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Ação judicial nos EUA pode colocar em risco os sistemas de detecção de malware

Por| Editado por Claudio Yuge | 12 de Abril de 2022 às 17h20

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Divulgação/ESET
Divulgação/ESET

Um processo aberto no início de março na justiça dos Estados Unidos acusa grande parte das maiores empresas de segurança do mundo de usarem tecnologias protegidas em seus sistemas de detecção de malware. A acusação de quebra de propriedade intelectual vem da Opentext, que é dona da companhia de cibersegurança Webroot, e pode colocar em xeque muitos dos mecanismos de monitoramento usados atualmente.

Do outro lado estão grandes nomes do mercado de defesa digital como Sophos, Kaspersky, Trend Micro e CrowdStrike. Todas são acusadas de utilizarem tecnologias patenteadas pela Webroot em suas plataformas de proteção de dispositivos conectados à rede; em contrapartida, as marcas falam em abuso do sistema legal americano e em mais um caso de atuação de um “troll de patente”.

O termo é usado para definir empresas que atuam no mercado comprando tecnologias registradas de empresas menores com o intuito de acionar as maiores judicialmente por um suposto uso de suas propriedades intelectuais. Foi assim que tanto os representantes da Trend Micro quanto da CrowdStrike definiram o processo levantado pela Opentext em uma corte do estado americano do Texas.

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A Sophos foi ainda mais taxativa, com sua vice-presidente de relações-públicas, Sara Eberle, afirmando que a Webroot deveria se unir aos rincões das empresas de segurança que trabalhavam para resolver problemas, em vez de criar novos para todo o mercado. A companhia, afirma, prefere competir fora das salas de tribunal, pela preferência dos clientes, mas ainda assim, disse que vai se defender “vigorosamente” das acusações.

Em resposta aos comentários publicados na imprensa internacional, a diretora de comunicação da OpenText, Jennifer Bell, disse que o processo foi aberto para coibir a atuação ilegal e injusta dos competidores. A ideia, afirmou, seria proteger as propriedades intelectuais da companhia e fazer valer o direito da empresa sobre elas contra o uso indevido.

A maior tensão envolvendo o caso recai sobre o futuro dos softwares de monitoramento e prevenção de malwares. Caso a reclamante saia vitoriosa, por exemplo, é possível que as grandes companhias tenham de retrabalhar suas soluções, gastando tempo precioso, que poderia ser investido em novas ferramentas, na reprogramação de sistemas e desenvolvimento de tecnologias já existentes.

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Tudo depende do resultado dos tribunais, já que o júri pode decidir tanto por uma compensação financeira à OpenText quanto pela interrupção no uso de suas tecnologias pelos rivais. Ou, como acontece em muitos casos de trolls de patentes, se esse for mais um, definir que a reclamação não é válida; a primeira hipótese é a mais provável, de acordo com especialistas.

Ação judicial pode mudar funcionamento de tecnologias de segurança

O centro das alegações abertas pela OpenText contra a Trend Micro, por exemplo, é a tecnologia usada para detecção de malware. Os softwares modernos fazem esse tipo de monitoramento acompanhando o que os softwares fazem em um dispositivo, identificando padrões de comportamento malicioso ou o uso exacerbado e indevido de recursos; é essa tecnologia que seria de propriedade da Webroot.

A OpenText fala de um sistema que mudou a forma como o mercado de segurança trabalha, já que antes, os sistemas funcionavam pela comparação de softwares com uma lista de pragas conhecidas, um método deixado de lado, justamente, por sua falta de abrangência. Enquanto isso, os primeiros recursos apresentados contra o processo apontam que a nova tática é abrangente demais para ser considerada uma propriedade intelectual.

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Além disso, outro ponto fraco do processo é o fato de a empresa não estar envolvida diretamente no desenvolvimento da tecnologia; ela vem das gavetas da Webroot, que por sua vez, a adquiriu na compra de uma companhia chamada Carbonite. De lá, saíram especialistas que, hoje, estão em outras empresas do ramo e podem, muito bem, terem levado ideias e inovações também a elas, que as desenvolveram intrernamente.

A expectativa é por um acordo financeiro, como dito, algo que deve funcionar como um fim dos temores quanto aos softwares de segurança, mas ao mesmo tempo, continuar a financiar a indústria dos trolls de patente. O processo ainda está em seus estágios iniciais de andamento e a expectativa é que o resultado leve pelo menos alguns anos para ser definido.

Fonte: The Verge