Transplantes de células geneticamente editadas mira a cura da diabetes tipo 1
Por Nathan Vieira • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

No último dia 4, um estudo publicado no New England Journal of Medicine trouxe a notícia de que, pela primeira vez, um homem com diabetes tipo 1 conseguiu produzir sua própria insulina após receber células pancreáticas transplantadas e geneticamente editadas, sem precisar de medicamentos imunossupressores. A descoberta pode abrir caminho para uma futura cura do diabetes e reduzir a dependência da insulina sintética.
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Diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que ocorre quando o sistema imunológico do paciente ataca e destrói as células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. Sem esse hormônio, o corpo não consegue regular adequadamente os níveis de glicose no sangue, o que pode levar a sérias complicações.
Até hoje, o tratamento envolve a aplicação diária de insulina sintética e, em alguns casos, transplantes de células pancreáticas. Porém, esses transplantes exigem o uso de imunossupressores, medicamentos que diminuem a defesa do organismo e aumentam os riscos de infecções.
Transplante com células editadas
Para superar esse desafio, os cientistas dos Estados Unidos e da Suécia utilizaram a tecnologia de edição genética CRISPR para modificar células de ilhotas pancreáticas de um doador. O objetivo era torná-las invisíveis ao sistema imunológico do receptor, evitando a rejeição. Foram feitas três alterações principais:
- Redução de proteínas de superfície, responsáveis por sinalizar ao sistema imunológico se a célula é estranha ou não.
- Menor ativação das células de defesa, reduzindo o risco de ataque pelos glóbulos brancos.
- Aumento da proteína CD47, que atua como um “escudo protetor”.
Essas células editadas foram injetadas no antebraço do paciente. Diferente dos casos tradicionais, elas não foram atacadas pelo organismo e começaram a produzir insulina naturalmente.
Resultados do primeiro paciente
Embora o paciente ainda precise de insulina sintética, o teste mostrou que o procedimento pode ser feito de forma segura e que as células sobrevivem e funcionam mesmo sem medicamentos imunossupressores. Trata-se de uma prova de conceito que abre novas possibilidades no campo da medicina regenerativa.
Os cientistas ressaltam que se trata de um estudo inicial e que o próximo passo será acompanhar o paciente por mais tempo, além de expandir os testes para outros voluntários. A grande questão é verificar se as células editadas conseguem sobreviver no longo prazo e produzir insulina suficiente para substituir totalmente o tratamento atual contra diabetes tipo 1.
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Fonte: Live Science