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Facebook teria dado à Netflix permissão para acessar mensagens dos usuários

Por  • Editado por Wallace Moté | 

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O Facebook teria permitido à Netflix o acesso a mensagens privadas dos usuários, trocadas por meio da rede social. Essa possibilidade seria parte de um acordo “especial” entre as duas empresas, que teria valor estimado em US$ 100 milhões e, inclusive, parece ter motivado o fim dos investimentos em conteúdo original na plataforma própria de vídeos do Facebook, o Watch, para reduzir a concorrência contra o serviço de streaming.

Os detalhes sobre essa parceria aparecem em documentos publicados pela justiça americana neste final de semana, analisados em reportagem do site Gizmodo. Eles fazem parte de um processo que investiga acusações de monopólio por parte do Facebook e indicam uma parceria de negócios forte entre Meta e Netflix entre 2011 e 2019, com direito a múltiplas reuniões presenciais entre o CEO da plataforma de streaming, Reed Hastings, e executivos-chave da rede social, incluindo o fundador Mark Zuckerberg e a então diretora de operações Sheryl Sandberg.

No centro da questão estaria o que o inquérito afirma ser uma plataforma de análise de dados com privilégios “especiais”. Em troca de milhões de dólares em acordos de publicidade, o Facebook teria dado à Netflix acesso ao sistema fechado, que incluiria dados privilegiados sobre o uso da rede social, incluindo as mensagens privadas trocadas entre os usuários.

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Seria um acordo de benefício mútuo, de acordo com a justiça dos EUA. De um lado, a Netflix teria acesso a dados privilegiados para usar em suas plataformas de sugestão de conteúdo, de outro, a Meta geraria grandes lucros em seu negócio de publicidade, veiculando propagandas de um dos serviços mais conhecidos do mundo da tecnologia.

Produções originais do Facebook e a concorrência com a Netflix

A parceria vinha dando tão certo que, de acordo com o inquérito, Zuckerberg teria tomado a decisão de encerrar sua própria plataforma de vídeos por conta dela. O espaço, que chegou a produzir séries e outros conteúdos originais com direito à presença de celebridades como Elizabeth Olsen, Bill Murray e Jada Pinkett Smith, foi lançado em 2017, mas apenas dois anos depois, já começaria a receber cortes.

Em 2019, por exemplo, um e-mail incluído no inquérito cita uma redução de US$ 750 milhões no orçamento para produções originais; seria o começo de um processo que veio à público no ano passado, quando a Meta anunciou o fim das produções originais do Facebook Watch. O processo, agora, indica que esse movimento estaria relacionado à parceria com a Netflix.

E-mails de Hastings para Zuckerberg, por exemplo, discutem a abordagem do CEO da Netflix em relação à concorrência em eventos públicos. Enquanto isso, nos bastidores, a visão é de que o investimento da Meta em produções originais do Facebook Watch aumentava na medida em que o acordo publicitário com o serviço de streaming se tornava mais polpudo, passando de US$ 150 milhões em 2018 para ultrapassar a marca de US$ 200 milhões no ano seguinte.

Meta nega violação de privacidade dos usuários

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Em resposta na rede social X, o diretor de comunicações da Meta, Andy Stone, taxou como “mentira chocante” a alegação de que as mensagens privadas dos usuários do Facebook foram compartilhadas com a Netflix. Segundo ele, o acordo permitia uma integração entre as duas plataformas, com os espectadores podendo sugerir conteúdos do streaming aos amigos pelo Messenger.

Stone foi além, afirmando que a API desenvolvida como parte dessa integração permitia apenas o envio de mensagens, sem possibilidade de leitura. Segundo ele, parcerias desse tipo são “lugar comum” na indústria de tecnologia.

Já em resposta à reportagem do Gizmodo, um porta-voz da Meta afirmou que a empresa se mantém confiante de que os fatos mostrarão que a acusação de monopólio não tem mérito. O processo segue tramitando na justiça dos Estados Unidos.

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Fonte: Gizmodo