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Jovens se reúnem no Discord para distribuir vírus e fazer dinheiro

Por| Editado por Claudio Yuge | 30 de Junho de 2022 às 13h20

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Jake Schumacher/Unsplash
Jake Schumacher/Unsplash

Jovens estão usando o Discord como um centro para aquisição, criação e distribuição de vírus, que podem ser usados para fazer dinheiro ou atacar professores, colegas de classe e até os próprios pais. O foco estaria nas ferramentas de roubo de dados, ransomware e mineração de criptomoedas, com criminosos entregando aos interessados diferentes ferramentas para explorações destes tipos.

A Avast, empresa de segurança e privacidade digital, descreveu os grupos como comunidades online formadas, principalmente, por menores de idade. Os kits de criação de malwares seriam vendidos por valores entre € 5 e € 25, ou seja, de R$ 27 a R$ 135 em conversão direta, com famílias de malwares como Lunar, Snatch e Rift sendo vendidas por tais canais. Em um deles, por exemplo, eram mais de 1,5 mil usuários, com pelo menos 100 sendo catalogados como “clientes”, ou seja, que pagaram pelo uso das ferramentas.

Já as vítimas recebem as pragas por diferentes meios como links em mensageiros instantâneos, vídeos de dicas de jogos ou download de conteúdos piratas. Os grupos no Discord também servindo para dar maior aparência de legitimidade a tais materiais, com links e postagens nas redes sociais recebendo curtidas e comentários reais de outros membros dos próprios grupos no Discord, que auxiliam uns aos outros na realização de ataques.

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- Imagine estar na escola e controlando o PC da professora enquanto ela apresenta algo. Isso seria engraçado- Dá para fazer dinheiro fácil, cara. Tenho 14 anos.- Alguém pode me comprar [a ferramenta] Lunar, mas quero Nex como intermediário. Dou um cartão-presente de US$ 50 da Amazon em troca.- Por que? lol- Porque não quero usar o PayPal de minha mãe para isso.

Outras explorações também envolvem o roubo de contas em jogos como Fortnite e Minecraft ou a manipulação de arquivos em tais títulos, bem como pragas voltadas apenas para perturbar as vítimas. Um exemplo envolve a abertura sucessiva de janelas e abas do navegador com conteúdo adulto, como forma de constranger quem está usando o computador, principalmente em ambiente de trabalho.

Na maioria dos casos, porém, o que a Avast descreve é uma verdadeira operação de malware como serviço focada em jovens, com os criadores das pragas oferecendo ferramentas de ataque a adolescentes que podem considerar isso “divertido” ou estarem mal intencionados. “[Eles entregam] uma maneira acessível e fácil de atacare alguém, se gabar para os colegas e até mesmo ganhar dinheiro com ransomware, mineração de criptomoedas ou venda de dados”, afirma Jan Holman, pesquisador de malware da Avast.

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Segundo a empresa de segurança, apesar de alguns membros do grupo ajudarem a tornar os golpes mais críveis, a comunidade está longe de ser pacífica, com grandes brigas e incidentes de bullying, além de ameaças de ataques entre seus próprios integrantes. Muitos dos insultos são relacionados à idade dos integrantes, enquanto também existem diferentes instâncias de apropriação de códigos e mecânicas de exploração.

“Essas atividades não são inofensivas nem de longe, são criminosas e podem ter consequências pessoais e legais significativas”, completa Holman. O alerta da Avast indica que muitos dos participantes indicam suas identidades parcialmente ou citam quem será atacado, o que pode levar a uma identificação pessoal, também resultando em ataques e vazamento de dados sensíveis.

A Avast disse ter informado ao Discord sobre os grupos encontrados, que já foram banidos. A empresa disse ainda que toma medidas para lidar com grupos desse tipo, enquanto a própria solução de segurança também ganhou indicadores que protegem os usuários dos ataques localizados nas comunidades.

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A companhia indica atenção, ainda, aos pais. Eles devem ensinar os filhos sobre os perigos da internet e dos golpes online, buscando juntos informações e alertas sobre segurança digital, boas práticas de senhas e downloads de arquivos e jogos, apenas de serviços legítimos. Ainda, alertas devem ser dados sobre a revelação de informações pessoais em redes sociais e jogos online e o fato de que, enquanto menores, são os adultos que acabam responsabilizados por atos eventualmente ilegais.