Pesquisa revela perfil de fraudadores corporativos
Por Roseli Andrion • Editado por Claudio Yuge |

Homem, 26 a 45 anos, conhecedor de processos e com cargo de liderança, entre coordenação e gerência. Esse é o perfil do fraudador em 80% dos golpes corporativos no Brasil, segundo relatório da consultoria KPMG. Em relação ao tempo de empresa, 45% dos colaboradores envolvidos em fraudes trabalhavam na organização de um a quatro anos na época da fraude, enquanto 34% já tinham mais de seis anos na companhia.
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O levantamento aponta que 72% das companhias ouvidas realizaram até 50 investigações entre janeiro de 2020 e junho de 2021. Além disso, 78% delas têm até cinco profissionais dedicados ao combate dessas ações 74% têm metodologia para a apuração dos casos.
A maioria (89%) das organizações participantes da pesquisa tem um canal de denúncias. A atividade está sob responsabilidade das áreas de compliance e auditoria (88%) — esses setores são as maiores fontes de identificação dos crimes. A análise para a pesquisa avalia o perfil de fraudadores, não casos de fraude, e ouviu profissionais de compliance, investigações e auditoria interna.
Para Alessandro Gratão, sócio da prática forensic da KPMG, a sensação de segurança obtida com o conhecimento das etapas dos processos relacionados à fraude tem alta incidência nos casos relatados. “Fraudadores com perfil de liderança normalmente os que causam maior dano, porque têm acesso ilimitado a pessoas, processos e sistemas sem monitoramento ou dupla verificação."
Em relação à pesquisa feita pela consultoria há cinco anos, houve mudança no perfil do fraudador. A proporção de gênero foi mantida (80% masculino em ambos os levantamentos), mas a faixa etária mudou: houve redução de fraudadores com idades entre 46 e 55 anos (de 31% para 14%) e aumento entre 18 a 25 anos e 26 a 35 anos, com incremento de 7 e 20 pontos percentuais, respectivamente.
Fraudes mais comuns
Casos de furto ou roubo de ativos têm a maior incidência (52%), com adulteração de documentos (49%), vazamento ou violação de dados (24%) e identificação de pagamento de propina ou suborno (23%) em seguida. Os principais comportamentos identificados entre os fraudadores foram relacionamento atípico com terceiros (43%), estilo de vida incompatível (36%) e dificuldades financeiras (25%).
Já as motivações incluem atingir metas corporativas (38%), omitir erros (31%) e obter ganho pessoal (27%). "É provável que o cenário de recessão e os impactos da covid-19 tenham influenciado as citações de atingir metas corporativas. Este fator, em algumas empresas e funções, é preponderante para a manutenção do emprego, o que causa pressão situacional", avalia Vinícius Carvalho, sócio-diretor da prática forensic da KPMG.
Entre as empresas ouvidas, a impressão geral é de que a identificação de fraudes leva ao fortalecimento da cultura de ética e compliance e à redução dos golpes. Além disso, para 79% dos entrevistados o trabalho remoto dificultou a ação dos fraudadores.