Publicidade

Operação da PF derruba pirâmide internacional que gerou R$ 4,1 bi de prejuízos

Por  |  • 

Compartilhe:
Polícia Federal
Polícia Federal

Os crimes de pirâmide financeira voltaram contudo. Embora sejam conhecidos há quase um século no Brasil, os bandidos têm usado novas modalidades de investimentos, ampla divulgação em redes sociais e criptomoedas para maquiar e esconder os atos ilícitos. Mas, nesta quarta-feira (19), os criminosos levaram um duro golpe.

A Polícia Federal (PF), em atuação conjunta com a Receita Federal e a Agência Nacional de Mineração (ANP), deflagrou a Operação “La Casa de Papel” para desarticular organização criminosa responsável por implementar um esquema de pirâmide financeira transnacional em mais de 80 países. A investigação apurou a a existência de um modelo ilegal de negócios que captou recursos de mais de 1,3 milhão de pessoas, em mais de 80 países. O prejuízo aos investidores é estimado em R$ 4,1 bilhões, em atividades que tiveram início de 2019 e se mantinham até hoje.

Os investigados irão responder, na medida de suas responsabilidades, pela prática dos crimes de organização, crimes contra o sistema financeiro por operar sem autorização, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, usurpação de bem mineral da União Federal, execução de pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, falsidade ideológica e estelionato por meio de fraude eletrônica. As penas máximas somadas podem chegar a 41 anos de prisão.

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Segundo comunicado da própria PF, foram cumpridos seis mandados de prisão preventiva contra os líderes da organização criminosa e 41 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande/MS, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás, Maranhão e Santa Catarina. Os agentes também cumpriram mandados de bloqueio no valor de US$ 20 milhões (R$ 105,4 milhões na conversão direta) e sequestros de dinheiro em contas bancárias, imóveis de altíssimo padrão, gado, veículos, ouro, joias, artigos de luxo, mina de esmeraldas, lanchas e criptoativos em posse das pessoas físicas e jurídicas investigadas.

Como funcionava o esquema de pirâmide da organização?

Assim como toda pirâmide, os “team leaders” de várias regiões em diversos países recrutavam novos investidores, a partir do uso massivo de de redes sociais, marketing e reuniões. Todos promoviam pacotes de investimentos/aportes financeiros desde US$ 15 (R$ 79) a US$ 100, com promessa de ganhos diários em percentuais altíssimos.

Para tornar a “maquiagem” do negócio ainda mais elaborada e parecer autêntica, a pirâmide começou a diversificar seus investimentos, incluindo lucros advindos de minas de diamantes e esmeraldas que a empresa teria no Brasil e no exterior; em mercado de vinhos, de viagens, em usina de energia solar e usina de reciclagem, entre outros. O grupo até mesmo criou duas criptomoedas em 2021, sem qualquer lastro financeiro, que, além de serem infladas artificialmente, eram usadas para pagar investidores.

E a organização foi muito além: tudo era rodeado de uma imagem de luxúria e ostentação em lugares paradisíacos, e ainda tinha a “bênção” de uma entidade religiosa, que ajudou o grupo a manter as aparências. Até um ataque cibercriminoso a gangue internacional chegou a usar, como uma desculpa para não pagar os investidores, já que os cofres teriam esvaziado por (outros) ladrões).

A polícia conseguiu chegar aos criminosos a partir de agosto de 2021, em Dourados (MS), após a autuação de duas pessoas que viajavam para o Paraguai com escolta armadas. Ao serem abordados, foram encontradas esmeraldas avaliadas em US$ 100 mil (R$ 527,2 mil), que estavam com uma nota fiscal cancelada. A partir daí, as investigações se aprofundaram, e, somados aos vários indícios, como reclamações de usuários e dados públicos sobre os participantes e suas empresas ilegais, os esquemas foram aos poucos revelados.