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Afinal, quando o Facebook soube do escândalo de dados da Cambridge Analytica?

Por| 23 de Agosto de 2019 às 16h15

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Ainda que tenha passado mais de um ano, o Facebook não conseguirá deixar para trás tão cedo o escândalo que envolveu a rede social e o vazamento de dados e seu uso para fins eleitorais feito pela Cambridge Analytica. E nesta sexta-feira (23), quando a empresa fez um acordo com a Procuradoria Geral do Distrito de Columbia, em Washington, foi levado à público um documento de setembro de 2015, no qual funcionários do Facebook discutem a raspagem de dados públicos. E, para muitos, isso significa que a companhia sabia do mal uso dos dados de seus usuários desde essa época. Mas o Facebook se defende.

Segundo Paul Grewal, vice-presidente jurídica do Facebook, trata-se de dois eventos diferentes relacionados ao conhecimento do caso Cambridge Analytica. Segundo ele, não há informações substancialmente novas nesse documento de setembro e as questões tinham sido reportadas anteriormente. Em comunicado, ele afirma que o primeiro caso (o de setembro) envolveu relatos não confirmados de raspagem – acesso ou coleta de dados públicos na rede social por meios automatizados. "São situações em que alguém pode ver o perfil de outra pessoa no Facebook, mesmo não sendo amigo dessa pessoa – um problema sério, mas frequente em toda a internet", afirmou Grewal. "Um engenheiro analisou essa suspeita e não conseguiu encontrar evidências de raspagem de dados. Ainda que tal denúncia tivesse sido confirmada, tais incidentes não indicariam naturalmente a escala da má conduta que Kogan havia cometido", continuou o executivo.

Já o segundo caso envolveu as violações de políticas da rede social por Aleksandr Kogan, um desenvolvedor de aplicativos que vendeu dados de usuários para a Cambridge Analytica através de um app chamado This is your Digital Life, que foi usado por centenas de milhares de pessoas Facebook. A empresa afirma que não tomou conhecimento de que Kogan vendeu dados para a Cambridge Analytica até dezembro de 2015, versão sustentada junto aos principais reguladores dos países que investigavam o caso: EUA e Inglaterra.

"O caso Cambridge Analytica foi um erro para nós, e temos trabalhado muito para endereçar a situação", declarou Grewal. "Aprendemos muitas lições que nos ajudarão a nos tornar uma empresa mais forte no futuro".

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Cambridge Analytica já estava no radar

Ainda que o Facebook sustente que a raspagem de dados e a descoberta do mau uso das informações por parte da Cambridge Analytica sejam fatos separados, a realidade é que esta última já estava no radar da rede social. Informações de um documento que traz conversas internas do Facebook e divulgadas em conjunto pelo empresa e pelo procurador-geral do Distrito de Columbia, indicam que a companhia já estava investigando reclamações sobre a Cambridge Analytica. Um email de um funcionário do Facebook, datado em 22 de setembro de 2015 denuncia:

"Nós suspeitamos que muitas dessas empresas estão fazendo tipos semelhantes de raspagem, sendo a maior e mais agressiva, do lado conservador, a Cambridge Analytica, uma empresa de modelagem de dados (para dizer o mínimo) que penetrou profundamente em nosso mercado", diz o e-mail. O funcionário pergunta ainda se a empresa pode desenvolver respostas específicas a esses tipo de prática, para ajudar a determinar o que a Cambridge Analytica estava realmente fazendo.

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Os documentos divulgados também mostram que o funcionário do Facebook não sabia dizer se existia uma política sobre o que seria ou não permitido nesses casos, ou seja, aplicativos de análise política que fazem a coleta de dados. Um dos emails mostra ainda que um funcionário acredita que o acontecido não estava em conformidade com a política de boas práticas da empresa.

Em conversas posteriores, os funcionários começaram a investigar estes aplicativos, já acreditando que haveria uma exposição em breve. "Você pode expedir a revisão da Cambridge Analytica?", questiona um dos emails.

De qualquer forma, o fato é que, mesmo tendo ciência dos fatos em setembro ou dezembro, o Facebook não se mostrou preparado para lidar com este tipo de situação.

Fonte: The Verge, Facebook Newsroom