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Investigação de caso Marielle foi digna de um episódio de CSI

Por| 13 de Março de 2019 às 14h45

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Investigação de caso Marielle foi digna de um episódio de CSI
Investigação de caso Marielle foi digna de um episódio de CSI

Na terça-feira (12) foram presos os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio Vieira de Queiroz, ambos suspeitos do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco. Sem praticamente nenhuma evidência física além das balas, a investigação para a busca dos assassinos ocorreu praticamente toda no campo virtual, em um esforço digno do seriado CSI.

Para encontrar os suspeitos, a polícia precisou quase 700 GB de dados de maneira remota, procurando por pistas que pudessem ligar os suspeitos ao assassinato. Para isso, foi necessário pesquisar entre mais de 33 mil linhas telefônicas apenas para identificar quais aparelhos deveriam ser monitorados.

Como nem a arma nem o carro utilizados no crime foram encontrados, a polícia foi obrigada a recorrer a meios digitais para localizar os culpados, e o primeiro passo para isso foi a quebra do sigilo das antenas de celular da região.

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Essa quebra de sigilo foi pedida porque, quando um celular está ligado, ele automaticamente envia um sinal para todas as torres próximas. Além de cada torre possuir uma identificação própria, cada sinal pode ser identificado individualmente, o que permitiria a identificação de um celular específico.

Assim, a polícia pediu a quebra do sigilo dos dados de todas as torres existentes no trajeto de Marielle na noite do crime (da Câmara dos Vereadores até o local da emboscada). No total foram 2.428 torres, que retornaram uma quantidade de mais de 33 mil linhas telefônicas encontradas.

A partir daí, a polícia iniciou o trabalho de triangulação para refinar o resultado, a fim de diminuir a quantidade de suspeitos. Nessa etapa, o que os ajudou foi uma imagem de uma câmera de segurança nos arredores da Câmara dos Vereadores (último lugar onde Marielle foi vista com vida), que mostrou uma luz parecida com a de uma tela de celular funcionando dentro de um Cobalt cinza (carro usado pelos assassinos para cometer o crime) no momento em que Marielle saia do prédio. Isso indicou para a polícia que o assassino não seguiu Marielle durante todo os trajeto da Câmara até o local da emboscada, como também que o assassino estava usando o celular no início da operação, o que permitiu refinar o número de possíveis aparelhos de 33 mil para apenas 318.

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A partir daí, os policiais pediram então a quebra de dados telemáticos dos aparelhos, que os permitiriam acessar históricos de mensagens enviadas e de navegação na internet de maneira remota, sem a necessidade da presença física dos dispositivos. Foi a partir desses dados que a polícia conseguiu provar a conexão de Lessa com o crime, pois o ex-PM havia, dias antes do assassinato, pesquisado sobre o endereço onde Marielle morava, sobre uma submetralhadora igual à usada para matar a vereadora e sobre tipos de silenciadores que poderiam ser usados neste modelo de arma.

Esses dados forem possíveis de obter porque, mesmo que os usuários deletem os dados de navegação, eles ainda ficam muitas vezes armazenados em servidores na nuvem — uma medida de segurança criada por operadoras justamente para casos como este, onde essas informações podem levar à captura dos responsáveis por um crime.

Fonte: G1