Prejuízo médio com golpes digitais aumentou em 2025, revela pesquisa
Por Jaqueline Sousa • Editado por Jones Oliveira |

Os golpes digitais envolvendo transações com Pix aumentaram neste ano. É isso o que revela a terceira edição da pesquisa Golpes com Pix, organizada pela Silverguard, empresa de inteligência contra golpes financeiros.
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A análise, feita com dados do Banco Central, contemplou 12.197 mil denúncias de vítimas realizadas na Central SOS Golpe e revelou que o prejuízo médio subiu 21% em relação a 2024.
Além disso, a pesquisa também identificou uma mudança no modus operandi dos criminosos no que diz respeito à migração de contas: este ano, 65% dos golpes (dois a cada três) teve como destino contas jurídicas ao invés de contas de pessoas físicas. O movimento sugere a profissionalização do crime digital, já que forja uma aparência de legitimidade para empresas envolvidas no esquema.
Prejuízo com golpes digitais aumenta em 2025
Olhando para os números, a pesquisa da Silverguard aponta que o prejuízo causado por golpes de engenharia social, que consiste na enganação da vítima para que ela faça um pagamento, chegou a R$ 51 bilhões nos últimos 12 meses.
Já fraudes com cartão de crédito atingiram uma perda de R$ 23 bilhões, enquanto golpes direcionados a contas-correntes e poupanças chegaram a R$ 38 bilhões. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o prejuízo envolvendo golpes digitais já ultrapassa R$ 100 bilhões.
De acordo com Marcia Netto, CEO da Silverguard e coordenadora da pesquisa, esse tipo de crime entrou em uma fase de profissionalização que, além de movimentar grandes quantidades de dinheiro, mostra como a prática anda “altamente estruturada”:
“Os golpes digitais deixaram de ser práticas amadoras. O que vemos hoje é uma indústria criminosa altamente estruturada, que movimenta bilhões, aluga contas PJ, compra anúncios em redes sociais e funciona como uma empresa paralela ao mercado formal. Estamos diante de um crime organizado digital que cresce em escala e sofisticação”.
Outro fator analisado pela pesquisa indica que o estado de Alagoas é líder no valor médio de prejuízo, com R$ 3.370. O Espírito Santo segue na cola com R$ 2.890, com Roraima em terceiro lugar no ranking (R$ 1.880).
A título de comparação, São Paulo tem uma média de prejuízo que chega a R$ 1.600, segundo dados coletados pela análise da Silverguard.
O levantamento também olha para a idade dos indivíduos que sofreram esses golpes digitais: pessoas com 60 anos ou mais perdem cinco vezes mais do que jovens com idade entre 18 a 29 anos.
Golpes começam em plataformas da Meta
Ainda segundo a análise, os golpes geralmente acontecem em plataformas sociais, como WhatsApp, Instagram e Facebook, todas integrantes da Meta de Mark Zuckerberg.
Só no WhatsApp, plataforma que concentra a maior média de golpes envolvendo pessoas na casa dos 60 anos, os crimes digitais correspondem a 29,6% dos casos, enquanto o Instagram registra uma média de 21,4% e o Facebook de 13,1%.
Para Marcia Netto, o cenário preocupa ainda mais diante do avanço da inteligência artificial (IA), usada por criminosos para incrementar as táticas de enganação.
“Dois em cada três golpes hoje começam em plataformas da Meta e 85% em alguma Big Tech. O cenário fica ainda mais perigoso com o uso crescente de inteligência artificial, especialmente deepfakes, que tornam as histórias mais convincentes”, argumenta.
Vale mencionar ainda que entre os golpes mais frequentes estão compras em lojas inexistentes, oportunidades de emprego enganosas e promessas falsas de investimento ou aumento de dinheiro.
Segundo a pesquisa, o aumento é um reflexo do deslocamento do crime para o ambiente digital já que, só no último ano, golpes eletrônicos subiram 26%, enquanto roubos físicos caíram 14%.
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