também os mesmos tipos de cenários (como paisagens desérticas, ranchos abandonados, vilas isoladas e bares repletos de encrenqueiros) e os mesmos tipos de personagens secundários (o ladrão carismático, o dono de rancho com grande sabedoria, o chefão do crime que não revela sua identidade, mas faz questão de deixar claro todo o poder e influência que possui) que são praticamente clichês dos filmes de “bangue-bangue”.

O fato do próprio personagem principal ser um caçador de recompensas sem nome (afinal, Mandaloriano é a raça de alienígenas conhecidos por suas habilidades como caçadores de recompensa e que têm entre suas figuras mais reconhecidas Jango Fett, o caçador que aparece em Ataque dos Clones e que cujo DNA serviu de base para criar o exército de clones que se tornariam os Stormtroopers comandados pelo Império; e Boba Fett, o filho/clone de Jango que marca presença em O Império Contra Ataca e O Retorno de Jedi) é uma alusão direta ao “Pistoleiro Sem Nome”, um dos personagens mais famosos da carreira de Clint Eastwood e protagonista da clássica trilogia de westerns do diretor italiano Sergio Leone (Por Um Punhado de Dólares, Por Uns Dólares a Mais e Três Homens em Conflito).

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Mesmo a cena de maior ação do episódio, onde o Mandaloriano se junta a um droide caçador de recompensas para sobreviver ao ataque de um verdadeiro exército, é uma alusão direta às cenas finais de dois dos maiores clássicos do gênero western: Meu Ódio Será Tua Herança, de Sam Peckinpah, e Sete Homens e Um Destino, de John Sturges.

Como a série irá tratar de temas, conflitos e personagens que nunca apareceram nos filmes, o primeiro episódio pouco faz para nos apresentar seu protagonista e se preocupa muito mais em nos conceituar no mundo em si. Por isso, não é de se espantar que, entre todos os personagens aos quais somos apresentados, o mais “sem graça” deles seja o próprio protagonista (interpretado por Pedro Pascal). Ele nos é mostrado como o típico estereótipo de “homem de ação e de poucas palavras” do cowboy que foi imortalizado por Clint Eastwood. Mas, como o personagem de Pascal está sempre usando o capacete, a falta de expressões faciais acaba tirando muito do carisma dele e isso muitas vezes faz com que o silêncio do personagem seja apenas constrangedor e não uma forma de demonstrar força.

Em compensação, os personagens secundários são o que garantem que as interações do protagonista não sejam chatas. Mas o destaque especial vai para o droide IG-11 dublado por Taika Waititi, que fica em cena durante cerca de cinco minutos e se torna facilmente no melhor personagem do episódio. Suas interações com o Mandaloriano são as primeiras que conseguem extrair algum tipo de sentimento do personagem e nos mostrar que ele pode ter uma personalidade que vai além da descrição “pistoleiro taciturno”.

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Por outro lado, ainda é muito cedo para apontar qualquer influência que a produção deverá ter nas histórias dos personagens dos filmes de Star Wars, mas o bebê da mesma raça alienígena do Mestre Yoda que o personagem encontra no fim do episódio pode ser o fio condutor de uma explicação que por anos George Lucas se recusou a dar aos fãs da saga: qual o nome e a história da raça alienígena à qual pertence Yoda?

Outra possibilidade mais remota é de que o bebê encontrado pelo Mandaloriano seja, na verdade, um clone do próprio Yoda. Isso porque, ao receber a missão, o protagonista é avisado que seu alvo possui 50 anos de idade. Esse tempo nos coloca diretamente alguns anos antes do início de A Ameaça Fantasma, na época onde os Sith começaram a fazer experimentos com clones. O resultado mais conhecido desses experimentos é a horda de clones do caçador de recompensa Jango Fett, que se torna o exército imperial conhecido como Stormtroopers, mas é possível que os Sith também tenham tentado clonar Yoda na mesma época. Afinal, ele era o mais poderoso e sábio dos mestres Jedi, e um clone com o mesmo domínio da Força que ele poderia se tornar o Lorde Sith definitivo.

Essa teoria dialoga com outra, também criada pelos fãs, de que o nascimento de Anakin Skywalker também foi uma criação dos Sith. Em A Ameaça Fantasma a mãe de Anakin, Shmi Skywalker, revela para Qui Gon Jinn que a criança foi gerada de forma espontânea e que a gravidez foi uma surpresa já que ela nunca havia tido qualquer tipo de relação sexual. Assim, uma conhecida teoria dos fãs é a de que Anakin teria sido uma criação de Darth Plagueis, o Lorde Sith que foi mestre de Darth Sidious (também conhecido como o Senador Palpatine, criador de todo o Império e da armadura que permitiu que Anakin se transformasse em Darth Vader) e que tinha tamanho domínio sobre a Força que conseguia até mesmo criar vida. Essa teoria defende que Plagueis usou isso para inseminar Shmi com um embrião de pura Força, que foi o que deu origem a Anakin, e o que explicaria porque ele possuía um domínio maior dela do que qualquer outro Jedi na história, já que o “pai” dele seria a própria Força.

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Mas, claro, tudo isso não passa de suposição, e é bem possível que a Disney tenha em mente um futuro para a saga que não leve em conta nenhuma dessas teorias. Provavelmente os próximos episódios de The Mandalorian entrarão em mais detalhes sobre o real significado do “bebê Yoda”, mas, enquanto isso, o que você realmente precisa saber é que, em um episódio de cerca de quarenta minutos, a série já provou ter o mesmo padrão de qualidade que esperamos de qualquer filme de Star Wars e que você pode assisti-la sem medo de se decepcionar.