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O que é sextortion e como se prevenir

Por| Editado por Claudio Yuge | 25 de Agosto de 2021 às 17h00

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Divulgação/Dean Moriarty/Pixabay
Divulgação/Dean Moriarty/Pixabay

Na última terça-feira (24), 65 agentes cumpriram 16 mandados judiciais em cinco grandes cidades gaúchas em busca de suspeitos de aplicar o "golpe dos nudes" no Rio Grande do Sul. A investigação revelou que parte do golpe partia de três casas prisionais, nas quais foi encontrado um roteiro que explicava como abordar e extorquir as vítimas.

Os responsáveis por aplicar o golpe se passavam por adolescentes e mantinham contato com homens mais velhos, nos quais eram solicitadas fotos íntimas. A partir do momento em que o material era obtido, os criminosos passavam a afirmar que tinham acionado pais e polícia, exigindo dinheiro em troca da não exposição da situação.

Segundo o delegado André Anicet, da Delegaria de Repressão aos Crimes Informáticos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o grupo responsável está sendo investigado por extorsão e associação criminosa. Ele afirma que foram apreendidos diversos materiais na ação, incluindo celulares e anotações que ensinavam como abordar as vítimas e fazer as cobranças.

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Atualmente, a Deic está apurando o número total de vítimas, o que só será possível saber com certeza após a quebra do sigilo bancários dos acusados. A ação contou com a colaboração de 30 policiais civis e 35 militares, sendo realizada nas penitenciárias do Jacuí, de Charqueadas, Canoas e na Colônia Penal Agrícola, bem como nas cidades de Alvorada, Viamão e Erechim.

Golpe de sextortion

O golpe realizado pelos criminosos é chamado de sextortion — extorsão sexual, ou "sextorção", em português — e tem como objetivo constranger vítimas e convencê-las a fazer pagamentos (que podem ser constantes) para evitar que materiais sensíveis sejam divulgados publicamente na internet. Em alguns casos, como no golpe aplicado no Rio Grande Sul, as imagens e vídeos obtidos também são usados para fazer o alvo acreditar que será denunciado junto a autoridades policiais.

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Essa prática é considerada crime, podendo ser enquadrada como extorsão (artigo 158) ou até mesmo como estupro (artigo 213) dependendo da situação. Também podem haver agravantes se a vítima for menor de idade, e é importante que o crime seja denunciado — algo que muitos consideram difícil, já que envolve um tema sensível.

Confira algumas dicas da ESET para se proteger de golpes:

Não acredite em apps que prometem destruir mensagens e arquivos — mesmo que eles se tornem inacessíveis para o usuário, ainda há formas simples de extrair esses arquivos do aparelho de forma simples, seja através do acesso de pastas do sistema até pelo uso de apps especializados;

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  • Não deixe contas logadas: seja em dispositivos particulares ou compartilhados, nunca deixe suas contas de e-mail, comunicadores e outros serviços logadas automaticamente. Além disso, também desabilite o sistema de preenchimento automático de senhas oferecido por navegadores — nunca se sabe quem pode ter acesso às suas informações privadas em um momento de descuido;
  • Cuidado com a nuvem: ao tirar fotografias com seu smartphone, há chances de que elas estejam sendo enviadas para a nuvem sem seu conhecimento. Fique atento para que conteúdos íntimos sejam armazenados em locais seguros e offline, evitando que vazamentos de dados e invasões comprometam esses materiais;
  • Projeta seu smartphone: bastante usado para se comunicar e trocar os famosos “nudes”, o celular carrega uma série de informações sensíveis que podem ser de grande perigo ao cair nas mãos de outras pessoas. Além de configurar códigos de proteção eficientes (se possível, use a biometria), você deve procurar e habilitar recursos de criptografia e bloqueio de aplicativos oferecidos por sua fabricante. Caso eles não existam, vale recorrer a antivírus que trazem ferramentas de proteção adicionais;
  • Não esqueça seu computador: computadores também devem ser protegidos, mesmo que você só os use como ferramenta de backup. Assim como nos celulares, é preciso apostar em proteções de criptografia e sistemas de proteção que garantam sua privacidade;
  • Use senhas únicas e fortes: ninguém está imune a vazamentos de dados, e um criminoso com informações de seu login e senha em mãos pode fazer um grande estrago. Assim, é importante sempre usar senhas únicas e fortes para cada serviço que usa, evitando que o comprometimento de um serviço não exponha as informações contidas em toda a sua vida digital;
  • Use autenticação de dois fatores: mesmo que sua senha seja comprometida, o uso de autenticação em dois fatores garante que seus dados não serão expostos. Sem esses códigos, criminosos não poderão entrar em suas contas e ainda geram alertas de segurança permitindo que você modique senhas que tenham sido comprometidas.

Ao contrário do que muitos podem acreditar, golpes de sextortion ocorrem com pessoas de ambos os sexos e em diversas faixas etárias. Segundo a SaferNet, associação civil de direito privado com atuação nacional sem fins lucrativos ou econômicos, é importante fazer a denúncia dos crimes e reunir provas que possam ajudar a localizar os criminosos e fazê-los parar com suas atividades.

Como agir ao ser vítima

Em seu site, a SaferNet afirma que o primeiro passo é reunir provas que mostram que os golpistas estão praticando chantagens e extorsões. Caso a vítima tenha menos de 18 anos de idade, é preciso contar com a ajuda do responsável legal ou de um adulto de confiança para realizar os passos necessários. Confira as recomendações da organização:

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  • Registre todo o material possível: para garantir a autenticidade, é preciso registrá-lo em um tabelionato como ata notorial. O procedimento não é obrigatório, mas garante a autenticidade dos metadados que provam a veracidade das mensagens enviadas e recebidas;
  • Procure a polícia: registre o crime junto à delegacia mais próxima, dando preferência a delegacias especializadas em crimes digitais ou à delegacia da mulher;
  • Denuncie às plataformas: o Marco Civil da internet obriga empresas a removerem conteúdos que violem a privacidade de seus usuários após denúncias. Além de muitas proibirem o compartilhamento de nudez, todas possuem políticas que repudiam ameaças e intimidações;
  • Solicite a remoção no Google: o buscador oferece um formulário para solicitar as imagens dos locais onde estão hospedadas, e elas não serão mais associadas ao nome da vítima nos resultados das pesquisas. Os formulários devem ser preenchidos por advogados ou outros representantes legais da vítima da exposição não autorizada.

É importante buscar o apoio de organizações que combatem a pornografia infantil, nos casos em que a vítima possui menos de 18 anos de idade — a Safernet, por exemplo, possui uma página dedicada a registrar e combater esses conteúdos. Também é importante que as vítimas não se sintam sozinhas ou culpadas por terem sido alvo de um crime.

A própria SaferNet possui um canal de acolhimento chamado HelpLine, que pode ser acessado por 24 horas por e-mail, de segunda à sexta por um chat disponível entre as 14h e as 18h de segunda a quarta, ou das 09h às 13h durante quintas e sextas. Parentes e amigos também são uma parte importante da rede de auxílio, e devem oferecer orientações e apoio a quem foi vítima de esquemas criminosos.

Fonte: Gaúcha ZH, ESET, SaferNet