Falso “sugar daddy” do Instagram usava fotos do dono do Botafogo
Por Felipe Demartini | Editado por Wallace Moté | 02 de Maio de 2023 às 15h22
Um golpista especializado na fraude do falso “sugar daddy” usava fotos de um bilionário do futebol brasileiro, dono da SAF (Sociedade Anônima de Futebol) do Botafogo-RJ e de outros times internacionais, como forma de receber dinheiro das possíveis vítimas. O criminoso usava o Instagram para abordar mulheres e solicitava pequenos montantes em criptomoeda em troca de apoio financeiro a elas.
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O negócio parecia vantajoso, com o envio inicial de US$ 3.000, cerca de R$ 15 mil, pelo falso “sugar daddy”, apresentado em um comprovante de transferência manipulado do sistema de pagamentos PayPal. Como validação de identidade e confirmação de aceite da proposta, porém, ele solicitava que a vítima mandasse US$ 100, ou aproximadamente R$ 500, em Bitcoins para uma carteira designada, também como forma de liberar o dinheiro e pagar eventuais tarifas.
Caso caísse, claro, a vítima ficava sem o valor enviado e jamais recebia o que foi proposto, como aponta um alerta feito pelos especialistas em segurança do Cybernews. O que chama a atenção no golpe, entretanto, é que o tal “sugar daddy”, que dizia se chamar Victor Mendez, usava fotos e informações de um bilionário bem conhecido do futebol brasileiro.
As imagens usadas no perfil falso, que entrava massivamente em contato com mulheres pelo Instagram, eram de John Textor. Ele é o dono de 90% da SAF do Botafogo-RJ; o regime transforma os clubes em organizações mais semelhantes a empresas, com salvaguardas e métodos de gerenciamento similares. Internacionalmente, ele também tem participação em times como Olympique Lyonnais e Crystal Palace.
Para manter a aparência de legitimidade do seu perfil, o suposto Mendez copiava fotos e descrições do Instagram pessoal de Textor, com direito a momentos ao lado de jogadores do Botafogo e até provocações a clubes rivais. Nas conversas, ele também alinhava o papo às aparições do bilionário, como forma de se passar por ele de forma mais convincente.
A denúncia ao Cybernews foi feita por uma das mulheres abordadas pelo golpista, que disse ser alvo usual de fraudes desse tipo. Uma investigação rápida revelou a falsificação do perfil, que foi denunciado ao Instagram mas permanece ativo até o momento em que essa reportagem é escrita.
Como evitar o golpe do “sugar daddy”?
Os especialistas apontam para um funcionamento diferente deste golpe em relação a outros do mesmo tipo. Enquanto normalmente pequenos valores são transferidos pelos golpistas como forma de confirmar a veracidade da oferta às vítimas, que mais tarde são induzidas a realizar pagamentos, este inverte essa lógica, exibindo altas quantias em troca de um pequeno envio pela interessada.
Mesmo nos casos mais comuns, um estorno é solicitado pelos criminosos após o pagamento por parte da vítima, com os falsos “sugar daddies” desaparecendo após o fim das transações. As abordagens costumam ser feitas de forma massiva pelo Instagram, com os golpistas assumindo o papo caso haja resposta.
O Cybernews aponta ainda para casos em que a resposta a propostas desse tipo resultou em ocorrências de extorsão, com a vítima sendo induzida a enviar mais e mais valores para não ter a história exposta a familiares, cônjuges ou colegas de trabalho. Trabalhar com as autoridades ou mesmo com uma revelação pública do que está acontecendo também pode ser difícil, o que acaba levando as mulheres a cederem às ameaças.
Sendo assim, a principal recomendação dos especialistas em segurança é para que as mulheres ignorem tais contatos. Papos envolvendo o envio de valores também podem servir como isca para a obtenção de dados pessoais ou financeiros, que podem ser usados em novos golpes; o melhor caminho é bloquear o contato fraudulento e denunciar o perfil à rede social.
Fonte: Cybernews