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Pressão 12/8 agora pode ser considerada alta? Entenda

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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Pavel Danilyuk/Pexels
Pavel Danilyuk/Pexels

Até então, o consenso era que o ideal da pressão arterial era ficar em "12 por 8". No entanto, o Congresso Europeu de Cardiologia (ECS Congress 2024 London), que reuniu especialistas do mundo inteiro, trouxe novas diretrizes: agora, a pressão arterial não elevada é a que se encontra em "12 por 7".

As novas diretrizes, baseadas principalmente em estudos da Universidade de Galway (Irlanda) e da Universidade McGill (Canadá), também indicam que a pressão arterial elevada é entre 120 por 70 mmHg e 139 por 89 mmHg (de 12 por 7 a 14 por 9) e que a hipertensão arterial é maior que 140 por 90 mmHg (ou seja, acima de 14 por 9).

As evidências apresentadas pelos pesquisadores indicam que níveis elevados de pressão arterial, mesmo abaixo do limite tradicional de hipertensão (140/90 mmHg), podem contribuir para o aumento do risco de problemas cardíacos.

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Pressão arterial elevada

Essa pressão arterial elevada é uma nova categoria, e a própria equipe de especialistas responsável pelo relatório diz que "esta nova meta de tratamento representa uma mudança de paradigma em relação às diretrizes europeias anteriores".

A inclusão da nova categoria busca aumentar o tratamento em estágios iniciais. A ideia dos especialistas é que a pressão arterial fique dentro da meta entre pessoas com maior risco aumentado de doenças cardiovasculares.

“As Diretrizes ESC de 2024 assumem uma posição de optar por não participar de metas de tratamento mais intensivas. Esta mudança é motivada por novas evidências de ensaios confirmatórios para a eficácia dessas metas de tratamento de pressão arterial mais intensivas na redução de resultados de doença cardiovascular”, diz o comunicado.

Tratamento para pressão arterial elevada

As diretrizes recomendam que, para pessoas com pressão arterial elevada, o tratamento deve focar primeiro em mudanças no estilo de vida por pelo menos três meses, antes de se considerar medicamentos.

"As novas diretrizes colocam maior ênfase em evidências relacionadas a resultados de doenças cardiovasculares fatais e não fatais", acrescenta o comunicado.

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O que muda?

Conversamos com o Dr. Celso Amodeo, cardiologista especialista em hipertensão arterial do Hcor, para entender os impactos dessa mudança na forma de se enxergar a pressão arterial.

"Meta é uma coisa muito boa para se colocar em diretrizes, onde fazemos recomendações baseadas em evidências clínicas, mas no consultório, o que temos é um paciente. O que isso quer dizer? Que cada paciente vai ter um valor de pressão ideal para ele. Isso é um aspecto que chamo de perfusão tecidual, ou seja, como é a perfusão dos órgãos-alvo (coração, rins, cérebro) do ponto de vista da variação de pressão arterial", diz o médico.

"O que as diretrizes europeias mudam são os níveis de pressão arterial abaixo e acima de 65 anos. Abaixo de 140/90 para as pessoas de 65 anos para cima, e 130/89 é para os indivíduos abaixo de 65 anos", esclarece.

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No entanto, o dr. ressalta que o risco de desenvolver doença cardiovascular não se mede só pelo nível de pressão. "A pressão é um dos fatores de risco para a doença cardiovascular, mas isso leva-se em conta também o valor do colesterol, o da glicemia, se tem antecedentes familiares de doença coronária ou não (indivíduos que nascem em uma família com doenças coronárias tem mais chance de desenvolver essa doença na fase adulta). Ter ou não essas complicações mais cedo ou mais tarde depende, basicamente, do estilo de vida saudável", explica.

Os perigos da hipertensão

De acordo com o Ministério da Saúde, a hipertensão é herdada dos pais em 90% dos casos, mas há vários fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, como os hábitos de vida.

Basicamente, a pressão alta faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do que o normal para fazer com que o sangue seja distribuído corretamente no corpo,e é "um dos principais fatores de risco para a ocorrência de acidente vascular cerebral, enfarte, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca", como alerta a Pasta. Por isso a importância de acompanhar a pressão arterial.

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Mas então... como manter a pressão "regulada"? Dr. Amodeo traz algumas dicas: "Para quem já é hipertenso, consultas médicas regulares e a monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA)".

Mas quem tem a pressão 120/80 mmHg ainda não pode ser considerado como hipertenso, mas ainda assim há orientações como a manutenção do peso, de atividade física, de controle na dieta para evitar alimentos ricos em sal (enlatados, processados e embutidos, principalmente) e fazer uma dieta mais natural, além de evitar o tabagismo, realizar o controle no consumo de bebidas alcoólicas, e a qualidade do sono.

Fonte: ECS Congress 2024 London