Criptografia pós-quântica? EUA investem em segurança de dados mais eficaz
Por Dácio Castelo Branco | Editado por Claudio Yuge | 04 de Novembro de 2021 às 20h20
Embora a segurança digital, em 2021, tenha muito o que se preocupar, o governo dos EUA já está pensando em problemas futuros, como a ascensão de computadores quânticos e a possibilidade deles conseguirem descriptografar dados que estão sendo roubados atualmente.
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A estratégia dos criminosos, basicamente, faz com que eles tenham acesso a dados sensíveis de governos, como o dos EUA, no ano atual, mas como não conseguem saber o que está contido nos arquivos por conta da criptografia usada, eles seguram essas informações até o eventual futuro onde computadores quânticos acessíveis existem.
É por isso que o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) e outros órgãos do governo estadunidense estão já planejando formas de enfrentar o cenário da segurança digital em um mundo pós-criptografia quântica.
A criptografia é um conjunto de técnicas pensadas para proteger uma informação de modo que apenas o emissor e o receptor dos dados possam compreendê-los. A constante busca por formas de melhor defender a privacidade pessoal e de empresas faz com que pesquisas sobre como gerar cifras mais difíceis de serem decifradas ocorra sempre, e computadores quânticos, ao passo que podem ocasionar esses avanços, também podem ser usados para vencer cifras.
Os computadores quânticos são máquinas que utilizam propriedades da mecânica quântica — uma ramificação da Física — em seu desenvolvimento, apresentando diferenças com os computadores comuns, que usam a arquitetura de Von Neumann, método que distingue quais são os elementos de processamento do aparelho e quais são responsáveis por armazenar dados.
No computador quântico, esses componentes são diferenciados de formas diferentes, tornando a máquina capaz de processar tarefas mais complexas, como descriptografar dados considerados segredos de estado, por exemplo.
O futuro é agora
Atualmente, os computadores quânticos que existem são extremamente caros e contam com muitos problemas, tornando o uso deles para descriptografia uma possibilidade um tanto irreal. Porém, agentes do governo americano acreditam que a mitigação deste futuro problema já deve ser iniciada agora, principalmente considerando o dinheiro que está sendo investido tanto na China quanto nos EUA em pesquisas desse campo, que podem acelerar o processo de máquinas quânticas funcionais além do nível teórico.
Para se prevenir, desde 2016 os EUA, através de seu Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST), realiza uma competição que tem como objetivo a criação do primeiro algoritmo a prova de ambientes quânticos até 2024. O processo, embora trabalhoso e, até agora, sem resultados de conhecimento público, é um importante passo para a criação de criptografias que vençam as máquinas quânticas.
Por fim, mesmo que a criptografia a prova de computadores quânticos seja atingida, ainda tem o problema do processo de troca de protocolos, que pode ser ignorado por muitos empresas até que seja tarde. Mesmo que o desejo do governo dos EUA, atualmente, seja já desenvolver mitigações para o problema futuro, é necessário o apoio de mais centros para que o processo seja bem-sucedido.
Além disso, quanto mais pública essa busca se torna, mais oportunistas começam a aparecer, vendendo supostas soluções de segurança a prova dos computadores quânticos. É importante que usuários não caiam nessa lábia, já que é difícil que algo assim realmente exista e seja disponibilizado para o público.
Fonte: TechnologyReview