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Vacina contra dependência química é desenvolvida para grávidas e bebês

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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vladimirzotov/envato
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No Brasil, cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolvem uma potencial vacina contra a dependência química, a Calixcoca. No futuro, o imunizante poderá ser aplicado em gestantes com histórico de uso de drogas, como cocaína e crack — feito dos restos da produção e do refino de cocaína —, e deve proteger tanto a mãe quanto o bebê dos efeitos nocivos das substâncias ilícitas.

No momento, a vacina contra os efeitos das drogas no cérebro demonstrou ser promissora nos testes pré-clínicos, ou seja, naqueles feitos com modelos animais. Os experimentos já envolveram roedores e primatas não humanos. O próximo passo é iniciar a primeira fase do estudo clínico, mas ainda não há previsão de quando isso poderá ocorrer.

Os cientistas da UFMG ainda estão reunindo a documentação necessária para solicitar o início dos testes em humanos para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Após protocolar o pedido, é preciso aguardar pelo aval positivo. Em paralelo, a equipe destaca a importância de novos investimentos para alavancar o desenvolvimento.

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Como funciona a vacina contra a dependência química?

Na corrente sanguínea, a vacina Calixcoca induz o sistema imunológico do paciente a produzir anticorpos que se ligam à cocaína. Através da ligação, as moléculas da droga se tornam grandes demais e não conseguem mais ultrapassar a barreira hematoencefálica. Sem chegar ao cérebro, em tese, o indivíduo não sentirá de forma tão intensa os efeitos do composto.

“Demonstramos a redução dos efeitos, o que sugere eficácia no tratamento da dependência. Pensamos em utilizar o fármaco para evitar recaídas em pacientes que estão em tratamento, dando mais tempo para eles reconstruírem sua vida sem a droga”, explica Frederico Garcia, um dos responsáveis pela pesquisa e professor da UFMG, em nota.

Uso do medicamento na gravidez

Durante os ensaios pré-clínicos, a equipe identificou outro possível cenário de uso: o período da gestação. Em roedoras grávidas, a vacina induziu a produção de alta quantidade de anticorpos e estes eram transmitidos para os bebês. Em caso de exposição à cocaína, “a vacina impediu a ação da droga sobre a placenta e o feto. Observamos menos complicações obstétricas, maior número de filhotes e maior peso do que as não vacinadas”, acrescenta Garcia.

Sem a vacina que atua como um tipo de profilaxia pré-exposição (PrEP), o risco da gestante ter uma recaída e o bebê desenvolver inúmeros problemas de saúde associados ao consumo de drogas é alto. Hoje, ainda não existe nenhuma alternativa médica que previne transtornos mentais em bebês gerados por mães que enfrentam a dependência química.

Pesquisa da vacina contra os efeitos das drogas no cérebro

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“Já concluímos as fases pré-clínicas em relação à segurança e à eficácia em animais roedores e não roedores, que são os primatas não-humanos”, afirma Raíssa Lima, outra pesquisadora envolvida no desenvolvimento da vacina. Dessa forma, “identificamos a eficácia dessa vacina nesses animais e também a segurança da vacina”, acrescenta.

Agora, a próxima etapa envolve os primeiros testes com humanos, o que ainda não tem prazo para ser iniciado. Pelo ineditismo da solução, a fórmula da vacina é finalista do Prêmio Euro Inovação na Saúde. A votação ainda está em andamento, mas o espaço é aberto exclusivamente para médicos provenientes de 17 países da América Latina, incluindo o Brasil.

Fonte: UFMG e Prêmio Euro Inovação na Saúde